Direção da FFLCH toma posse em cerimônia virtual

"Nossa tarefa é a coordenação de suas partes, nossa tarefa é a sistemática defesa de suas diferenças, nossa tarefa é dialogar com suas peculiaridades, nossa tarefa é vive-la diária e intensamente", disse o diretor sobre o papel da nova gestão

Por
Eliete Viana
Data de Publicação


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mesa da cerimônia de posse
(esq. p/ dir.) O diretor da FFLCH, Paulo Martins; o secretário-geral da USP, Pedro Vitoriano de Oliveira; o reitor da USP, Vahan Agopyan; o vice-reitor da USP, Antonio Carlos Hernandes; a ex-diretora da FFLCH, Maria Nascimento Arruda; e a vice-diretora da Faculdade, Ana Paula Torres Megiani - Foto: Fábio Nakamura / Audiovisual-FFLCH-USP 


Na manhã desta sexta-feira, dia 11 de dezembro, foi realizada a cerimônia de posse da nova direção da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, formada pelo diretor Paulo Martins e pela vice-diretora Ana Paula Torres Megiani. O evento aconteceu no Salão Nobre da Faculdade, sem a presença de público externo e atendendo a todas as recomendações das autoridades sanitárias - com o uso de máscaras e distanciamento social - e teve transmissão on-line pelo canal do FFLCH no YouTube.

A cerimônia teve início com a execução do Hino Nacional, depois foi o momento da leitura do termo de compromisso pelo diretor e vice-diretora e a leitura do termo de posse pelo secretário-geral da USP, Pedro Vitoriano de Oliveira. 

Discurso 

Paulo Martins começou dizendo que, desde sua eleição como diretor [que ocorreu em setembro], tem refletido acerca do tempo e lembrou da época que ingressou na FFLCH, que o acolheu em 1984, então com 22 anos, como aluno do curso de Letras - sua segunda graduação após iniciar a graduação em Direito mas sem concluir.

O diretor ressaltou a diversidade que se encontra na Faculdade, o despertar da razão e a transformação de seus membros em pessoas críticas e empedernidas. "Éramos, somos a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e temos tanto orgulho de nossa instituição, que esse orgulho chega extrapolar ao amor e muita vez, à razão também. Hoje aproveito e respondo a um colega que publicamente enfatizou que nós da FFLCH não cuidávamos dela. Meu caro, amamos muito a FFLCH e dela cuidamos muito também. E estar à frente de sua gestão é o maior sinal de respeito e cuidado que podemos lhe dar. Atenção e respeito que também exigimos de todos, todos os dias", declarou.

Martins falou dos desafios de dirigir uma Unidade de Ensino e Pesquisa da USP do tamanho da FFLCH: que possui cinco cursos de graduação, quase 25 programas de pós-graduação, 11 departamentos, cerca de 14 mil alunos (graduação, pós-graduação e extensão), 300 funcionários, 420 professores, seis prédios e uma biblioteca com 300 mil volumes. E também agradeceu alguns professores destacados da instituição, em nome de todos os colegas da Faculdade: ​​​​​​​


"Gerir a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo é perturbador, é complexo, é difícil, para alguns, impossível. Nossa tradição, nosso tamanho, nossa significação e nossa diversidade confirmam o paradoxo de Fernando Pessoa: entre ser nada e ter todos os sonhos possíveis. Nossos Professores e Professoras desmascaram, põem a nu nossa tradição formadora. Hoje penso em apenas alguns e os agradeço em nome de todos os colegas: obrigado Alfredo Bosi, Antonio Candido, Aziz Ab'Saber, Bento Prado Júnior, Boris Schnaiderman, obrigado Claude Levi-Strauss, Décio de Almeida Prado, Eurípedes Simões de Paula, Fernando Henrique Cardoso, Florestan Fernandes, obrigado Francisco de Oliveira, Francisco Weffort, Gilda de Mello e Souza, João Adolfo Hansen, João Cruz Costa, obrigado José Arthur Giannotti, José de Souza Martins, José Luiz Fiorin, Leon Kossovicht, Leonor Lopes Fávero, obrigado Leyla Perrone-Moisés, Maria Isaura Pereira de Queiroz, Marilena Chaui, Milton Santos, Newton da Costa, obrigado Octavio Ianni, Olgária Matos, Oswaldo Porchat, Paulo Arantes, Renato Janine Ribeiro, obrigado Roberto Schwarz, Roger Bastide, Ruth Cardoso, Ruy Fausto e Sérgio Buarque de Holanda e, além de todos esses, agradeço também aos ex-diretores que nos cercam neste salão nobre, que estão aqui representados pela minha amiga Maria Arminda, como que nos desafiando, a mim e a Ana Paula, sobre a responsabilidade de dirigir a FFLCH, afinal, todos eles ajudaram a construir o nome de nossa Faculdade".
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Para finalizar, Martins comentou sobre a tarefa que cabe a ele e à vice-diretora nos próximos quatro anos de gestão: "Nossa tarefa é a coordenação de suas partes, nossa tarefa é a sistemática defesa de suas diferenças, nossa tarefa é dialogar com suas peculiaridades, nossa tarefa é vive-la diária e intensamente. Mas não sem nos esquecermos, como já disse há quatro anos atrás, citando Virgílio: Fortis Fortuna Adiuat, isto é, a sorte ajuda os bravos. Sendo assim, Ana Paula, coragem!". Confira aqui a íntegra do discurso do diretor. 

