O Atlas da Violência publicado em 2018 anunciava que o país havia alcançado a marca histórica de 62.517 homicídios; no entanto, enquanto a taxa de homicídios de indivíduos não negros diminuiu 6,8%, a taxa de vitimização da população negra aumentou 23,1%. O documento também registrava que em 2016 uma mulher foi assassinada a cada 2- horas, sendo a taxa de homicídios de mulheres negras 71% superior a de mulheres não negras. A violência contra LGBTs também vem alcançando números preocupantes: de acordo com o Grupo Gay da Bahia, apenas em 2018 347 pessoas foram assassinadas em virtude de sua identidade de gênero ou orientação sexual. Destas, de acordo com a ANTRA, 163 são pessoas trans.
Em meio a esse cenário preocupante, vence as eleições presidenciais em outubro de 2018 um candidato que reiteradamente fez, ao longo de sua vida política, comentários abertamente machistas, racistas e lgbtfóbicos. O que sua vitória nos comunica em termos de imaginário social no que toca a vulnerabilidade e violência sofrida por mulheres, pessoas negras e LGBTs? Quais são os efeitos já notáveis da ocupação da chefia de Estado e do aparelhamento de instituições públicas por pessoas que não apenas não reconhecem a produção de desigualdades marcadas em termos de gênero, sexualidade e raça mas também perpetuam-na? Esta mesa convida a todxs para o debate.
Com: Julia Gimenes (DCP/USP), Letícia Gomes (DS/USP) e Luiza Lima (NUMAS/USP)
Organização: Grupo de Estudos de Gênero e Política - GEPÔ - DCP USP, NÓS/USP e NUMAS - Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença