Seminário, conferências, debates, publicações, exposições, cinema, coral, orquestra e teatro fazem parte da programação
A USP realiza, de 2 a 6 de outubro, a segunda edição do evento USP Pensa Brasil, na Cidade Universitária, em São Paulo.
Nomes como Conceição Evaristo, Ricardo Lewandowski, Rosane Svartman, José Eli da Veiga, Eunice Prudente, Eugênio Bucci, Nath Finanças, entre outros, estão na programação que discute grandes temas nacionais, dissemina o conhecimento produzido na universidade e apresenta amplo conjunto de atividades como um seminário, sete conferências e debates, três exposições, publicações de livros, além de apresentações artístico-culturais.
O evento foi concebido a partir da organização de um seminário de mesmo nome que, em 2023, tem como tema central A produção do comum numa sociedade fraturada, promovendo um debate em torno de ações e caminhos que estimulem a formulação de projetos coletivos, necessários para enfrentar os crescentes dilemas de nossa sociedade contemporânea.
“O objetivo é reiterar o compromisso público da USP com a reflexão dos grandes temas contemporâneos. Os eventos que compõem sua programação reforçam o papel da universidade pública para a produção de conhecimento científico, a formação cidadã e a defesa de um projeto democrático e justo de país”, comenta a vice-reitora da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda, que idealizou o evento.
A programação integral do evento é composta por:
SEMINÁRIO USP PENSA BRASIL:
- A produção do comum numa sociedade fraturada
CONFERÊNCIAS E DEBATES
- Ameaças existenciais globais, desafios e oportunidades
- Eixos Temáticos: contribuição da USP para as Políticas Públicas
- Inclusão das diferenças: graduação e pertencimento na USP
- Coletivos no combate às desigualdades de raça e gênero na USP
- O Patrimônio Cultural e Científico da USP: História, Pesquisa e Educação no MAC, MZ, MP, MAE e IEB
- I Encontro Intercátedras da USP
- USP Pensa o Futuro da Pós-Graduação no Brasil
PUBLICAÇÃO
- Lançamento dos livros: Perspectiva Feminista Para Uma Nova Governança Global, de Sussana Malcorra; e México Y Brasil: 200 anos de Relaciones, Una Perspectiva Mexicana, com organização de Beatriz Paredes
EXPOSIÇÕES
- Instalação O Carvão e o Ouro, 2019/2023, de Siron Franco
- Garimpo, de Siron Franco
- Graciliano Ramos 70-90: De Caetés a Memórias do Cárcere
CINEMA | CORAL | ORQUESTRA | TEATRO
- Sessões Especiais Cinusp: Cinema Pensa o Brasil
- Concertos Coral da USP: Mulheres na Música e 6x80
- Concerto Orquestra Sinfônica da USP: Esculpir o Tempo - Diversidade em Foco
- Programação Tusp Butantã: Espetáculo de dança Mama sy yiá
A produção do comum
Com o tema “A produção do comum numa sociedade fraturada”, o Seminário USP Pensa Brasil, cuja abertura é no dia 2, às 18h, e vai até o dia 6 de outubro, no Auditório István Jancsó, do Espaço Brasiliana, tem como proposta discutir o conceito de “comum” e refletir sobre sua aplicação na realidade brasileira. Serão apresentadas as dimensões políticas, sociais e culturais que envolvem a construção do comum, considerando a diversidade cultural e a desigualdade social presentes na sociedade brasileira. Será analisado o papel das políticas públicas, dos movimentos sociais e da participação cidadã na criação do comum e discutidos também os desafios para a efetivação do comum no contexto atual do país, considerando a crise política, econômica e social.
Ao debater a produção do comum no Brasil, o seminário pretende oferecer caminhos para ampliar o compartilhamento de saberes, da cooperação e da solidariedade, processo que deve enfrentar a fratura econômica, política e cultural existente no país. A nação deve ter contornos mais amplos do que as fronteiras político-ideológicas, buscando construir o comum na diversidade, a partir de uma experiência de pertencimento e corresponsabilidade na elaboração de um projeto de bem-estar coletivo para os brasileiros, com respeito às diferenças sociais e culturais.
