Maria Helena Rolim Capelato recebe o 63º título de Professora Emérita da FFLCH

A cerimônia de outorga foi realizada no dia 27/05, no Salão Nobre do prédio da Diretoria e Administração da Unidade

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Eliete Viana
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“A convivência com meus alunos sempre foi o ponto alto da minha carreira. Deles recebi aprendizado, estímulos e uma troca profícua de conhecimentos. E a eles sou muito grata. E não tem como me sentir orgulhosa de ver muitos deles sendo docentes em várias universidades pelo Brasil”, ressaltou a nova professora emérita da FFLCH Maria Helena Rolim Capelato, durante seu discurso de agradecimento ao título recebido pela Faculdade
 

Na tarde desta sexta-feira, dia 27 de maio, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP concedeu o título de Professora Emérita à Maria Helena Rolim Capelato, docente do Departamento de História, em cerimônia realizada no no Salão Nobre do prédio da Diretoria e Administração da Faculdade.

O diretor da FFLCH, Paulo Martins, iniciou o evento comentando que durante o percurso da sala da Diretoria até o Salão Nobre – localizado no fim de um dos corredores do prédio – ele passou pela Galeria de Professores Eméritos e refletiu sobre o significado da concessão deste título e a importância para a Faculdade. 

"Este caminho, que é um percurso do conhecimento, ele corresponde a uma homenagem à ciência, à sabedoria e à educação (...) cerimônias como essa é um momento de resistência [e uma homenagem] a uma professora tão importante para o Departamento de História", destacou o dirigente.

Martins também lembrou que a outorga deste título é a primeira cerimônia desta natureza que ele participa como diretor da Faculdade. "Sinto muito honrado em presidir a minha primeira cerimônia de outorga do título de Professor Emérito e de estar aqui com os colegas para diplomar a nossa Professora Emérita Maria Helena Capelato".

Depois, a homenageada foi conduzida ao Salão Nobre pelas professoras eméritas Maria de Lourdes Monaco Janotti e Maria Lígia Coelho Prado, que também são do Departamento de História.

"Estou extremamente honrada em estar nesta cerimônia como chefe do Departamento de História representando meus colegas", declarou a professora Maria Cristina Correia Leandro Pereira, que lamentou não ter tido a oportunidade de ser aluna da homenageada, mas que pode conviver com ela em outros momentos e ver sua explanação durante uma aula magna do curso de História, por exemplo.
 

Mesa da cerimônia de outorga do título de Professora Emérita à Maria Helena Rolim Capelato
(Da esq. p/ dir.) O professor do Departamento de História Marcos Francisco Napolitano de Eugenio; a chefe do Departamento de História, Maria Cristina Correia Leandro Pereira; a agora professora emérita Maria Helena Rolim Capelato; o diretor da FFLCH, Paulo Martins; e a vice-diretora da FFLCH, Ana Paula Torres Megiani - Foto: Beatriz Alves / FFLCH-USP


Três dimensões 

A saudação à homenageada foi feita pelo professor Marcos Francisco Napolitano de Eugenio, do Departamento de História, que apesar de não ter tido aulas na graduação com Maria Helena, foi orientando dela no mestrado e no doutorado.

O docente frisou a alegria em participar de uma cerimônia como essa na Faculdade após o tempo de trabalho de forma remota. "É sempre bom podermos nos reunir, sobretudo presencialmente, nestes tempos de pandemia e outras mazelas que vem degradando o espaço público. Encontros, para além de qualquer cerimonial, são momentos de afirmação do afeto e de valores partilhados. Assim, eu gostaria de iniciar essa saudação acadêmica, mas também afetiva, à minha querida professora, orientadora, colega e amiga, Maria Helena Capelato".

Ele acredita que ser reconhecido como um Professor Emérito envolve algumas dimensões fundamentais do homenageado e, dentro destas dimensões fundamentais, ele destacou a dimensão profissional, a dimensão política e a dimensão humana.

Na dimensão profissional, Napolitano destacou que a atuação de Maria Helena ao longo de mais de 25 anos como professora e pesquisadora do quadro ativo do Departamento de História da USP foi essencial para fortalecer a área de história da América Latina na USP; que ela contribuiu para a formação de dezenas de especialistas em História do Brasil e das Américas, que hoje atuam em diversas universidades brasileiras; e que, atualmente, ela desenvolve pesquisa original sobre o uso da propaganda política pelos regimes militares latino-americanos dos anos 1960 e 1970. 

