Laura de Mello e Souza é a primeira mulher e pesquisadora das Américas a receber o Prêmio Internacional de História

Historiadora é reconhecida por sua trajetória intelectual que permitiu o diálogo entre diferentes culturas e formou gerações de pesquisadores

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Renan Braz
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Prêmio Internacional de História
Montagem: Renan Braz

Laura de Mello e Souza, docente aposentada do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, foi escolhida pelo Conselho do International Commitee of Historical Sciences (ICHS) para receber o Prêmio Internacional de História.

O prêmio tem como objetivo homenagear historiadores que tenham se destacado por seus trabalhos, publicações e ensino no campo da História e que contribuíram para o desenvolvimento do conhecimento na área. Os nomes dos candidatos são indicados pelos próprios membros dos comitês, portanto, não há inscrições individuais.

Criado em 2015, ele já foi concedido a três pesquisadores: Serge Gruzinski, historiador francês da École des Hautes Études en Sciences Sociales e do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), em 2015; Gábor Klaniczay, pesquisador húngaro do Central European University, em 2016 e Sanjay Subrahmanyam, historiador indiano da University of California, em 2022.

Medalha criada em 2015, pelo gravador francês Nicolas Salagnac, baseada em um desenho do artista russo Yuri Vishnevsky
Medalha criada em 2015, pelo gravador francês Nicolas Salagnac, baseada em um desenho do artista russo Yuri Vishnevsky [Imagem: www.cish.org]

Laura é a primeira mulher e também a primeira pessoa do continente americano a ganhar o prêmio, cujo reconhecimento é fruto de suas pesquisas que colaboraram para o diálogo entre diferentes culturas, gerando novas perspectivas e formando gerações de estudiosos.

O prêmio será entregue em Tóquio, no dia 27 de outubro de 2024, durante uma cerimônia solene que marcará a Assembleia Geral do Comitê Internacional de Ciências Históricas, na presença dos delegados dos comitês e comissões membros do ICHS de todo o mundo.

Sobre o International Commitee of Historical Sciences (ICHS)

Fundado em Genebra, em 15 de maio de 1926, o Comitê nasceu da ideia ocorrida em Bruxelas, durante o quinto Congresso Internacional de Ciências Históricas, em 1923, de uma organização permanente que iria unir e dar organização a intelectuais das ciências históricas de todo o mundo para promover o contato e o intercâmbio pessoal.

Desde 1900, os congressos internacionais de historiadores foram realizados em intervalos esporádicos. Porém, após a Primeira Guerra Mundial, tornou-se necessário substituir esses encontros dispersos por reuniões mais regulares, organizadas por uma instituição estável e que permitisse aos historiadores apresentarem seus métodos e resultados de suas pesquisas.

No início, em 1926, o Comitê incluía apenas 19 países, todos europeus ou norte-americanos. Após a Segunda Guerra Mundial, o ICHS se reorganizou no Congresso Internacional de Paris, em 1950, e sua influência agora se estende à Ásia, África e América do Sul. Atualmente, a organização inclui um total de 53 países.

Sobre Laura de Mello e Souza

Foi docente do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade (FFLCH) de São Paulo de 1983 a 2014. Após sua aposentadoria na FFLCH, ocupou a cátedra de História do Brasil na Universidade de Paris IV - Sorbonne.

Laura de Mello e Souza
Laura de Mello e Souza [Imagem: Departamento de História da FFLCH]

Possui graduação em História pela Universidade de São Paulo (1975), mestrado em História Social pela Universidade de São Paulo (1980), doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (1986), Livre-Docência em História Moderna pela Universidade de São Paulo (1993). Tornou-se Professora Titular de História Moderna em 1999.

Foi Chefe do Departamento de História entre 1999 e 2001, Vice-Coordenadora do Programa de História Social entre 2002 e 2004 e Tinker Visiting Professor na Universidade do Texas (Austin, 1998). Também foi professora visitante por curtos períodos nas Universidades Nova de Lisboa, ICS/Universidade de Lisboa, Universidade de Minnesota, Universidade de Southampton, Universidade de Toronto, École des Hautes Études en Sciences Sociales, Universidade de Sevilha, Universidade Nacional do México. Foi membro do Comitê de Ciências Humanas da FAPESP (1994-2001); do Comitê de História da CAPES (1999-2001) e do Comitê de História do CNPq (2011-2013). Foi bolsista da FAPESP. Foi Pesquisadora do CNPq desde 1991, encerrando sua bolsa de produtividade como 1A. É membro da Academia Brasileira de Ciências.

Realizou pesquisas sobre a história de Minas Gerais no século XVIII; sobre cultura, sociedade e política no império português nos séculos XVI-XVIII; sobre as relações entre a Europa e o Novo Mundo nos séculos XVI-XIX; sobre a historiografia brasileira do século XX. Integrou projetos coletivos de pesquisa sediados na UFF e coordenou o projeto temático "Dimensões do Império português - séculos XVI-XIX", sediado na Cátedra Jaime Cortesão - FFLCH-USP, financiado pela FAPESP (2005- 2010).

Atualmente redige pesquisa sobre as migrações de três cortes europeias durante o período de expansão napoleônica. Orienta trabalhos em nível de Mestrado e Doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em História Social da FFLCH, no qual também supervisionou estágios de pós-doutorado. Durante os oito anos em que ocupou a Cátedra de História do Brasil na Sorbonne, orientou pesquisas em nível de Master 1, Master 2 e Doutorado junto à Ecole Doctorale 2 - Lettres Sorbonne Université.

Com informações do International Commitee of Historical Sciences