Congregação da FFLCH apoia manifesto de professores da Faculdade de Medicina da USP sobre a pandemia

Na sessão do colegiado, as pautas foram questões técnicas de políticas acadêmicas, assuntos relacionados à carreira dos docentes e teve também um texto da CDDH sobre as condições de moradia do Crusp aprovado para divulgação

Por
Eliete Viana
Data de Publicação


​​​​​​​Nesta quinta-feira, dia 18 de março, foi realizada a 391ª sessão da Congregação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. A reunião teve como tema questões técnicas de políticas acadêmicas e assuntos relacionados à carreira dos docentes dentro da Unidade.

As questões técnicas foram a alteração do nome do Centro Interdepartamental de Tradução e Terminologia que passará a ser denominado como Centro Interdepartamental de Estudos em Tradução e Terminologia, mantendo a sigla CITRAT; e a indicação de dois professores como representantes junto ao Conselho Deliberativo do Centro Interunidade de História da Ciência da USP, Sueli Angelo Furlan e Tercio Loureiro Redondo, que são do Departamento de Geografia e de Letras Modernas, respectivamente. 

Os assuntos relacionados à carreira dos docentes dentro da Unidade foram o ingresso no programa de professor sênior, o concurso docente para livre-docência e a discussão dos critérios da progressão na carreira docente – que vem sendo debatida pela Comissão de Avaliação da Carreira Docente e posta para apreciação já em algumas reuniões de colegiado.

Covid-19

Durante o expediente – em que os membros da Direção, representação da Congregação no Conselho Universitário, presidentes das Comissões da Faculdade e outros representantes fazem os seus informes de interesse para toda a comunidade –, o diretor da FFLCH, Paulo Martins, aproveitou a ocasião para ler o manifesto divulgado pelo colegiado dos professores titulares da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) sobre a pandemia de Covid-19, no dia 16. E, sugeriu que a Congregação da Unidade apoiasse o mesmo, "pois quando professores da Faculdade de Medicina se manifestam sobre uma questão tão séria, nós temos mesmo é que apoiar". 

O apoio foi aprovado, apesar de alguns membros do colegiado da FFLCH terem expressado preocupação sobre o documento não mencionar o Hospital Universitário (HU) da USP. 

Ainda sobre Covid-19, na última sexta-feira, dia 12, – data em que completou um ano da primeira morte pelo novo coronavírus no Brasil –a FFLCH divulgou em suas redes sociais um cartaz em solidariedade às famílias das vítimas e colocou também, permanecendo desde então, uma faixa preta e uma mensagem de apoio no topo de seu site.

A iniciativa faz parte de uma ação conjunta das três universidades estaduais paulistas: USP, Unesp e Unicamp, que se juntaram em campanhas pela vida, vacinas e pela produção científica nacional como um todo. As Reitorias das três universidades instalaram faixas pretas em suas fachadas, em sinal de luto e solidariedade às centenas de milhares de mortes ocorridas no Brasil em decorrência da doença. Na USP, além da FFLCH, Unidades como Esalq, FEA, ICMC, IQSCC também aderiram à ação. 
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site FFLCH - faixa Luto pela Vida


Outro comunicado apresentado, e que foi aprovado para ser divulgado também, foi o que a Comissão de Defesa de Direitos Humanos (CDDH) fez sobre as condições de moradia do Conjunto Residencial da USP (Crusp). Segundo a presidente da CDDH, Tessa Moura Lacerda, o texto foi redigido a partir de reclamações recebidas por alunos da FFLCH que moram no Crusp. E, como o conjunto é de responsabilidade da Superintendência de Assistência Social (SAS), o que cabe à Faculdade é fazer chegar estas reclamações à SAS através de ofício que será enviado a este órgão central da Reitoria. Clique aqui para acessar o comunicado.   

Leia, abaixo, o manifesto do Colegiado dos professores titulares da FMUSP na íntegra: 

​​​​​​​Pandemia de COVID-19: é urgente agirmos juntos e já 

O colegiado dos Professores Titulares da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) vem manifestar publicamente sua preocupação com o grave momento que atravessamos no Brasil. Enfrentamos uma das maiores crises sanitárias e humanitárias de nossa história. Vivemos um recrudescimento assustador do número de casos notificados de adoecimento pela COVID-19 e já alcançamos o patamar trágico de mais de 2.000 mortes diárias pela doença.

Danos igualmente graves, são os devastadores efeitos afetivos e materiais dessas mortes para as famílias e comunidades dos que se foram; as sequelas persistentes em muitos dos que conseguiram ultrapassar a fase aguda da doença; o colapso dos serviços de saúde e esgotamento dos profissionais, não prejudicando apenas o provimento da assistência aos pacientes com COVID-19, mas também obstruindo o acesso de pacientes com outros tipos de demandas urgentes e relevantes.

Um desafiador agravante da situação é o surgimento de variantes do SARS-CoV-2, que tem tornado ainda mais urgente nossa corrida pela imunização e, mais importante, pela implementação de medidas estruturais e comportamentais de controle da pandemia.

Para isso, juntamos nossas vozes às daqueles que conclamam autoridades, profissionais, formadores de opinião e cada cidadão e cidadã de nosso país a assumir radicalmente o compromisso com a construção de uma resposta efetiva e solidária para superarmos esse triste cenário.

Sabemos que a tarefa é complexa e exigirá esforços, mas já temos clareza de caminhos a seguir:
1) coordenação dos diversos níveis da administração – federal, estaduais e municipais – para otimizar a capacidade do SUS na resposta à pandemia no país, das Unidades Básicas às UTIs;
2) implementação de estratégias de testagem, rastreamento e isolamento de casos e contatos;
3) vigilância genética para identificação precoce das variantes virais;
4) adoção de medidas radicais de lockdown nas regiões mais acometidas, com estratégias socialmente pactuadas para garantir adesão e eficácia;
5) desenvolvimento de políticas emergenciais intersetoriais para prover as condições materiais e logísticas necessárias para a adequada adesão das pessoas às políticas de isolamento físico, especialmente para as regiões e populações em situações de maior vulnerabilidade;
6) realização de uma estratégia de comunicação social capaz de promover uma cultura de prevenção que oriente e estimule as pessoas ao uso de máscara, higiene das mãos e a evitar aglomerações;
7) envolvimento das lideranças de grupos atingidos e comunidades em situação de vulnerabilidade para identificar necessidades e estratégias adequadas às diversas situações locais;
8) emissão de normas técnicas para os diversos espaços de interação (escolas, indústrias, comércio, entre outros) para diminuir o risco ambiental de transmissão, cuidando especialmente do transporte público para garantir a não aglomeração atual;
9) aceleração significativa do programa de vacinação, com critérios estratégicos para priorização de populações-alvo; 
10) medidas de combate às notícias falsas, desinformação e más práticas de prevenção e tratamento. 

Como se vê, há a necessidade de um firme compromisso ético e político para que essas medidas sejam postas em operação e para que consigamos construir o futuro de progresso e bem-estar, com justiça social e liberdade, que buscamos para nossa população. Os Professores Titulares da FMUSP reiteram esse seu compromisso e, mais uma vez, somam-se aos que trabalham para que um futuro de saúde e prosperidade seja o mais rapidamente possível o nosso presente.