A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP organizou um evento em defesa da política na Universidade e da democracia no país, em 11 de setembro, no auditório Milton Santos. Representantes de diferentes categorias apresentaram e discutiram propostas de ações para combater invasões violentas na USP — especialmente no vão do prédio de História e Geografia.
A reunião acontece após sucessivos ataques sofridos desde maio na FFLCH. Os presentes criticaram principalmente a falta de apoio da Reitoria à Unidade e parabenizaram a Faculdade pela resistência. Adrián Pablo Fanjul, diretor da FFLCH, abriu a reunião contextualizando a situação, apresentou os planos institucionais e apontou os próximos passos a serem tomados em conjunto com a comunidade acadêmica.
Quatro comissões foram formadas a partir da reunião. A primeira, atuará na organização de um ato em defesa da política na Universidade e da democracia no país; a segunda, na recepção de manifestações solidárias; outra, formará uma articulação com universidades paulistas que também sofreram ataques semelhantes; e a última, será responsável para programações de eventos no Vão, como atividades de extensão e cursinhos populares.
Adrián reforçou o compromisso da Faculdade para continuar promovendo ações no poder público para coibir os ataques. Além de uma representação no Ministério Público protocolada por deputados estaduais, a FFLCH já articula uma reunião com membros do MP.
O diretor também foi convocado pela Procuradoria Geral da Universidade de São Paulo na manhã de segunda-feira, 8 de setembro. O órgão apresentou uma proposta de ação cível contra as pessoas identificadas como autoras dos ataques. O diretor pontuou que a Reitoria pediu agilidade à Polícia Civil na apuração de todos os envolvidos que foram citados nos boletins de ocorrência.
Representantes dos três grupos da comunidade acadêmica (discentes, docentes e funcionários) apresentaram propostas e prestaram solidariedade à FFLCH. As falas reforçaram o descontentamento com a Reitoria, parabenizaram a diretoria da Unidade e enalteceram a coletividade da ação.
Para a comunidade, os ataques não são atos isolados e vão aumentar diante do cenário das eleições de 2026. “Precisamos exigir uma ação jurídica da Reitoria. Não queremos que eles decidam como vamos lidar com o nosso espaço, queremos ocupar o espaço com entendimento público do que fazemos”, disse Vanessa Monte, professora Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLCH.
O estopim para a reunião foram as agressões físicas da invasão no vão a um estudante e um professor egresso da Faculdade, no dia 5 de setembro. Um grupo ligado a parlamentares de extrema direita rasgou cartazes estudantis no prédio de História e Geografia, causando uma confusão generalizada com as pessoas presentes.
O ataque, no entanto, foi o oitavo em 2025. As ações são coordenadas e se tornam vídeos com cortes virais na internet. Um levantamento da Comunicação Social da FFLCH identificou mais de sessenta postagens referentes às invasões deste ano. As discussões da reunião denunciaram a exposição e falta de segurança da comunidade uspiana.
O evento foi transmitido no canal da FFLCH no Youtube: