Início da exploração das riquezas naturais e dominação dos povos nativos das terras brasileiras
Em 22 de abril de 1500, Pedro Álvares Cabral e sua expedição, vindos de Portugal, tiveram o primeiro contato com as terras e os habitantes nativos do Brasil, o que levou a colonização e exploração dessas terras. Inicialmente, a excursão era destinada às Índias, território asiático cobiçado pelos europeus pela quantidade abundante de especiarias no local. Isto já havia ocorrido com o navegador espanhol Cristóvão Colombo, que ao chegar à América a chamou de “Índias Ocidentais".
Porém, mesmo que a expedição de Pedro Álvares Cabral não tenha desembarcado na tão desejada terra das Índias, Portugal encontrou na terra brasileira outras riquezas que dariam lucro ao país. Num primeiro momento, percebeu-se uma grande oportunidade de exportação de madeira, pela fartura de árvores da espécie pau-brasil, que serviam para tingir roupas. Na segunda metade do século 16, a produção de açúcar foi outro tesouro descoberto e explorado pelos portugueses, até o ciclo do ouro vir à tona no século 18.
As explorações sob o território brasileiro não eram apenas sob o solo e seus recursos, mas também sobre a população. O enriquecimento do país europeu sobre a terra brasileira acontecia em detrimento dos povos nativos e sua cultura. A extração da cana-de-açúcar e do ouro foi feita a partir da mão de obra de indígenas e africanos escravizados. Desde a primeira chegada dos portugueses em 1500, já havia um projeto de catequização do povo nativo, que foi concretizado 49 anos depois com a chegada de jesuítas ao Brasil.
Confira a entrevista completa de João Paulo Garrido Pimenta, docente do Departamento de História da USP, concedida ao Serviço de Comunicação Social:
Serviço de Comunicação Social: Como foi o processo da chegada dos portugueses ao Brasil? Quais os seus interesses por essa terra?
João Paulo Garrido Pimenta: A chegada dos portugueses às terras que futuramente seriam chamadas de Brasil foi parte de um movimento geral de expansão econômica, política e cultural da Europa, e que desde o século 15 vinha envolvendo várias potências. A expedição portuguesa de 1500, comandada por Pedro Álvares Cabral, destinava-se à Índia: tendo permanecido oito dias nas novas terras, foi para lá que ela seguiu, depois retornando a Portugal e, assim, consolidando a rota marítima estabelecida poucos anos antes pela expedição de Vasco da Gama.
Serviço de Comunicação Social: Como foi o processo de catequização e imposição de cultura aos indígenas brasileiros?
João Paulo Garrido Pimenta: A catequização foi aventada já desde a expedição de Cabral, como se pode perceber pela leitura da carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal. Foi só a partir de 1549, porém, com a instalação do governo geral do Brasil e a chegada dos primeiros jesuítas, que a catequização tomou força. Os indígenas, que não eram "brasileiros" pois inexistia qualquer nação ou identidade assim referida, sempre estiveram no centro das atenções das políticas coloniais, inclusive as de conversão religiosa. De algum modo, sempre desfavorecidos pelo processo de dominação e destruição cultural que tais políticas implicaram.
Serviço de Comunicação Social: Quais os benefícios que o “descobrimento” do Brasil trouxe aos portugueses?
João Paulo Garrido Pimenta: As novas terras foram quase que de imediato exploradas pelo fornecimento de madeira e tintura fornecidas pelas árvores de pau-brasil. Na segunda metade do século 16, tais terras já produziam, com base em mão de obra compulsória, principalmente a escravidão indígena e africana, gêneros de exportação e - em menor medida - de abastecimento, dentre os quais o açúcar seria sempre o principal, pelo menos até a exploração do ouro dividir as atenções a partir de começos do século 18. Com o Brasil, Portugal fortaleceu seu império ultramarino, embora jamais tenha sido uma potência de primeira grandeza no cenário da competição internacional da Época Moderna.
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João Paulo Garrido Pimenta é Livre Docente em História do Brasil Colonial. Foi Professor Visitante do Colegio de México (2008, 2016-2018, 2023 e 2024), da Universitat Jaume I, Espanha (2010, 2012, 2021-2024), da PUC-Chile (2013), da Universidad Andina Simón Bolivar, Equador (2015, 2016, 2018 e 2019) e da Universidad de la Republica, Uruguai (2015). Vice-coordenador do LAB-Mundi/USP (Laboratório de Estudos sobre o Brasil e o Sistema Mundial).
