Livro descreve gritos e silêncio no cotidiano das ruas do Recôncavo Baiano

Autor leva o leitor para um lugar reconhecido como Salvador de poucos e executor de muitos.

Por
Nilda Pais
Data de Publicação
Editoria

capa do livro

Um novo dia em Salvador. A cidade de matriz africana que pulsa e joga para o mundo seus filhotes. Cidade parideira das divindades literárias. Desse ventre surgiu Gregório e sua poesia do inferno, surgiu Castro para libertar, surgiu Jorge para ser amado, surgiu Ubaldo para falar do povo, surgiu Myriam para florescer o feminino mitológico. Muitas vozes surgem e ecoam no Recôncavo Baiano, mas muitas vozes também são silenciadas e abraçadas pela mudez eterna de um socorro.

Ela é escaldante, explosiva e lasciva. Entre suas ruas e seu sol incansável transitam trabalhadores empenhados, religiosos astutos, pilantras descuidados e mulheres ambiciosas. Entre a cidade baixa e a cidade alta, tais histórias se dissolvem e diluem, deixando um rastro de sangue e vida como recompensa. Um lugar reconhecido como Salvador de poucos e executor de muitos.

Todos se Lavam no Sangue do Sol (Editora Darkside, 224 páginas) é o primeiro romance de Paulo Raviere Barreto Dourado, doutorando em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Começa em um nervoso, porém bem-sucedido assalto a uma joalheria do Centro de Salvador. No interior de um bar próximo ressoam os tiros, o sangue tinge as pedras do calçamento, bandidos mascarados disparam em uma fuga desenfreada. A partir desse momento, os envolvidos diretos e indiretos no crime serão convidados a encarar as consequências inimagináveis de suas ações.

Salvador se organiza em muitas camadas e dessa mesma forma o romance de Paulo Raviere reúne um heterogêneo plantel de personagens, entre eles um guitarrista frustrado, um religioso colecionador de artes, um italiano astuto e comilão, um político decadente, um traficante cheio de si, uma jovem misteriosa e um estudante de cinema mimado pelos pais. Juntos, eles convivem em meio à glória passada e à ruína total de uma cidade que já foi uma das maravilhas do país.

Com uma narrativa à queima-roupa, Raviere nos transporta para um universo próprio com muito temperos, criando um molho ácido e tarantinesco regado a muito sangue, suor e dendê, e mais especificamente para os filmes O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla, e Snatch, de Guy Ritchie. Na literatura, é impossível não recordar da mão pesada de João Ubaldo Ribeiro, Ricardo Piglia em Dinheiro Queimado e Donald Ray Pollock.

Berço de grandes poetas, mulheres sagazes e boêmios irrecuperáveis, Salvador é o cenário perfeito para um romance que equilibra o refinamento narrativo de Paulo Raviere. Como resultado, Todos se Lavam no Sangue do Sol é mais que um livro: é uma fatia viva da cidade de Salvador.

O autor, Paulo Raviere Barreto Dourado nasceu em Irecê, Bahia, em 1986. Colaborou com o Blog do IMS e as revistas Pesquisa Fapesp, Barril, Serrote e Piauí. É editor da DarkSide®? Books, pela qual também publicou traduções de obras de Robert Louis Stevenson, Bret Easton Ellis, Donald Ray Pollock, Clive Barker, Joseph Conrad, David L. Carlson e Landis Blair, entre outros. Tem mestrado em tradução pela UFBA e atualmente pesquisa e traduz a obra de Charles Lamb em doutorado na FFLCH. Todos se Lavam no Sangue do Sol é seu primeiro romance publicado pela DarkSide Books.

O lançamento do romance Todos se Lavam no Sangue do Sol, ocorrerá nesta sexta-feira 28, às 20 horas, na Livraria Ponta de Lança. Rua Aureliano Coutinho, 26, Vila Buarque, São Paulo.

O livro pode ser adquirido no site da DarkSide Books.

Com informações da editora DarkSide®? Books.