Uma biblioteca que não se cala

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E-mail
satfflch@usp.br
Telefone
(11) 3091-4984
Docente responsável pelo evento
Adriana Cybele Ferrari
Local do evento
Biblioteca Florestan Fernandes - Av. Prof. Lineu Prestes, travessa 12, 350 - Cidade Universitária - São Paulo-SP
Auditório / Sala / Outro local
Espaço de exposição - térreo
O evento será gratuito ou pago?
Evento gratuito
É necessário fazer inscrição?
Sem inscrição prévia
Haverá emissão de certificado?
Não
Haverá participação de docente(s) estrangeiro(s)?
Não
Descrição

Um firme posicionamento contra qualquer tipo de censura que vise a interditar a liberdade de expressão. Assim pode ser definida a exposição que a Biblioteca Florestan Fernandes, da FFLCH/USP, inaugura no dia 12. Idealizada no escopo da campanha “Bibliotecas que não se calam”, promovida pela Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas de Informação e Instituições (Febab), a exposição é também uma resposta à lista de 43 livros classificados como inadequados a crianças e adolescentes pela Secretaria da Educação de Rondônia. Na lista, que circulou intensamente nas redes sociais no início de fevereiro e mais tarde foi rejeitada pelo governo rondoniense, embora dela constasse a logomarca da Secretaria da Educação e o nome do titular da pasta, havia uma determinação expressa de recolhimento de todos os livros de Rubem Alves das bibliotecas da rede estadual de ensino.
Das 26 obras que ficarão expostas na Biblioteca Florestan Fernandes, até 31 de março, 21 aparecem na lista rondoniense. Entre os livros “inapropriados” estão clássicos como Memórias póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis), Os sertões (Euclides da Cunha) e Macunaíma, o herói sem nenhum caráter (Mário de Andrade), mas também autores contemporâneos. Entre eles, Rubem Fonseca, que aparece na lista com 19 obras, das quais 13 integram a exposição. Será apresentada também a lista de 11 livros vetados pelo Governo Dória para o programa de remissão de pena de presos paulistas. Fazem parte dessa relação títulos como Crônica de uma morte anunciada (Gabriel García Márquez) e O estrangeiro (Albert Camus), que integram a exposição da Biblioteca Florestan Fernandes.
Em artigo publicado na Folha de S.Paulo (https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2020/02/balao-de-ensaio.shtml?ori…), os professores Maria Arminda do Nascimento Arruda e Paulo Martins, respectivamente diretora e vice-diretor da FFLCH, dizem que é preciso se posicionar contra ações como as dos governos de Rondônia e de São Paulo, expondo a sua impertinência, o seu equívoco e o seu perigo, como forma de impedir a naturalização da censura e proteger a democracia. Para eles, a rubrica da “inadequação” parece estar alinhada, ao mesmo tempo, à pauta conservadora de costumes e ao projeto de educação anódina, acrítica e descola da realidade proposta pelo governo federal. Essa perspectiva exige das universidades, das bibliotecas, da imprensa livre e de toda sociedade civil organizada a defesa intransigente do Estado laico, democrático e republicano, mesmo a contragosto de forças obscurantistas que teimam em agredir a República.