A poesia visual, no mundo todo, é inseparável dos sistemas de escrita em uso nas culturas em que se desenvolve. No Japão, o emprego simultâneo de vários tipos de escrita (sinogramas, caracteres silábicos) na comunicação cotidiana faz de toda poesia uma criação gráfica particularmente complexa. Dessa multiplicidade de signos, aos quais se devem acrescentar, entre outras, as letras alfabéticas, hoje cada vez mais utilizadas, a poesia visual extrai efeitos notáveis. Entre escrita e desenho, caligrafia e tipografia, preto e branco e colorido, ela joga com as oposições mais comuns para poder renovar-se permanentemente.
Procuraremos demonstrar esses fatos recorrendo ao estudo das metamorfoses de um tema poético frequente na poesia visual japonesa: o da chuva. Não se pode negligenciar, na escolha dos poetas, o êxito internacional de um poema de Niikuni Seiichi (1925-1977), todo construído com base no sinograma que designa a "chuva". Na prática, escrever sobre a chuva corresponde a situar-se em relação a essa obra icônica, propondo novas interpretações. A partir de um corpus de poemas reunidos ao redor desse tema, nossa palestra propõe explorar a recepção da obra de Niikuni Seiichi e, mais amplamente, a evolução da poesia visual, de suas formas e seus desafios desde a década de 1960.
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Marianne Simon-Oikawa é professora de estudos japoneses na UFR Langues et civilisations de l’Asie orientale (LCAO) da Université Paris Cité (Paris, França), membro do Centre de recherche sur les civilisations de l’Asie orientale (CRCAO), membro do Centre d’étude de l’écriture et de l’image (CEEI), pesquisadora associada à UMR Thalim (Université Sorbonne nouvelle – Paris 3), e ao Institut français de recherche sur le Japon à la Maison franco-japonaise (UMIFRE 19 MEAE-CNRS, Tóquio). Suas pesquisas dizem respeito às relações entre texto e imagem, especialmente na poesia visual.
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