“No contexto do bicentenário da independência e do centenário da semana de arte moderna, o USP Pensa Brasil 2022 se voltou ao tema de como pensar o Brasil no século XXI, seguindo a tradição de nossos intérpretes do Brasil. Em 2023, depois de um ano em que a sociedade brasileira foi colocada à prova, o evento busca oferecer uma reflexão sobre a construção do comum, como um espaço para reconstruir laços e produzir projetos de futuro para o país”, explica o coordenador curatorial do evento, Alexandre Macchione Saes, diretor da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) e professor da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP.
Representantes da universidade e da sociedade
O seminário começa com conferências apresentadas por docentes e pesquisadores da USP, que possuem grande destaque em suas áreas, tais como a escritora Conceição Evaristo, que é a atual titular da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência da USP; o jornalista Eugênio Bucci, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e superintendente de Comunicação Social da Universidade; José Eli da Veiga, professor da FEA; o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, da Faculdade de Direito; e Leda Paulani, professora da FEA.
As conferências são seguidas de debates que terão a participação de pessoas de diversos setores da sociedade: da cultura, da política, redes sociais, campo jurídico, por exemplo.
Podemos destacar a participação de Yupuri, João Paulo Tukano, ativista indígena do povo Ye'pamahsã, que foi o primeiro indígena a defender o doutorado em Antropologia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM); e Nelsa Nespolo, presidente e cofundadora da Cooperativa de Costureiras Unidas Venceremos.
A presença da autora de inúmeras produções para a televisão, Rosane Svartman, que escreveu a última novela das 7 da Rede Globo, Vai na Fé - a qual alcançou altos índices de audiência abordando temas como tolerância religiosa -, é escritora, diretora de filmes e produtora, e cujo doutorado em Comunicação/Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF) resultou no livro lançado neste ano por ela: A telenovela e o futuro da televisão brasileira.
“Fico feliz em poder de alguma forma contribuir para essa conversa premente e necessária sobre uma sociedade fraturada e os laços sociais que permanecem, principalmente na minha área: cultura e conteúdo audiovisual”, destacou Rosane Svartman, em resposta por e-mail ao convite para participar do seminário.
Nath Finanças, criadora de conteúdos digitais focados em educação financeira para pessoas de baixa renda, que tem mais de 1 milhão de seguidores nas redes sociais; sem esquecer da participação internacional de Luis Moreno Ocampo, advogado argentino que atuou como procurador assistente no Julgamento pelo tribunal civil das três primeiras juntas militares da ditadura argentina, ocorrida entre 1976 e 1983, por violações dos direitos humanos, e que é retratado no filme Argentina, 1985 (2022).
Antes das conferências de cada dia do seminário, será promovida a atividade Leituras de Brasil com a apresentação de fragmentos de textos representativos sobre o país, lidos por estudantes da USP, tais como: Negro Drama - Racionais Mc’s; Uma História Feita por Mãos Negras - Beatriz Nascimento; Olhos D'água - Conceição Evaristo; Um lugar chamado Maria Antônia - Marilena Chauí; A Terra do Mil Povos - Kaká Werá; Capitães de Areia - Jorge Amado; e Cidade de Deus - Paulo Lins.
Pró-Reitorias e Eixos Temáticos
A programação do USP Pensa Brasil conta com debates promovidos pelas Pró-Reitorias de Graduação, de Pós-Graduação, de Pesquisa e Inovação e de Inclusão e Pertencimento, entre os dias 3 a 5 de outubro, nos períodos da manhã e tarde.
Em conjunto, as Pró-Reitorias de Graduação e de Inclusão e Pertencimento vão abordar a permanência e diversidade, cancelamento e direitos humanos, antirracismo e desafios na universidade, com a participação, por exemplo, de Luís Pedro Polesi de Castro, que apresentará os dados de sua dissertação defendida pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, sob a orientação da professora Marta Arretche - que foi destaque na matéria Evasão na graduação da USP é de 17%, mas número varia muito por curso (https://jornal.usp.br/diversidade/evasao-na-graduacao-da-usp-e-de-17-mas-numero-varia-muito-por-curso/), publicada no mês de agosto no Jornal da USP.
