Fotografias de Intérpretes: Em Busca de Vidas Perdidas

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Descrição

Fotografias de Intérpretes: Em Busca de Vidas Perdidas

Palestrante: John Milton

Resumo
A função das fotografias muda com a passagem do tempo. A fotografia da reportagem de journal de hoje torna-se o documento histórico do futuro. As crianças na fotografia do grupo familiar da festa de Natal deste ano no futuro lembrarão, na mesma foto, seus avós, tios e pais perdidos. E depois tornam-se fotos de bis- e tataravôs gerações que ninguém presente conheceu, vazias de qualquer elemento pessoal, um momento mori, no qual vemos as roupas estranhas e posturas rígidas dos antepassados.

Esse livro resgata fotografias de intérpretes, em geral esquecidas: Arnold Vissière, diplomata e sinólogo no fim do século XIX e no começo do século XX; Julius Meyer, imigrante judeu e comerciante em Wyoming no mesmo período, que aprendeu várias línguas indígenas e que ganhou a confiança das tribos; o misterioso Chang, intérprete do fotógrafo escocês John Thomson, um dos primeiros fotógrafos a retratar a China na sua viagem de 1868 a 1872; John Brown, o negro norte-americano que interpretava para viajantes à região do Putamayo, na fronteira de Peru, Colômbia e Brasil, e quem foi uma das principais testemunhas de Roger Casement para seu relatório de 1912 sobre os maus tratos e assassinatos de indígenas trabalhando na extração de borracha no “Paraíso do Diabo”; e Viktor Sukhodrev, intérprete russo de Khrushchev, Brezhnev, Gromyko, e Kosygin, em quem Richard Nixon confiava mais do que nos intérpretes da Casa Branca.

No Brasil temos fotografias dos intérpretes meninos do grupo Xetá, Tuca e Kaiuá, resgatando informação cultural para o antropólogo Loureiro Fernandes nos anos de 1950; o intérprete Euvaldo Gomes participando da expedição para fazer os primeiros contatos com os Xavante em 1949, após os participantes de outras tentativas de contato foram mortos; o primeiro contato com os Korubo na Amazônia em 1996; as figuras mais familiares de Raoni e seu intérprete Megaron; e Vernon Walters, intérprete de Eisenhower e Nixon, e um ator chave no golpe militar de 1964 no Brasil.

As fotografias são analisadas de várias maneiras: como uma composição visual formal; como uma performance; como um ato de interpretação que demostra a relação entre intérprete e interpretados; como um momento na história que expressa poder geopolítico e econômico, hábitos sociais, e modas; e, last but not least, como um resgate de vidas que foram perdidas no mar da história.

Link para o livro: https://lexikos.com.br/produto/fotografias_de_interpretes/?v=9a5a5f39f4…

JOHN MILTON (Birmingham, Reino Unido, 1956) é Professor Titular da Universidade de São Paulo em Estudos da Tradução. Ajudou a estabelecer o Programa de Pós-Graduação em Estudos de Tradução, e foi Coordenador do Programa (2012-2016). Seu principal interesse é a teoria, história, sociologia e política da tradução. Publicou O Poder da Tradução 1993 (reeditado como Tradução: Teoria e Prática, Martins Fontes, São Paulo, 1998, 2010); O Clube do Livro e a Tradução, Bauru: 2002; e Um País de Faz com Tradutores e Traduções: a Importância da tradução e da Adaptação na obra de Monteiro Lobato (2019); e fora do Brasil organizou (com Paul Bandia) Agents of Translation, John Benjamins, 2009; e Tradition, Tension and Translation in Turkey (com Şehnaz Tahir Gürçağlar e Saliha Paker) (2015). Também publicou artigos em revistas acadêmicas em Brasil e em Target e The Translator, além de traduzir poesia para o inglês. Juntou com Marilise Bertin adaptou Hamlet (2005), Romeu e Julieta (2006), e Otelo (2008). Recentemente (2022) publicou Fotografias de Intérpretes: Em Busca de Vidas Perdidas (Lexicos).