Na categoria Tradução – Prêmio Paulo Rónai, o livro de dois docentes foi premiado. E na categoria Ensaio Literário – Prêmio Mario de Andrade, a obra com participação de 10 docentes da Faculdade ficou em terceiro lugar
Livros de docentes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP foram premiados e tiveram destaques no Prêmio Literário Biblioteca Nacional 2021, no qual concorreram livros de autores brasileiros publicados no País entre maio de 2020 e abril de 2021.
São oito categorias e o vencedor de cada uma delas ganha R$ 30 mil:
Conto – Prêmio Clarice Lispector
Ensaio Literário – Prêmio Mario de Andrade
Ensaio Social – Prêmio Sérgio Buarque de Holanda
Literatura Infantil – Prêmio Sylvia Orthof
Literatura Juvenil – Prêmio Glória Pondé
Poesia – Prêmio Alphonsus de Guimaraens
Romance – Prêmio Machado de Assis
Tradução – Prêmio Paulo Rónai
Na categoria Tradução – Prêmio Paulo Rónai, o livro Feitiços [Charmes], de Paul Valéry, traduzido por Roberto Zular e Álvaro Faleiros (Iluminuras) foi o vencedor do prêmio. Os dois tradutores são docentes da FFLCH: Zular é do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada, enquanto Faleiros é do Departamento de Letras Modernas.
Publicado originalmente em 1922, esse livro foi muito traduzido ao longo dos últimos cem anos, mas a tradução completa da obra chegou ao Brasil somente com essa versão dos docentes.
Trata-se de uma obra que, após a experiência radical de A jovem parca, flutua entre diversas possibilidades poéticas que produziriam obras-primas como O cemitério marinho, um dos mais famosos poemas do século XX, e outros tantos como Esboço de serpente, A Pítia, Fragmentos do Narciso, Os passos.
Muitos desses poemas já haviam sido traduzidos isoladamente, mas a visão de conjunto permite sopesar o alcance da estratégia antimoderna de Valéry.
Paul Valéry (1871-1945) foi um dos mais importantes escritores franceses do século XX. Poeta amplamente reconhecido, fez da poesia um microcosmo que lhe permitiu entrecruzar os mais diversos campos do saber (poética, linguística, psicologia, política, física, biologia) e os mais variados meios de escrita (poemas, ensaios, traduções, peças, diálogos). Sua obra secreta, os cadernos, são o testemunho das dores e alegrias de uma vida que recusou a banalidade e a violência do mundo, partindo em busca de outras formas de pensamento e de outros modos de existência.
Na categoria Ensaio Literário – Prêmio Mario de Andrade, o livro Romance de formação: caminhos e descaminhos do herói (Ateliê Editorial), que tem organização de Maria Cecilia Marks e Marcus Vinicius Mazzari, ficou em terceiro lugar.
Maria Cecília tem mestrado e doutorado em Teoria Literária e Literatura Comparada pela FFLCH e Marcus Vinicius Mazzari é professor do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada.
A obra tem textos de 26 autores, incluindo os organizadores que também escreveram. Ao todo, há a participação de 10 docentes da Faculdade como autores, incluindo Mazzari: Alexandre Bebiano de Almeida, Gloria Carneiro do Amaral, Helmut Galle, Maria Augusta da Costa Vieira, Sandra Guardini Vasconcelos e Stefan Wilhelm Bolle (conhecido como Willi Bolle), do Departamento de Letras Modernas. Fábio de Souza Andrade, Marcos Natali e Walnice Nogueira Galvão, do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada.
E o autor Jean Pierre Chauvin é docente da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, mas tem toda a sua formação na FFLCH, com graduação em Letras, mestrado e doutorado pela mesma área de Maria Cecília.
"Talvez Dom Quixote seja o mais nobre e distante precursor do romance de formação, mas o modelo ou paradigma do Bildungsroman é atribuído a outra obra monumental do Ocidente: Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister, de Goethe. Os ensaios densos e sugestivos deste volume analisam romances que, em graus diferentes, apresentam características do Bildungsroman ou de seus correlatos. Daí a rica diversidade de contexto histórico, cultural e linguístico dos livros comentados. Para o modesto autor destas linhas, o romance de formação, que sonda e analisa a passagem da juventude à maturidade, com seus desafios, implicações e mudanças, tem sido uma espécie de bússola, de inspiração e, por que não dizer, de paixão. Neste tempo de colapso do humanismo, a formação educacional plena (ou ao menos razoável) é essencial para impedir o avanço de qualquer forma de obscurantismo e barbárie", escreveu o escritor Milton Hatoum sobre o livro.
O lançamento da coletânea foi transmitido pelo canal da FFLCH no Youtube, em 15 de dezembro de 2020. Clique aqui para assistir a apresentação.
Além da participação dos professores como autores, há a colaboração no júri do Prêmio Literário Biblioteca Nacional 2021. O professor José Nicolau Gregorin, do Departamento de Letras Clássicas, foi jurado na categoria Literatura Juvenil – Prêmio Glória Pondé e o professor John Milton, do Departamento de Letras Modernas, foi jurado na categoria Tradução – Prêmio Paulo Rónai.
Mais de 20 anos
A divulgação dos vencedores foi feita no dia 12 de novembro. A Fundação Biblioteca Nacional realiza o Prêmio Literário Biblioteca Nacional há mais de 20 anos.
As obras concorrentes devem ser inéditas (1ª edição), publicadas no Brasil e podem ser inscritas em, no máximo, duas categorias. A premiação, uma das mais prestigiadas do País, recebe inscrições de autores baseados em diversos estados. As obras são analisadas por 27 julgadores – sendo três em cada categoria (isso incluindo a categoria Projeto Gráfico – Prêmio Aloísio Magalhães, que neste ano e em 2000 por causa da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) não foi julgada), ligados ao meio cultural, com notório saber e reconhecimento em suas áreas. Os resultados são divulgados no Diário Oficial da União e no portal da Biblioteca Nacional.
Clique aqui para conferir a relação completa dos premiados em todas as categorias.
