Moção Aprovada em Congregação
São Paulo, 15 de abril de 2025
A direção da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP expressa solidariedade com a comunidade do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, especialmente com sua diretora e seu vice-diretor, colegas Andreia Galvão e Michel Nicolau Netto, diante dos recentes ataques de vereadores de extrema direita e de sus grupos de seguidores.
Durante a semana em que aconteceram a Virada Transcultural da UNICAMP, de 24 a 26 de março, e a aprovação de cotas trans na reunião do Conselho Universitário de 1o de abril, esses grupos gravaram vídeos nos espaços do IFCH sem autorização das pessoas neles expostas, interromperam atividades, difamaram a Universidade e o instituto com informações falsas e provocaram estudantes destruindo faixas críticas, dentre outros, contra o governo de Donald Trump. Além disso, vandalizaram um mural comemorativo elaborado pelo Núcleo de Consciência Negra que celebrava o início das cotas para pessoas pretas, pardas e indígenas (ppis), com fotografias de docentes, estudantes e lideranças que atuaram pelas cotas ppis no IFCH, que foi a unidade pioneira na Unicamp na implantação destas cotas inicialmente na pós-graduação em 2015.
O conjunto da agressão, pelo que ataca e pelo que defende, mostra o propósito político de conseguir replicar, no Brasil, perseguições como a que, nos Estados Unidos, é propiciada pelo próprio governo, com uma censura sem precedentes, nas universidades desse país, contra a liberdade de pensamento, de pesquisa e de ensino.
As decisões do IFCH e da UNICAMP, e as ações da sua comunidade em prol da igualdade racial e de gênero são caras aos princípios da nossa Faculdade, e precisam ser defendidas como exemplares. Junto com esse apoio, é imperioso que todas as instituições universitárias do Estado e do país se posicionem firmemente em defesa da liberdade de manifestação e de cátedra, bem como repudiando o racismo, a LGBTfobia e o projeto autoritário que, no Brasil e no mundo, inspira ações intimidatórias contra a educação, a ciência e a produção cultural.
Adrián Pablo Fanjul – diretor
Silvana de Souza Nascimento – vice-diretora