A Pró-Reitoria de Pós-Graduação abordará o futuro desta área no Brasil; e, com a temática Ameaças existenciais globais, desafios e oportunidades, a Pesquisa e Inovação traz pesquisadores do Brasil e do exterior para a reflexão sobre a fome, sobre os riscos às guerras nucleares e ao aquecimento global.
No período da tarde, com organização da Assessoria do Gabinete do Reitor, o programa Eixos Temáticos abre reflexões sobre os resultados obtidos nos projetos em 2022, mostrando a contribuição da USP para as políticas públicas. O evento prevê um ciclo de painéis, a partir das 14 horas, no Auditório István Jancsó, no qual vai abordar três grandes temas: Estado mínimo, precarização e desigualdade no Brasil; Antropoceno e o paradigma ambiental brasileiro; e Impasses da democracia brasileira.
Articulando os três grandes temas em torno dos 11 eixos temáticos, relacionados aos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, os grupos apresentarão os resultados de cada eixo temático de forma integrada, numa discussão conduzida através de perguntas concebidas pelos pós-doutorandos e coordenadores dos eixos do programa.
Institutos, Museus e Coletivos
Na Sala Alfredo Bosi, do Instituto de Estudos Avançados (IEA), será promovido o I Encontro Intercátedras da USP, reunindo as mais de 25 cátedras da Universidade, pela primeira vez, com o intuito de tornar mais conhecidos os trabalhos por elas realizados, na terça-feira, dia 3.
Durante a sexta-feira, dia 6, o Patrimônio cultural e científico da USP será discutido em programação organizada pelo Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) e os quatro Museus da USP: de Arqueologia e Etnologia (MAE), de Arte Contemporânea (MAC), Paulista e de Zoologia. Pesquisadores destas instituições vão tratar da importância de seus acervos para a pesquisa, para avanço do conhecimento e para a formação no contexto nacional. Além disso, eles deverão abordar as iniciativas recentes desses museus na reflexão crítica para inclusão e debate sobre a representação da diversidade e da alteridade. Ao final, dois especialistas internacionais, um da Argentina e outro dos Estados Unidos, ligados a museus universitários, participarão de um debate com os pesquisadores da USP sobre os temas tratados.
Também no dia 6, haverá debates com o tema Coletivos no combate às desigualdades de raça e gênero, realizados por dois coletivos: Coletivo de professores antirracismo e Rede Não Cala.
Exposições
O público poderá visitar duas exposições e uma instalação que estarão em exibição no Espaço Brasiliana. O primeiro conjunto é formado pela exposição Garimpo e pela Instalação O Carvão e o Ouro, 2019/2023, ambas do artista brasileiro Siron Franco e curadoria do professor do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) Luiz Armando Bagolin e do pesquisador Fabrício Reiner.
Essa mostra tem uma instalação inédita na Praça Central do Espaço Brasiliana, em alusão à destruição do habitat em prol da exploração em busca de ouro, reunindo toneladas de pedaços de madeira carbonizada e folhas de ouro. A instalação dialoga diretamente com os eventos divulgados no início deste ano sobre a invasão ilegal da terra indígena Yanomani, em Roraima, e da destruição do meio ambiente, dos recursos naturais e dos meios de sobrevivência do povo nativo, configurando uma série de crimes contra o mesmo, incluindo o estupro e o assassínio.
A exposição se completa na Sala BNDES, que contém um móbile suspenso por cabos de aço, com ouro e braços e mãos de manequins; e três mesas de concreto bruto no qual são incrustados uma variedade de objetos (peixes de resina, cartuchos vazios de espingarda, bolas de bilhar, bonecos e partes de brinquedos, restos de cerâmicas indígenas etc) de modo a montar grandes assemblages horizontais que também refletem sobre a ruína e os despojos deixados para trás pela atividade predatória do garimpo, do tráfico e da pesca ilegais.
A segunda exposição é Graciliano Ramos 70-90: De Caetés a Memórias do Cárcere, que foi idealizada como desdobramento do Seminário Internacional sobre o autor, que será realizado nos dias 25 e 26 de setembro agora, para comemorar os 90 anos de publicação das obras Caetés (1933) e S. Bernardo (1934), bem como os 70 anos de publicação de Memórias do cárcere e também a data de morte do escritor (1953).
Entre os materiais apresentados ao público, estão itens provenientes dos acervos uspianos: originais da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) e fac-símiles do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), tais como manuscritos, datiloscritos, provas tipográficas, dedicatórias endereçadas a grandes nomes da cultura, primeiras edições, obras literárias e críticas contemporâneas ao autor, traduções de seus livros, além de documentos pessoais como fotografias e cartas.
A curadoria é assinada pelos docentes do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas e do Programa de Pós-Graduação em Literatura Brasileira da (FFLCH): Erwin Torralbo Gimenez, Fabio Cesar Alves e Simone Rossinetti Rufinoni.
Cinema, coral, orquestra e dança
A programação organizada pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) tem a participação de quatro dos seus órgãos. O Cinema da USP Paulo Emílio (Cinusp) vai exibir duas sessões especiais. A primeira com curtas sobre ou com a direção de povos indígenas, e a segunda traz um documentário que aborda a luta de um grupo de mulheres transgênero pelos seus direitos.
Dois grupos do Coral da USP (Coralusp) marcam presença. O grupo Feminino apresenta a proposta de exibir um programa formado por peças compostas por mulheres, que falem sobre elas ou ainda que tenham sido marcadas pela interpretação feminina. O 12 em ponto propõe a teatralização das canções compostas pelos compositores que completaram 80 anos em 2022.
A Orquestra Sinfônica da USP (Osusp) traz o concerto intitulado Esculpir o tempo – Diversidade em foco, sob a regência da maestra cubana Yeni Delgado e do solista Gabriel Marin, com peças de Gonzalo Roig, Béla Bartók e Emilie Mayer. E, na nova sala do Teatro da USP no campus (Tusp Butantã), será apresentado o espetáculo de dança Mama sy yiá, que aborda questões relacionadas à maternidade, com direção e coreografia de Sofia Tsirakis.
As atividades serão realizadas no Centro Cultural Camargo Guarnieri, com exceção do concerto do Coralusp Feminino, que será no Auditório István Jancsó, do Espaço Brasiliana.
Dois livros serão lançados durante o evento USP Pensa Brasil. No dia 2, às 17h, na Livraria Edusp: o título México Y Brasil: 200 anos de Relaciones, Una Perspectiva Mexicana, com organização de Beatriz Paredes, que foi titular da Cátedra José Bonifácio, do Instituto de Relações Internacionais (IRI), no ano de 2017. E, no dia 5, às 11h, é a vez do livro Perspectiva Feminista para uma nova governança global, de Susana Malcorra, atual titular da mesma Cátedra, uma das fundadoras da iniciativa internacional Global Women Leaders Voices for Change and Inclusion e que foi ministra de Relações Exteriores e Culto da República Argentina. A publicação é fruto das atividades acadêmicas desenvolvidas por Susana à frente da Cátedra abordando os desafios para a governança internacional sob uma perspectiva feminista.
O evento USP Pensa Brasil será realizado de 2 a 6 de outubro no Espaço Brasiliana (Rua da Biblioteca, 21, Cidade Universitária, em São Paulo), mas há uma variada programação em outros locais. As atividades são gratuitas e abertas a todos os interessados. Serão fornecidos certificados de participação para os inscritos nos seminários e debates. A programação completa do evento e mais informações estão disponíveis no site do USP Pensa Brasil: https://www.pensabrasil.usp.br/
Mais informações: usppensabrasil@usp.br
Com informações de Comunicação Projeto USP Pensa Brasil
