Estética Japonesa: uma perspectiva filosófica

Início do evento
Final do evento
Início da inscrição
Final da inscrição
E-mail
neidenagae@usp.br
Telefone
(11) 3091-2423
Docente responsável pelo evento
Neide Nagae
Local do evento
Edifício Prof. Antonio Candido (Letras) - Av. Prof. Luciano Gualberto, 403 - Cidade Universitária - São Paulo-SP
Auditório / Sala / Outro local
Sala 266
O evento será gratuito ou pago?
Evento gratuito
É necessário fazer inscrição?
Com inscrição prévia
Haverá emissão de certificado?
Sim
Haverá participação de docente(s) estrangeiro(s)?
Não
Descrição

O curso propõe 5 aulas de 2 horas de duração cada. Na primeira aula, teremos como tema o nascimento da estética como uma disciplina no interior da filosofia cuja criação tardia (século XVIII) foi marcada pela discussão entre racionalistas e empiristas acerca da faculdade (razão abstrata ou sentidos empíricos) preponderante na construção do conhecimento. Inicialmente, a estética foi pensada nesse contexto como a ciência de um conhecimento de segunda ordem fornecido pelos sentidos, no qual o belo, por ter a primeira posição entre as sensações, deveria ser o objeto de pesquisa. Rapidamente, a estética toma contornos mais precisos em discussões sobre a universalidade do belo e a arte (que aqui surge como a expressão mais acabada do belo). Desse modo, na época da introdução da filosofia no Japão no início de Meiji, a estética filosófica já havia se desenvolvido em um pensamento sobre a arte que penetrava outros campos da filosofia e da produção artístico-crítica. Esse primeiro desafio à introdução da estética filosófica no Japão se mostra no fato de que o vocabulário da disciplina, já nesse momento, é vasto e com aplicações específicas, gerando a questão da tradução. Isso surge nas recorrentes tentativas de tradução de “belo” e “arte” à língua japonesa empreendidas por Nishi Amane (1829 – 1897), a tradução de L’esthétique de Eugène Veron por Nakae Chōmin (1847 – 1901) e, finalmente, a disputa teórica sobre o idealismo entre Mori Ōgai (1862 – 1922) e Tsubouchi Shōyō (1859 –1935).
Na segunda aula, trataremos do filósofo Ōnishi Yoshinori (1888 – 1959) que durante toda sua vida intelectual se dedicou à questão da estética, principalmente à estética japonesa. Focaremos em sua obra Yūgen to Aware (1939), na qual pela primeira vez é tentada uma consolidação teórica desses dois termos pertencentes à estética japonesa através de um sistema onde se acomodariam categorias estéticas ocidentais e orientais. Ōnishi foi o esteta que pela primeira vez colocou os termos da estética japonesa nos moldes conceituais da estética filosófica.
A terceira aula será dedicada à análise dos textos de Kusanagi Masao (1900 – 1997) reunidos em Yūgenbi no Bigaku (1973) nos quais aborda os termos da estética japonesa a partir de uma perspectiva existencialista. Ou seja, além da elaboração dos conceitos de arte e belo, a estética japonesa proporcionaria elementos para, extrapolando os limites da estética propriamente dita, ser compreendida como uma ontologia.
Na quarta aula, abordaremos uma visão crítica do discurso da estética japonesa a partir de dois autores contemporâneos: o japonês Suzuki Sadami, especialmente seus textos no livro editado por ele em conjunto com Iwai Shigeki, Wabi, Sabi, Yūgen: “Nihonteki na Mono” he no Dōtei (2006), e o italiano, que ensinou nos Estados Unidos, Michael Marra (1956 – 2011), Essays on Japan (2010). Na crítica de Suzuki, a estética japonesa teve seu caráter de “clássica” construído junto com seu nascimento que teria ocorrido na década de 1930 com fundamentos teóricos enraizados no conceito de símbolo, de forma que a “estética japonesa clássica” seria a criação moderna de uma pretensa “japonisidade” antiga que teria se mantido inalterada. Por sua vez, Marra critica a tendência ainda presente de tratar a estética japonesa através da lógica das categorias estéticas; uma abordagem abandonada há muito tempo pela estética filosófica contemporânea como infrutífera. Em oposição, Marra propõe uma retomada dos termos da estética japonesa como recursos retóricos da poética japonesa capazes de instaurar novos questionamentos na estética filosófica como um todo.
Na quinta e última aula, analisaremos e discutiremos representações da estética japonesa, abordaremos comentários e interpretações de obras de arte e expressões culturais japonesas em uma tentativa de identificar em que e como um certo discurso da estética japonesa é reproduzido e naturalizado.

MINISTRANTE
Diogo César Porto da Silva

METODOLOGIA
Seguiremos através de aulas expositivas sobres os temas abordados em cada aula intercaladas por leituras de passagens-chave dos textos selecionados, seguidas por discussões com os participantes do curso.

CONTEÚDO DAS AULAS
1ª aula: Introdução à Estética Filosófica e a Introdução da Estética no Japão
2ª aula: Ōnishi Yoshinori e a Sistematização da Estética Japonesa
3ª aula: Kusanagi Masao: Existencialismo na Estética Japonesa
4ª aula: A Estética Japonesa é mesmo Japonesa?
5ª aula: Representações e Naturalizações da Estética Japonesa

PERÍODO: 28 de outubro a 1 de novembro de 2019 (14h-16h30)

BIBLIOGRAFIA:
MARRA, Michael. Essays on Japan: Between Aesthetics and Literature. Leiden, Boston: Brill, 2010.
ŌNISHI, Yoshinori. Yūgen to Aware. Tokyo: Iwanami Shoten, 1940, 3ª edição.
KUSANAGI, Masao. Yūgenbi no Bigaku. Tokyo: Hanawa Shinsho, 1973, 5ª edição.
SUZUKI, Sadami; IWAI, Shigeki (ed.). Wabi, Sabi, Yūgen: “Nihon no Bigaku” no Genten wo Saguru. Tokyo: Suiseisha, 2006.
TANAKA, Kyūbun. Nihonbi wo Tetsugakusuru: Aware, Yūgen, Sabi, Iki. Tokyo: Seidosha, 2013.

Imagem