FFLCH realiza exposição de instrumentos de tortura na escravização

Mostra faz parte da celebração do Mês da Consciência Negra e ficará disponível até o dia 14 de novembro
Por
Isadora Batista
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No dia 3 de novembro, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP inaugurou a exposição Ecos do Silêncio, com curadoria e acervo de Mabel de Souza, advogada, escritora, roteirista e pesquisadora da escravização de povos negros. 

A exposição apresenta artefatos que serviram para aprisionar, marcar e torturar pessoas negras escravizadas – como gargalheiras, machos, cepos, viramundos, chicotes, ferros de marcar, entre outros – bem como documentos históricos originais. Para Mabel, “mais do que simplesmente peças históricas, elas falam sobre preservação da memória, falam sobre resistência”. 

A pesquisadora se dedica a encontrar essas peças há 15 anos e sua coleção reúne mais de 100 artefatos. “Ao expor essas peças, não buscamos o sensacionalismo, mas sim provocar uma reflexão profunda sobre o passado e o presente. A escravização deixou marcas que ainda hoje se revelam na desigualdade social, no racismo de todo dia, no genocídio da juventude negra e na exclusão histórica dos afrodescendentes dos espaços de poder e decisão”.

No evento de inauguração, Mabel questionou o que sabemos desse período no Brasil e disse querer reunir documentos em um livro para apresentar a história. “Eu vejo que nós sabemos muito pouco dos 380 anos de escravização nesse país. Vejo que existem livros que têm duas páginas para falar sobre isso, mas há muito para saber”. 

Mabel também explicou a história dos instrumentos expostos, sua utilização na escravização e trouxe reflexão sobre a perversidade de cada um. 

“O chicote podia ter cabo de prata ou de ouro e significava o poder do escravizador”
“O chicote podia ter cabo de prata ou de ouro e significava o poder do escravizador” / Foto: Renan Braz / Serviço de Comunicação Social FFLCH-USP

A exposição está aberta nos corredores do Prédio de Letras (Edifício Antonio Candido) até 14 de novembro. A autora realizará uma palestra no dia 12 de novembro, às 17h30, na sala 201 do prédio. 

Ela também faz parte da série de eventos para marcar o mês da Consciência Negra, intitulada Presença e Memória Negra na FFLCH: Para Além de Novembro.