O lançamento da “Revista Estilhaço”, será no dia 14 de janeiro, na livraria Tapera Taperá, às 14 horas, Galeria Metrópole, Av. São Luís, 187 – Centro Loja 29, 2º andar, São Paulo – SP, mais informações: https://www.fflch.usp.br/43986
Por se tratar de uma revista que busca reabilitar a “crítica” no seu sentido mais radical, como uma forma de análise e intervenção, nosso primeiro número conta com um dossiê intitulado "O que vem depois do fascismo?", cuja ideia central é a de escapar do "urgentismo salvacionista" que se estabelecerá no campo da esquerda daqui para a frente. Partindo de uma reflexão robusta acerca das consequências da ascensão da extrema-direita no cenário nacional e considerando também o caráter global deste movimento de fascistização vivido nos últimos anos, fomos levados também a chamar pesquisadoras e pesquisadores da América do Norte, da América Latina e da Europa para que a ressonância de experiências produza uma figura comum.
Nesse sentido, não é por acaso que o outro eixo de nosso primeiro número seja o resultado de um trabalho coletivo de leitura e de interpretação de uma das obras mais relevantes para o horizonte crítico das últimas décadas, independentemente das afinidades e das aversões que mobiliza, a saber: O Anti-Édipo, de Gilles Deleuze e Felix Guattari. Seria possível dizer que o intento era celebrar os 50 anos de sua publicação, o que conseguimos quase no apagar das luzes, mas havia também outra razão mais relevante: a de evidenciar que, no momento em que a Teoria Crítica abandonava sua exigência de compreensão da migração das expectativas revolucionárias para uma contrarrevolução fascista, isto é, quando se tornava análise sistêmica dos conflitos sociais em direção à consolidação das potencialidades de consenso pretensamente presentes no Estado do Bem estar social, outras matrizes de pensamento preservavam tais exigências, embora à sua maneira. Se adotamos o nome “Estilhaço”, isso se deu pela compreensão de que, daqui para a frente, pensar exigirá estar atento às explosões – mesmo que tenham ocorrido, muitas vezes, contra nós. Enquanto revista brasileira, Estilhaço não se furta a admitir que este é um país de colapsos e, por isso mesmo, para dizê-lo em bom português, um ponto privilegiado para observar o mundo, pois tais fenômenos só podem ser observados da periferia, ou seja, do ponto de vista daqueles sem comprometimento prévio com quadros de referência pré-definidos.
Vladimir Pinheiro Safatle
Atualmente é Professor Titular do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo. Foi Visiting Scholar da Universidade da Califórnia - Berkeley, além de professor visitante das Universidades de Paris I, Paris VII , Paris VIII, Paris X Toulouse, Louvain, Stellenbosch (África do Sul) e Essex. Foi ainda responsável de seminário no Collège International de Philosophie (Paris). Desenvolve pesquisas nas áreas de: epistemologia da psicanálise e da psicologia, desdobramentos da tradição dialética hegeliana na filosofia do século XX e filosofia da música. É um dos coordenadores da International Society of Psychoanalysis and Philosophy, do Laboratório de Pesquisa em Teoria Social, Filosofia e Psicanálise (Latesfip) e presidente da Comissão de Cooperação Internacional (CCint) da FFLCH-USP desde 2012.
Deivison Mendes Faustino
Graduado em Ciências Sociais pelo Centro Universitário Fundação Santo André (2005); Mestre em Ciências da Saúde/ Epidemiologia pela Faculdade de Medicina do ABC (2010) e Doutor em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCAR (2015), possui Pós-Doutorado em Psicologia Clínica no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da USP (2021.). Foi Consultor do Fundo das Nações Unidas para Populações, UNFPA (2010/17/18); Professor de história da África na Faculdade São Bernardo (2010-2014); Visiting Scholar PDSE junto ao Department of Philosophy (University of Connecticut, UConn, 2014-2015) e recebeu, em 2016, a Menção Honrosa do Prêmio Capes de Tese na área de Sociologia. Atualmente é Professor do Departamento de Saúde Educação e Sociedade e do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Políticas Sociais da Universidade Federal de São Paulo - Campus Baixada Santista; integrante do Instituto Amma Psique e Negritude e membro do comitê editorial da Coleção Palavras Negras (Editora perspectiva) e Diálogos da Diáspora (UCITEC). Tem experiência com ensino, pesquisa e extensão nos temas Educação das Relações Étnico-Raciais, Pensamento Negro, Saúde da População Negra e Psicologia e Relações Raciais, Capitalismo e Racismo. É autor dos livros "Frantz Fanon: um revolucionário, particularmente negro" (2018) e "A disputa em torno de Frantz Fanon: a teoria e a política dos fanonsismos contemporâneos" (2020).
Carla Rodrigues
Professora da cadeira de Ética no Departamento de Filosofia da UFRJ, pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Filosofia (IFCS/UFRJ), onde vem se dedicando ao estudo do pensamento da filósofa Judith Butler. Foi contemplada com bolsa de produtividade do edital Jovem Cientista do Nosso Estado (Faperj, 2018/2021) com o projeto "Judith Butler: do gênero à crítica da violência de estado", do qual resultou a publicação de "O luto entre clínica e política: Judith Butler para além do gênero" (Autêntica, 2021). Hoje, como bolsista do CNPq e da Faperj, desenvolve a pesquisa "Tem a filosofia algo a dizer sobre violência colonial?", voltada a procurar uma abordagem filosófica para problemas brasileiros. É uma das fundadoras do GT Filosofia e Gênero e do GT Desconstrução, linguagem, alteridade, da ANPOF, além de integrar o GT História das Mulheres na Filosofia. É pesquisadora da da linha de pesquisa Gênero, raça e colonialidade, no IFCS/PPGF. Coordena o laboratório Filosofias do tempo do agora, catalogado no Diretório de Núcleos de Pesquisa do CNPq. Doutora e mestre em Filosofia pela PUC-Rio, desde 2020 faz formação em psicanálise no Fórum do Campo Lacaniano de São Paulo.
Com informações dos organizadores do evento
Primeiro número da Estilhaço conta com um dossiê intitulado "O que vem depois do fascismo?”
Revista reflete sobre a ascensão da extrema-direita no cenário global
Por
Nilda Pais
Data de Publicação
Editoria