Nos últimos anos de sua vida, já consagrado como o grande pintor brasileiro, Candido Portinari passou a escrever poesia, sem a pretensão de publicar. Foi por insistência do amigo Antonio Callado que Portinari decidiu aprovar a publicação de uma coletânea, cujo lançamento ocorreu pela José Olympio Editora, em 1964, dois anos após a morte do autor.
A primeira edição saiu sem ilustrações, conforme determinara o artista, que não queria se aproveitar da boa fama de pintor para vender o livro. Na reedição da Funarte, porém, uma vasta pesquisa foi empreendida pelo Projeto Portinari para encontrar as pinturas mais apropriadas para ilustrar os poemas. O resultado é um belíssimo livro ilustrado, com poesia e pintura inspiradas nas memórias da infância do artista em Brodowski (SP). Preservada a seleção dos poemas preparada por Antonio Callado, o Projeto Portinari alterou levemente a disposição dos textos e fez alguns acréscimos a partir de minuciosa comparação com os manuscritos originais. A organização original dividiu os poemas em três grandes partes: a primeira sobre a alegria do menino no interior paulista; a segunda sobre os medos da infância; e a terceira, de cunho social, sobre a revolta que o homem feito sentiu ao se dar conta dos horrores da fome e da miséria. A edição mais recente vem acrescida de uma quarta parte, Odes, em que Portinari tece homenagens poéticas. Os textos de abertura históricos de Manuel Bandeira e Antonio Callado foram mantidos e foi acrescida uma apresentação de Marco Lucchesi.
Em 2022, a morte de Portinari completa 60 anos. Como homenagem ao artista, trazemos João Candido Portinari, Diretor do Projeto Portinari, para falar sobre a vida e a obra poética de seu pai, Candido Portinari. A mediação do encontro será feita pelo poeta, tradutor e doutorando da LETRAS, Anderson Lucarezi.