As relações fotoliterárias manifestam-se com evidência nas ilustrações fotográficas de livros, bastante numerosas em edições literárias a partir da segunda metade do século XIX. No entanto, mesmo antes dessa “invasão” material, o advento da fotografia (1839) já gerava interferências de ordem temática e estrutural na literatura, servindo de “modelo” e fornecendo de empréstimo alguns de seus conceitos e de suas características, reelaborados ou traduzidos pela literatura conforme as suas particularidades. É inicialmente por meio de empréstimos e traduções dos temas e técnicas próprios do procedimento fotográfico que os escritores dão mostras do impacto impressionante causado pela fotografia na obra literária. A literatura na “era fotográfica”, portanto, traduz em sua linguagem novidades estéticas impensadas no mundo “pré-fotográfico”. Nessa perspectiva, com base nos estudos fotoliterários (ORTEL, 2002; THÉLOT, 2003; MONTIER, 2008 e 2015) e no conceito de referência intermidiática (RAJEWSKY, 2012), esta proposta visa descrever e exemplificar algumas das transformações literárias e tentativas de evocação, imitação ou tradução literárias do dispositivo fotográfico.
Biodata: Juliana Mantovani é professora do curso superior de Licenciatura em Letras-Língua Portuguesa, do Instituto Federal de Brasília (IFB). É graduada em Letras Português, pela Universidade de Brasília (2009), Mestre (2013) e Doutora (2019) em Literatura pela mesma instituição, com período de Doutorado Sanduíche (PDSE/CAPES) na Université de Poitiers (França). Suas pesquisas estão voltadas para as áreas de Teoria Literária, Literatura e outras artes e Literatura e fotografia. Contato: juliana.mantovani@ifb.edu.br.
Referências bibliográficas:
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