Sergio Miceli vai receber o 64º título de Professor Emérito da FFLCH

Sociólogo com ênfase em Sociologia da Cultura, discípulo e divulgador da obra de Pierre Bourdieu no Brasil, o docente é o atual diretor-presidente da Edusp, cargo que está exercendo pela segunda vez

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Eliete Viana
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convite cerimônia de outorga do título de Professor Emérito - Sergio Miceli

 

Na tarde do dia 4 de novembro, sexta-feira, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP vai outorgar o título de professor emérito a Sergio Miceli, em cerimônia que será realizada na Sala do Conselho Universitário da USP, no térreo do prédio da Reitoria.

Miceli será o 64º docente a receber este título pela FFLCH e o 14º do Departamento de Sociologia contemplado com a homenagem.

Sociólogo com ênfase em Sociologia da Cultura, Miceli tem graduação em Ciências Políticas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), com mestrado e doutorado pela FFLCH-USP, e também um doutorado pela École des hautes études en sciences sociales, França. É docente da FFLCH-USP desde 1989 e, mesmo após a aposentadoria, continua atuando como professor sênior na Unidade.

Obras

"Entre os cientistas sociais brasileiros, é consenso atribuir à obra de Sérgio Miceli Pessoa de Barros a qualidade de periodizar o campo da sociologia da cultura no Brasil. A sua vasta produção sociológica combina apuro analítico, domínio da teoria social, construção de problemas de pesquisa incomuns ao cânone assentado, visadas interpretativas inusitadas", destaca Maria Arminda do Nascimento Arruda, colega de Departamento de Miceli e atual vice-reitora da USP, no texto de apresentação sobre o homenageado.

Sobre a sua produção bibliográfica de Miceli, pode-se destacar as obras A Noite da Madrinha (1972) e Intelectuais e Classe Dirigente no Brasil 1920-1945 (1979), que são, respectivamente, frutos de sua dissertação de mestrado e doutorado na USP.

Outros livros de relevância são: Imagens Negociadas. Retratos da Elite Brasileira 1920-1940 (1996); Intelectuais à brasileira (2001); Nacional Estrangeiro. História Social e Cultural do Modernismo Artístico em São Paulo (2003); Vanguardas em Retrocesso. Ensaios de História Social e Intelectual do Modernismo Latino-americano (2012); Sonhos da Periferia Inteligência Argentina e Mecenato Privado (2018); Lira Mensageira. Drummond e o Grupo Modernista Mineiro (2022).

"As análises que afloram da lavra de Sérgio Miceli filiam-se ao seguimento do pensamento inovador, pois, no panorama da sociologia brasileira, raramente se viu a construção de uma biografia capaz de combinar tal envergadura, inclusive na área da pesquisa, a exemplo do projeto, por ele coordenado, sobre A História das Ciências Sociais no Brasil, desenvolvido no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IDESP), entre 1987-1991, que resultou na principal obra de referência no assunto", ressalta Maria Arminda.

A professora chama atenção também para o fato de Sérgio Miceli ser discípulo e divulgador da obra de Pierre Bourdieu no Brasil, que o orientou no doutorado na França, sendo um dos interlocutores mais reconhecidos no âmbito internacional, sobretudo em instituições da França e Estados Unidos, nas quais foi professor e pesquisador. "Como se sabe, o legado do sociólogo francês redirecionou os rumos das ciências sociais nas últimas décadas, tornado referência inescapável, em especial das pesquisas em sociologia da cultura entre nós e no exterior", frisa. 

Cargos e prêmios 

Antes da FFLCH, Miceli lecionou na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Marília (1969) e na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Araraquara (1970), ambas Unidades da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp); na Fundação Getúlio Vargas (1971-1986); e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), (1984-1985). E foi professor visitante de algumas instituições: École des hautes études en sciences sociales, França; University of Florida (1987-1988), University of Chicago (1991-1992) e Stanford University (2001-2002), todas nos Estados Unidos.

Em editoras, atuou como membro do conselho editorial na Editora Perspectiva (1971-1974) e consultor-chefe na Editora Abril (1980-1981). Esteve na Secretaria Executiva da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências Sociais (Anpocs), (1983-1988); na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) foi membro de comissão e presidente de comitês (1984-1992); e foi diretor-presidente da Editora da Universidade de São Paulo (Edusp), (1994 a 1999), cargo que voltou a exercer novamente, na atual gestão reitoral que assumiu no final de janeiro deste ano.

O docente também é membro titular da Academia Brasileira de Ciências, desde 2010. Foi agraciado com o prêmio de melhor obra em Ciências Sociais para o livro A elite eclesiástica brasileira (1890-1930), pela Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências Sociais (Anpocs), fruto de sua tese de livre-docência; a Ordem Nacional do Mérito Científico - classe comendador (2005); e a Ordem de Rio Branco (2010). 

Professores de destaque

O título de professor emérito é uma distinção concedida, segundo o artigo 93 do Estatuto da USP, a professores aposentados que se destacaram por atividades didáticas e de pesquisa ou contribuíram, de modo notável, para o progresso da Universidade.

A concessão pode ser feita pela Universidade e por suas Unidades e depende de aprovação de dois terços, respectivamente, dos componentes do Conselho Universitário ou das Congregações. No caso das Unidades de Ensino e Pesquisa, a indicação dos nomes é feita pelo Departamento ao qual o docente é vinculado.

A outorga do título foi aprovada na 386ª sessão da Congregação da FFLCH, realizada em 17 de setembro de 2020.

A sessão solene de concessão do título de professor emérito a Sergio Miceli será realizada no dia 4 de novembro, sexta-feira, às 14h, na Sala do Conselho Universitário da USP, no térreo do prédio da Reitoria, localizado na Rua da Reitoria, 374 – Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações: academica.fflch@usp.br