
A professora Lilia Moritz Schwarcz, foi premiada na segunda edição do prêmio Jabuti Acadêmico com seu livro "Imagens da branquitude: a presença da ausência", publicado pela Companhia das Letras. A professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), foi uma das autoras reconhecidas no último dia 5 de agosto no eixo Ciência e Cultura na categoria História e Arqueologia. Em 2025, a FFLCH esteve presente entre os finalistas com seis autores em diferentes categorias, além de outros seis com passagem pela Faculdade.
Em seu novo livro, Lilia Schwarcz analisa as diversas representações simbólicas da branquitude ao longo dos anos, passando por várias culturas e territórios, fotografias, publicidade. A partir da análise desses registros, ela identifica como esses são atravessados por práticas racistas, buscando "desnaturalizar" essas concepções. A autora explora, na obra, a forma como a branquitude se manifestou simbolicamente, de modo a reforçar um ambiente de hierarquização e estruturas de subordinação.
De acordo com Lilia, a aclamação de sua obra pelo prêmio Jabuti Acadêmico é uma conquista muito emocionante, e que “Imagens da branquitude” é um livro de guinada intelectual e de carreira. Ela reconhece que o tema da iconoclastia sempre permeou seus trabalhos, e com o novo livro não foi diferente. “Falar de imagens é uma questão que me toma desde o começo da minha carreira, há muitos anos dou um curso sobre ler imagens, em todos os trabalhos que fiz para a USP estudei sobre o tema. Então, a questão da imagem toma minha carreira toda, e o livro não é uma finalização disso mas uma inflexão importante para mim”, afirma.
A docente também fala sobre a experiência de escrita do livro que, apesar de abordar a temática racial já frequente em seus outros trabalhos, propõe uma reflexão sobre a temática sob outro ponto de vista. “Durante muito tempo estudei a questão racial com a idéia de estudar os outros, mas nesse trabalho eu passo a estudar a branquitude. A intersecção entre as imagens e o tema da branquitude fizeram com que eu pensasse no meu próprio lugar de fala, que é também um lugar de privilégio, então foi um livro quase que de virada cognitiva", diz Lilia Schwarcz. A autora se diz muito grata por ser reconhecida pelos pares e pelo público.
Quem é Lilia Schwarcz
Nascida em São Paulo em 1957, a professora Lilia Moritz Schwarcz é uma das acadêmicas mais influentes na área de ciências humanas e possui legado significativo para a cultura e literatura brasileira. Ao longo de sua trajetória, Schwarcz fez um exame crítico das estruturas raciais e da formação da identidade nacional brasileira, abordando temáticas como a história do Brasil colonial e imperial, a escravidão, a cultura popular e o racismo.
Fez graduação em História pela FFLCH, mestrado pela Universidade Estadual de Campinas e doutorado pela FFLCH na área de Antropologia. Obteve o título de Livre-Docente na USP em 1998 e se tornou Professora Titular em 2005. Atualmente é professora sênior do Departamento em Antropologia Social na FFLCH e professora visitante na Universidade de Princeton (EUA).
Schwarcz foi fundadora, junto com seu marido Luiz Schwarcz, da editora Companhia das Letras. Dirigiu a coleção História do Brasil Nação em seis volumes e ao todo tem mais de 30 livros publicados, como As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos, Raça e diversidade, Enciclopédia negra e Óculos de cor: ver e não enxergar. Já recebeu sete vezes o Prêmio Jabuti, três vezes o Prêmio APCA, o Prêmio Biblioteca Nacional e o Prêmio da Anpocs de livro do ano em 2019.
Na televisão, a docente já participou do Roda Viva e de programas e entrevistas em veículos como Globo, TV Cultura e UOL. Hoje, Schwarcz também faz parte do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural (Iphan) e do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da República.
Jabuti Acadêmico
O Prêmio Jabuti, criado em 1958, é realizado pela Câmara Brasileira do Livro, sendo a mais tradicional premiação literária do Brasil. O Prêmio Jabuti Acadêmico teve início em 2024 com 29 categorias, distribuídas em dois eixos: Ciência e Cultura e Prêmios Especiais. Em sua segunda edição, o Prêmio Jabuti Acadêmico mantém o propósito de reconhecer e premiar os esforços daqueles que já se dedicam à produção de conteúdo científico, técnico, profissional e acadêmico.
Os dois prêmios compartilham uma base comum, mas divergem em suas abordagens. Enquanto o Prêmio Jabuti abraça uma variedade de categorias literárias, o Prêmio Jabuti Acadêmico concentra-se exclusivamente em obras acadêmicas, científicas, técnicas e profissionais. Essa diferença fundamental se reflete na estrutura de eixos e nas categorias específicas de cada uma das premiações.