Alunos da FFLCH relatam suas experiências de intercâmbio durante a pandemia

Em evento on-line, seis alunos da Faculdade, que estão na Europa e na Ásia, contaram sobre as aulas em universidades estrangeiras e a vivência em outro país neste período

Por
Eliete Viana
Data de Publicação

 

Apresentação Webinar
​​​​​​​Em fusos horários diferentes - em São Paulo, Paris, Lausanne, Budapeste e Tóquio - o bate-papo teve a participação de Ruy Braga, Luiz Augusto e Camila Ceccato (na primeira linha); de Francisco Spagnolo, Arieli Santiago e Fernanda Guerrelhas (na segunda); e, Paulo Mesquista, Vivian de Castro e Márcia Cassemiro (na última linha) - Reprodução YouTube

 

Na manhã da sexta-feira, dia 18 de dezembro, foi realizado o webinar Intercâmbio em tempos de pandemia: bate-papo com alunos da FFLCH no exterior, promovido pela Comissão de Cooperação Internacional (CCInt) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, no canal da FFLCH no YouTube.

O webinar teve o intuito de debater as atividades de intercâmbio neste tempo de pandemia, como uma forma de saber das vivências atuais dos intercambistas e realizar uma troca de experiências com os alunos da FFLCH que pretendem fazer intercâmbio.

Mediado pelo presidente da CCInt, professor Ruy Braga, a conversa teve a participação de três alunas e três alunos que estão realizando intercâmbio acadêmico no exterior. De acordo com a ordem de apresentação no evento, dois alunos estão em Paris, França: Paulo Mesquista, Université Paris Nanterre, e Fernanda Guerrelhas, Université Paris. Uma aluna está em Budapeste, Hungria: Arieli Santiago, Eötvös Loránd University. Dois na Suíça: Francisco Spagnolo e Camila Ceccato, ambos na Université de Lausanne, na cidade de mesmo nome. E um em Tóquio, Japão: Luiz Adorno, na Sophia University.

Todos eles pediram pra prorrogar por um tempo a mais o período de intercâmbio e, excepcionalmente, foi concedido por conta da pandemia. Pois, como a Faculdade não enviou nenhum aluno neste ano para estudar fora, já que a USP proibiu a realização dos intercâmbios, não teria problema de vagas nas universidades do exterior. Segundo eles, a prorrogação da permanência foi importante para conseguirem conhecer mais da cultura do local do intercâmbio.

Os alunos comentaram sobre as aulas, as regras de isolamento social decretadas em cada país, as atividades fora do ambiente estudantil, o custo de vida e se vale a pena, segundo a vivência deles, iniciar um intercâmbio durante este período de pandemia. 

Aulas

Paulo contou que no início da pandemia alguns professores estavam “perdidos” com a forma de dar aula. Já Francisco lembrou que uns professores não deram aulas on-line, só davam o conteúdo e exercícios via plataforma, enquanto outros davam aulas on-line normalmente. Porém, no segundo semestre, as atividades acadêmicas já estavam mais unificadas, com todos os professores dando aula virtual sem problemas. 

No Japão, Luiz disse que no começo de 2020 voltaram normalmente às atividades, porque ninguém imaginava que as coisas estavam piorando. Depois, com a pandemia pararam e voltaram virtualmente em maio. Segundo ele, a Sophia University foi a última universidade da região de Tóquio que decidiu que as aulas seriam on-line. Mas, quando começaram toda a estrutura para as aulas já estava pronta, o que o deixou surpreso. Além disso, a instituição deu auxílio aos alunos que precisavam de computador e internet para acompanharem as aulas.

Socialização

Os alunos que estão na Suíça, Francisco e Camila, contaram que, por terem iniciado o intercâmbio em setembro de 2019, conseguiram aproveitar a vivência estudantil na cidade de Lausanne antes da pandemia. Camila participou de muitos eventos organizados para os intercambistas da universidade e foi visitar fábrica de chocolate, de queijos e artefatos de Natal, por exemplo. Ela destacou que a cidade de Lausanne é muito internacional e que recebe muitos intercambistas e, justamente por isso, teve mais contato com pessoas de fora, do que da Suíça. Além disso, ela ressalta que o convívio estudantil é bem pouco durante a pandemia.

A restrição de circulação nas cidades em vigor por causa do lockdown alterou muito a socialização dos intercambistas, segundo Paulo. Pois, para ele, além dos franceses serem mais fechados e “mais na deles”, eles foram um dos povos que mais respeitaram o confinamento, pois o governo estabeleceu uma multa para quem saísse às ruas sem uma boa justificativa. Por tudo isso, Paulo só foi fazer contato com franceses agora no segundo semestre, quando professores pediram para os alunos realizarem trabalhos em grupos e daí se organizaram por WhatsApp.

Em Paris, Fernanda procurou lugares para fazer atletismo, esporte que ela já pratica na USP, e se inscreveu em um clube, local que lhe ajudou a ter um contato extra faculdade com os franceses. E, durante o isolamento, os professores enviavam treinos e os alunos interagiam entre si. Mas, em geral, ela também acha difícil ter contato com os alunos na universidade. “A gente não faz amizade no primeiro dia de aula, como fazemos no Brasil”, comentou. E, por isso, ela acabou fazendo mais contato com outros intercambistas. Além disso, como a capital francesa é uma cidade muito turística, a cidade ficou muito vazia na época de maior restrição.

Em Lausanne, Francisco também procurou um local para a prática esportiva, mas dentro da universidade como o Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp), o que possibilitou estabelecer amizades. O prédio onde ele mora foi outro local de interação. Ele lembra que a última vez que fez alguma atividade cultural foi uma ida a um museu, em agosto. Em Budapeste, durante a abertura no verão europeu (de junho a setembro), os museus foram abertos, o que possibilitou Adrieli vivenciar um pouco mais da cidade.  

Segundo Luiz, no Japão nunca teve lockdown, apesar das restrições de distanciamento social e a adesão ao uso da máscara – teve um período que até faltou máscara para comprar. Na universidade, ele teve mais convívio social com outros intercambistas ou japoneses que também foram fazer intercâmbio em outros países e voltaram a estudar na Sophia.

Trabalho 

Francisco dá aulas de português e indicou Camila para dar aulas também, o que ela fez por pouco tempo antes da pandemia. Durante, ela trabalhou cozinhando para uma senhora francesa de mais de 80 anos, a qual tinha sido professora de francês, ficando confinada com ela por um mês, o que acabou sendo uma oportunidade de obter outros conhecimentos da língua.  

Fernanda atua como babá, o que a faz ter contato constante com uma família francesa. Luiz está trabalhando em um restaurante japonês de comida brasileira, que tem mais japoneses como funcionários, os quais estiveram muito presentes em seu intercâmbio.  

Custo de vida 

Todos afirmaram que não sentiram aumento nos preços, apesar da alta desvalorização do Real em relação à moeda dos países em que estão. Luiz até lembrou de uma frase muito dita pelos brasileiros quando viaja ao exterior “quem converte não se diverte!”, para comentar sobre a desvalorização da moeda brasileira e que as coisas no Japão não estão caras, mas ao converter em Real o valor é alto. Com o agravamento da pandemia, Fernanda recebeu um auxílio do governo francês, assim como Luiz que recebeu do governo japonês. 

Intercâmbio na pandemia

Arieli disse que, provavelmente, não começaria um intercâmbio durante a pandemia, apesar de gostar de estar lá na Hungria. Porque, se perde muito da vivência, então ela orientaria os alunos que pretendem fazer intercâmbio esperarem mais um pouco. Luiz, apesar do Japão não estar muito restrito, ele também acha que não vale muito a pena por causa da perda da vivência universitária. Camila acredita que, talvez, a partir de setembro de 2021 seja melhor pensar em ir fazer intercâmbio.

Apoio CCInt

Os alunos agradeceram à equipe da CCInt pela realização do encontro e oportunidade de falarem sobre suas experiências, além do acompanhamento deles no exterior durante o intercâmbio. Pois, como Francisco ressaltou “já é difícil dar suporte aos alunos estando fora, ainda mais nestes tempos”, e lembrou de receber e-mails da CCInt enviados às 22h no fuso horário de Brasília, “o que já mostra a dedicação ao trabalho da equipe”. 

Ao final, o presidente da CCInt pediu para os intercambistas deixarem seus contatos e todos os alunos se dispuseram a tirar dúvidas com alunos da FFLCH que desejam fazer intercâmbio no futuro. “Conseguimos ter um panorama muito rico e diversificado [com o encontro], e que demonstra também os desafios de todas as universidades no mundo durante a pandemia (...) Quem tiver interesse em fazer, planejar intercâmbio, pode ter certeza que terá o apoio da CCint nos seus respectivos projetos”, destaca o presidente.

A Agência USP de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional (Aucani) deixou a cargo de cada Unidade de Ensino e Pesquisa da Universidade decidir sobre a recepção de alunos estrangeiros para intercâmbio. E, segundo a CCInt, a FFLCH decidiu não aceitar alunos estrangeiros no próximo ano, enquanto a pandemia ainda continuar. Mas, será permitido que os alunos da Faculdade realizem intercâmbio se entregarem uma série de documentos.

Clique aqui para conferir como foi o webinar Intercâmbio em tempos de pandemia: bate-papo com alunos da FFLCH no exterior.