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diretor Paulo e vice-diretora Ana Paula
O diretor e a vice-diretora Ana Paula na cerimônia. "Hoje o passado se concretiza no presente. Hoje tenho a memória do futuro. Minha predisposição àquilo que é coletivo aflora. Gosto do que posso fazer pela FFLCH, pela USP. Retribuo nos anos de gestão tudo o que aprendi aqui, tudo que conquistei aqui. Hoje, antes de tudo, é um dia de agradecimento", declarou Paulo Martins durante discurso de posse - Foto: Fábio Nakamura / Audiovisual-FFLCH-USP


Otimismo responsável

O reitor da USP, Vahan Agopyan, iniciou sua fala agradecendo Maria Arminda do Nascimento Arruda, pela sua dedicação na diretoria da Faculdade (2016-2020), dentro da Universidade, pela educação pública, por sua carreira acadêmica, e que atualmente ainda continua contribuindo com a Universidade, através da coordenação do Escritório USP Mulheres – ao qual ela está à frente desde outubro de 2019. "É um exemplo dos dirigentes, preocupada com a Universidade e não só com a sua Faculdade”. ​​​​​​​E também agradeceu, em nome da USP e da comunidade uspiana, o novo diretor e a nova vice-diretora, pelo desafio de aceitarem participar da gestão da Universidade.

Agopyan lembrou do contexto atual em que o negacionismo e a desvalorização da ciência resulta em agressão às universidades, que coloca em risco a autonomia universitária. O dirigente destacou a renovação que acontece na gestão universitária a cada quatro anos, já que não existe reeleição em nenhuma instância dos cargos eletivos das Unidades de Ensino e Pesquisa e da Reitoria. Além disso, o reitor frisou uma peculiaridade da USP, “que as Unidades têm sua independência, tem um caráter próprio, o que faz com que as Unidades não sejam pasteurizadas e tenham sua diversidade”. 

“Serão anos difíceis, mas compartilho com vocês otimismo responsável: vamos vencer estes desafios! E tenho certeza que os nossos sucessores daqui há quatro anos vão encontrar uma Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas mais fortalecida dentro de uma Universidade de qualidade. Parabéns a vocês, obrigado a vocês! Boa sorte e vamos continuar a nossa luta!", desejou o reitor.

Mandato

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O mandato do novo diretor e da nova vice-diretora teve início em 26 de setembro. Desde então, mesmo neste período de pandemia, os dirigentes têm feitos reuniões virtuais com a comunidade para planejar o próximo ano e a gestão. A eleição foi realizada no dia 16 de setembro, por meio de sistema eletrônico de votação, cujo colégio eleitoral é composto pelos membros dos Conselhos dos Departamentos e da Congregação da Faculdade.
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Paulo é docente do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas desde janeiro de 1999. Mas, sua carreira de docente começou antes ao lecionar Língua e Literatura Latina em diversas universidades particulares de São Paulo e na Universidade Estadual Paulista (Unesp) “Júlio de Mesquita Filho” – campus Assis, além de ter sido professor de Literatura e Língua Portuguesa no Ensino Médio em colégios de São Paulo. Foi professor visitante no King's College London da University of London (2012), Reino Unido, e na Yale University (2013-2014), Estados Unidos. Na área administrativa, foi coordenador do programa de pós-graduação em Letras Clássicas (2009-2011), vice-chefe do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas (2015-2016) e vice-diretor da FFLCH (2016-2020).

Ana Paula é do Departamento de História. Ingressou como docente em março de 2003, na área de História Ibérica. Foi professora de História do Brasil nos Ensinos Fundamental e Médio no Colégio Equipe (1992-1997). Entre 2013 e 2015 foi co-ministrante do Master de Estudios Brasileños, convênio entre as Universidades de São Paulo e Salamanca (Espanha), na área de História do Brasil. É pesquisadora da Cátedra Jaime Cortesão da FFLCH desde 2002. Desde maio de 2019, é coordenadora do Laboratório de Estudos sobre os Impérios Ibéricos, séculos XV-XVIII, (Finisterra_Lab) e desde abril do mesmo ano é a diretora do Centro de Apoio à Pesquisa História (CAPH) no Departamento de História, cargo no qual estará à frente até abril de 2021.