Exposição: 20 anos da greve estudantil de 2002

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E-mail
caph@usp.br
Docente responsável pelo evento
Everaldo de Oliveira Andrade
Local do evento
Edifício Eurípedes Simões de Paula (Geografia e História) - Av. Prof. Lineu Prestes, 338 - Cidade Universitária - São Paulo-SP
Auditório / Sala / Outro local
Vão do Prédio
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Evento gratuito
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Haverá participação de docente(s) estrangeiro(s)?
Não
Descrição

“Memória Estudantil”: exposição “20 anos da greve de 2002”

Programada para ocorrer entre os dias 23 e 30 de novembro, a exposição “20 anos da greve de 2002” faz parte do projeto “Memória Estudantil”, que vem sendo desenvolvido pelo CAPH (Centro de Apoio à Pesquisa em História “Sérgio Buarque de Holanda”). A pesquisa envolve uma equipe de bolsistas de iniciação científica e voluntários, além da equipe técnica do CAPH. A exposição sobre a greve de 2002 apresentará uma revisitação dos acontecimentos por meio de fotografias, periódicos internos e externos, panfletos, cartazes e materiais de propaganda que destacam a trajetória e polêmicas que envolveram o movimento grevista.

"As salas explodiam com mais de 100 pessoas em muitos cursos, estudantes sentados nos corredores, para fora das salas de aula, pessoas desmaiando em salas de aula devido ao calor e superlotação." (...) "Enquanto a média da USP era de 1 professor para 14 alunos, na FFLCH a média era de 1 para 35. Na História, por exemplo, era de 1 professor para 51 alunos" [...] FFLCH possuía 20% dos alunos de toda a universidade (em média 12.000 estudantes) e apenas 7% dos professores.” (Boletim do DCE, agosto de 2002).

A exposição tem a intenção de recuperar e destacar a luta estudantil contra o sucateamento das ciências humanas. A mobilização estava centrada em um dos componentes basilares demandados para uma educação emancipadora: a falta de professores e a exigência de novas e urgentes contratações. A exibição terá lugar no Edifício Eurípedes Simões de Paula (Vão da História e Geografia), aberta ao público. Com esse panorama deflagrou-se uma das mais significativas greves presentes na memória estudantil de toda a USP.

Corações pulam, desponta a greve

As movimentações iniciaram-se no dia 16 de abril quando a FFLCH, paralisada com o intuito de discutir os problemas de cada curso, seguiu em passeata com a presença de mais de 500 alunos, até as portas da reitoria. O curso de Letras declara greve no dia 29/04/2002. Já a História adere no dia 07 de maio, e os demais (Ciências Sociais, Filosofia e Geografia) aprovam um indicativo com início 3 dias depois. De uma assembleia entre os grevistas, onde discute-se as reais reivindicações, são apresentados números: a faculdade necessitava da contratação de 259 docentes para funcionar em condições minimamente aceitáveis. Entre manifestações e atividades, já avançando para o final de junho, FFLCH e Adusp (o sindicato dos docentes da USP) conseguem, pela primeira vez, dar início às negociações com a reitoria. O Sintusp (sindicato dos funcionários) se soma à luta. É criada uma “Comissão dos Notáveis”, composta por 2 representantes de cada uma das 3 partes envolvidas para pressionar pelas negociações.

Início (ou tentativa) do fim era só o recomeço...

Após a formação da Comissão, a reitoria deu seu lance: aceitava a contratação em um intervalo de 3 anos de 91 professores. A resposta, não podendo ser mais clara, é uma negativa de mais de 700 alunos à proposta da reitoria e ao fim da greve. Nas comemorações dos 70 anos da Revolução Constitucionalista de 1932 os grevistas cercam o então governador Geraldo Alckmin, exigindo que fossem recebidos para uma reunião de caráter urgente: reclamavam a reabertura das negociações com a reitoria. E assim foi feito, a reitoria teve que recuar. O saldo? 68 contratações imediatas, isto é, no ano de 2002 e mais nos anos seguintes. A luta estudantil valeu a pena, mobilizou professores e a comunidade e salvou a FFLCH. A greve chegou ao fim em 15 de agosto de 2002, votada por 1100 alunos, após 106 dias de grandes mobilizações.

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