E, além de forte atuação dentro da sua instituição de vínculo profissional, Maria Helena teve experiências importantes na administração de tradicionais entidades científicas de grande prestígio e importância na área.

Na dimensão política, que segundo Napolitano vai muito além da instituição universitária e dos espaços científicos, "Maria Helena trouxe para esses espaços os valores democráticos que sempre pautaram sua atuação como historiadora e cidadã, combinando posições firmes em defesa do diálogo, da liberdade de ensino e pesquisa, de uma universidade pública e inclusiva, dos direitos humanos, criando pontes entre a democracia no macro e no micro, como se costuma dizer. Nos tempos atuais, nem seria necessário dizer que essas práticas e valores são balizas de um campo de resistência contra o obscurantismo, a ignorância e a truculência que veem balbúrdia onde existe liberdade coletiva", ressaltou.

Sobre a dimensão humana, o professor comentou que seria difícil traduzir em palavras, mas explicou um pouco do que queria dizer.

"Maria Helena traduzia as palavras “acolhimento” e “empatia”, hoje tão banalizadas nas redes sociais, em ações efetivas e uma sólida relação afetiva e acadêmica, agregando indivíduos distintos e diversos, de várias origens sociais, raciais, ideológicas e culturais. Essa diversidade também se traduzida na liberdade teórica e temáticas que ela sempre proporcionou aos seus orientandos. Posso dizer, pessoalmente, que Maria Helena me transformou em um historiador, mas também me ensinou, pelo exemplo, que isso nada significa sob o ponto de vista social e existencial se não vier acompanhado de empatia, bom humor, boa conversa sobre o cotidiano, ambiente afetivo e acolhedor", declarou Napolitano, que neste momento soltou sorrisos da plateia ao dizer que "ela foi uma orientadora casamenteira" ao revelar que Maria Helena foi madrinha do seu casamento com uma também orientanda dela, há 26 anos.

"Enfim, os saberes e afetos espalhados por Maria Helena, sua sensibilidade social e seu caráter agregador, são qualidades que não podem ser quantificadas, mas que são fundamentais para dar sentido humano (mas também político, em sentido amplo do termo), a uma carreira, em si mesma, brilhante, e que hoje, está sendo justamente homenageada, terminou a saudação.
 

Maria Helena Rolim Capelato
A nova professora emérita da FFLCH, Maria Helena Rolim Capelato - Foto: Beatriz Alves / FFLCH-USP


Agradecimentos 

Após receber o diploma de Professora Emérita, Maria Helena agradeceu à Faculdade pela concessão do título, a presença do público e fez reflexão sobre sua carreira.

Sendo assim, ela lembrou que era boa aluna nos anos iniciais escolares mas não gostava de estudar; que acabou optando pelo curso de História ao invés de Ciências Sociais, mesmo sendo este segundo muito badalado na época, escolha que ela não se arrependeu; que participou da batalha da Maria Antonia, onde fazia algumas disciplinas do curso de Ciências Sociais.

Sobre as relações estabelecidas, ela citou as professoras que a conduziram até o local da cerimônia – Maria de Lourdes Monaco Janotti e Maria Lígia Coelho Prado – e Suely Robles Reis de Queiroz, também professora do Departamento de História, com as quais mantêm amizade por muitas décadas, desde a época da graduação. 

E não poderia deixar de falar sobre os seus alunos, com muitos dos quais ela estabeleceu uma relação fora da universidade. “A convivência com meus alunos sempre foi o ponto alto da minha carreira. Deles recebi aprendizado, estímulos e uma troca profícua de conhecimentos. E a eles sou muito grata. E não tem como me sentir orgulhosa de ver muitos deles sendo docentes em várias universidades pelo Brasil”.
 
Ela recordou que, junto com Maria Lígia, com quem fez a pesquisa de mestrado em dupla, foi pioneira em estudos na área de imprensa e história; que a vida acadêmica a levou a conhecer vários países e universidades. 

“Só posso me sentir orgulhosa, privilegiada de fazer parte e ter o reconhecimento de uma instituição renomada como a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, a qual eu serei eternamente grata”, finalizou a professora Maria Helena.

A cerimônia foi prestigiada por muitos professores e ex-alunos de História da nova professora emérita da FFLCH e também pela ex-diretora da FFLCH, Sandra Margarida Nitrini, no período de 2008 a 2012, e do vice-diretor, na mesma época, Modesto Florenzano.