Palestra "Mulheres Marítimas? Navegando, gênero, escravidão e a liberdade na contra-viagem luso-atlântica"

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E-mail
hmachado@usp.br
Docente responsável pelo evento
Maria Helena Pereira Toledo Machado
Local do evento
Edifício Eurípedes Simões de Paula (Geografia e História) - Av. Prof. Lineu Prestes, 338 - Cidade Universitária - São Paulo-SP
Auditório / Sala / Outro local
Auditório Nicolau Sevcenko
O evento será gratuito ou pago?
Evento gratuito
É necessário fazer inscrição?
Sem inscrição prévia
Haverá emissão de certificado?
Não
Haverá participação de docente(s) estrangeiro(s)?
Sim
Descrição

Esta comunicação revela a contra-história da ‘contraviagem’ no mundo luso-atlântico e o protagonismo da mulher negra. A atenção historiográfica concentrou-se recentemente nas viagens do tráfico negreiro sentido oeste da África Ocidental - Novo Mundo, que eram fundamentais no processo de escravização para milhões de africanos. No entanto, esta comunicação expõe constantes mobilidades marítimas cativas navegando para o leste em direção à Europa a partir das Américas, conceituadas como ‘contraviagens,’ e examina como silêncios institucionais e nos documentos históricos obscureceram a multiplicidade de mobilidades geográficas cativas que resistiram a rotas pré-definidas para corpos negros. Relata dois casos: o primeiro de uma escrava afro-brasileira que faz uma contraviagem para a emancipação legal em Lisboa, e o segundo de uma africana forra embarcada pela Inquisição para ser encarcerada na metrópole. Utilizando livros de impostos de importação, processos inquisitoriais e petições de casamento legal para localizar mulheres afro-brasileiras residentes em Portugal, este artigo argumenta que a contraviagem foi particularmente transformadora nas vidas de mulheres escravizadas no mundo luso-atlântico, permitindo-lhes traçar cartografias alternativas da atividade diaspórica transimperial. Conclui considerando como podemos começar a teorizar a contra-história das contra-viagens para formar uma futura ferramenta conceitual e analítica (a “contra-viagem”) que efetivamente utiliza as epistemologias do Atlântico Sul para uma aplicação mais ampla.

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