As obras foram vencedoras na categoria Biografia, Documentário e Reportagem e na Ciências Humanas, ambas do eixo Não Ficção
A Câmara Brasileira do Livro (CBL) anunciou na noite da quinta-feira, dia 25 de novembro, os vencedores de cada uma das 20 categorias do 63º Prêmio Jabuti 2021, em cerimônia de premiação transmitida pelo canal do Youtube da CBL. Um pesquisador de um núcleo e uma ex-professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP tiveram seus livros como vencedores na categoria Biografia, Documentário e Reportagem e na Ciências Humanas, ambas do eixo Não Ficção.
Em 9 de novembro, foi divulgada uma lista dos 10 finalistas em cada categoria, a qual contou com 12 docentes, pesquisadores ativos e pessoas concorrendo em sete das 20 categorias: Crônica, Romance de Entretenimento; Artes; Biografia, Documentário e Reportagem; Ciências Humanas; Tradução; e Livro Brasileiro Publicado no Exterior. E, no dia 16, saiu a lista dos cinco finalistas, na qual 10 obras de pessoas da FFLCH ainda estavam concorrendo ao prêmio em cinco categorias.
No eixo Não Ficção, na categoria Biografia, Documentário e Reportagem o vencedor foi o livro A república das milícias: Dos esquadrões da morte à era Bolsonaro (Editora Todavia), de autoria de Bruno Paes Manso, que é jornalista, economista, com mestrado e doutorado em Ciência Política do Programa de mesmo nome na FFLCH, além de ser pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP.
Dos esquadrões da morte formados nos anos 1960 ao domínio do tráfico nos anos 1980 e 1990, dos porões da ditadura militar às máfias de caça-níquel, da ascensão do modelo de negócios miliciano ao assassinato de Marielle Franco, este livro joga luz sobre uma face sombria da experiência nacional que passou ao centro do palco com a eleição de Jair Bolsonaro à presidência em 2018.
Também no eixo Não Ficção, mas na categoria Ciências Humanas, o prêmio para um autor vinculado ou que já teve alguma ligação com a FFLCH já era esperado, pois todos os cinco finalistas eram da Faculdade.
A obra vencedora foi Sobreviventes e Guerreiras (Editora Planeta do Brasil), de Mary Del Priore – historiadora, com doutorado pela FFLCH, onde também lecionou – que conta uma breve história da mulher no brasil de 1500 a 2000.
Logo após a divulgação do prêmio, foi pedido, por e-mail, à professora para falar sobre o seu livro e a importância dele ser ganhador do Prêmio Jabuti. Mary, que estava dando aula no horário da cerimônia, e por isso nem sabia do resultado ainda, respondeu, humildemente, com dúvidas se o comentário era para falar como uma das finalistas ou a vencedora. Após se certificar da premiação, ela fez a seguinte declaração:
"Ele vem em boa hora, no Dia Internacional da Violência feita contra as Mulheres. Mas livros de história não são de um único autor. Eles pertencem a todos que, com suas pesquisas e teses, colaboram para a o assunto ganhe em densidade e qualidade. Outra coisa boa, é que Sobreviventes e Guerreiras está sendo usado por muitas ONGs e grupos de trabalho em comunidades carentes do NE [Nordeste], para falar de sexualidade e valorizar a autoestima de mulheres sem recursos. Como diria Flaubert [Gustave - 1821-1880], é bom quando o autor desaparece atrás de seu trabalho".
Prêmio Jabuti
Neste ano, o prêmio recebeu 3,4 mil inscrições, 31% a mais do que no ano passado.
Os primeiros colocados em cada categoria recebem o troféu Jabuti e R$ 5 mil. O vencedor do Livro do Ano, que neste ano foi o livro Sagatrissuinorana, de João Luiz Guimarães e Nelson Cruz (ÔZé Editora), vencedor na categoria infantil, ganha R$ 100 mil. Este prêmio maior é dado à obra com a maior nota atribuída pelo júri entre os vencedores das categorias dos eixos Literatura e Não Ficção.
Confira aqui a lista completa dos premiados. A cerimônia pode ser assistida clicando aqui.
