Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas comemora seu jubileu de ouro

Para marcar a data, foi realizada a Jornada: Memórias, História, Atualidade, no dia 24

Por
Eliete Viana
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professora Zélia
A professora Zélia de Almeida Cardoso, que integra o programa desde o seu início - Foto: Reprodução 


​​​​​​​Na tarde do dia 24, quinta-feira, o Programa de Pós-Graduação em Letras Clássicas (PPGLC) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP realizou a Jornada: Memórias, História, Atualidade para marcar os seus 50 anos de criação. 

​​​​​​​O evento virtual foi dividido em três mesas: a primeira de apresentação do programa, a segunda com a participação de ex-alunos do programa e a última com os atuais discentes; que teve a organização das professoras do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas e do programa Adriane da Silva Duarte e Giuliana Ragusa, e também do doutorando Alex Mazzanti Jr.

​​​​​​​A jornada foi um momento de lembrar do passado, de toda a trajetória do programa e dos seus egressos neste meio século, e uma oportunidade para pensar o futuro, expresso no anúncio de que vai ter uma nova linha de pesquisa ainda neste ano.

​​​​​​​​O diretor da FFLCH, Paulo Martins, fez a abertura da primeira mesa, mostrando-se muito orgulhoso de participar da cerimônia. Martins é um dos docentes do programa e já foi coordenador dele também. Ele lembrou do seu período de graduação na Faculdade e de suas dúvidas sobre qual pesquisa iria realizar no mestrado, no qual ingressou em 1991, passando por sua experiência no doutorado e ressaltando a importância da pós-graduação.

[Sua importância é] Ainda mais quando a encaramos da forma que deve ser, que é encarar a pós-graduação como uma interação próxima entre um pesquisador com mais experiência e aquele jovem pesquisador que ingressa nesta sua caminhada", destacou o professor de Letras Clássicas, sobre a experiência de formação de novos quadros e pesquisadores.

Presente

"É muito bom termos coisas [boas] a comemorar, especialmente em tempos sombrios em que a educação e as humanidades são alvo, não apenas de desprezos, mas de ataques diretos", ressaltou o atual coordenador do Programa, Pablo Schwartz Frydman. O coordenador lamentou a diminuição de recursos para a área de Letras e Linguística nos últimos anos na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e citou alguns dados. 

Atualmente, há 22 docentes da FFLCH vinculados ao programa, 63 discentes, 36 de mestrado e 27 de doutorado, e 327 egressos. Nos últimos quatro anos, foram ministradas 19 disciplinas, com todos os docentes tendo lecionado pelo menos uma disciplina. Foram concluídas 49 orientações, sendo 29 de mestrado e 20 de doutorado; tiveram 44 livros publicados e 75 capítulos de livros, 28 deles integrando versões publicadas no exterior; 124 artigos acadêmicos foram publicados pelos seus docentes, 41 somente em 2020. Além da participação em eventos e prêmios recebidos.

Para Frydman, a excelência do programa também pode ser percebida pelas aprovações em concursos públicos docente nas principais universidades do país e citou algumas delas, como as recentes nas Universidades Federais: Fluminense (UFF), do Ceará (UFC), de Ouro Preto (UFOP), do Rio de Janeiro (UFRJ), por exemplo.

​​​​​​​Até o momento, o Programa possui duas linhas de pesquisas: Linha 1 - Poesia e Prosa Greco-latinas e Linha 2 - O Discurso Teórico Grecolatino. Mas, o coordenador aproveitou a comemoração dos 50 anos para anunciar que vai entrar em vigor no próximo processo seletivo, ainda neste ano, uma terceira linha de pesquisa denominada Recepção da Literatura Greco-Latina.

História 

A história do programa foi contada pela professora Zélia de Almeida Cardoso, cuja carreira acadêmica se mistura com a do programa. Pois, ela está desde o início de sua criação, tendo sido a primeira aluna matriculada, foi coordenadora e até hoje continua ligada ao programa, mesmo após a sua aposentadoria. E, justamente por toda esta dedicação ao programa, foi ela quem lembrou e sugeriu a comemoração da data.

A professora citou brevemente o contexto histórico em que o Brasil encontrava-se no período de criação do programa e de como ela ingressou nele. Em 1976, defendeu sua tese de doutorado, sendo a primeira do programa também.

Zélia lembrou que já existia uma grande integração e intercâmbio nos grupos de trabalho, em eventos e até nas disciplinas do curso. Porque como durante um bom tempo só existiam dois cursos de pós-graduação em Letras Clássicas no Brasil, o da USP e o da UFRJ, muitas pessoas de todas as regiões e até de outros países do Mercosul vinham fazer o curso na FFLCH.

Memórias

A segunda mesa contou com professores que formaram-se pelo programa: Jacyntho Lins Brandão, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Ana Maria Pompeu, da Universidade Federal do Ceará (UFC) e presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos (SBEC); Paulo Sérgio Vasconcellos, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); e João Batista Toledo Prado, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Os professores lembraram do período como estudantes no programa, das diferenças de suas épocas para os tempos atuais, e falaram sobre a contribuição do programa em suas trajetórias acadêmicas.    

Futuro
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Na última mesa, os atuais alunos foram representados pelos doutorandos: Juarez Oliveira, Cecilia Marcela Ugartemendía e Thais Rocha Carvalho. Os estudantes comentaram sobre o período antes do ingresso no programa e de como aconteceu o interesse para estudar questões da área, das dificuldades encontradas durante a realização da pós-graduação e as expectativas para o futuro de quem está em fase avançada do doutorado e quase realizando a defesa de sua pesquisa.
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A Jornada: Memórias, História, Atualidade pode ser assistida na íntegra no canal da FFLCH no YouTube.  
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cartaz PPGLC 50 anos

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Letras Clássicas 

"Os estudos clássicos são por natureza, resultado de uma pluralidade de saberes que precisam estar conectados para dar frutos", frisou o coordenador do programa ao falar da interdisciplinaridade do programa, durante sua apresentação no evento em comemoração aos 50 anos.  

O objetivo do programa é preparar, formar pesquisadores comprometidos com o desenvolvimento científico e acadêmico em Língua e Literatura Grega e Latina, em nível de mestrado e doutorado, para estarem aptos a desenvolverem a função docente nas principais universidades do país. 

Durante o desenvolvimento de seus estudos, os pesquisadores são capacitados a interpretar a prosa e a poesia antigas, escritas em grego e em latim, e a produzir estudos do mais alto nível, em diálogo com as mais avançadas linhas de pesquisa internacionais.

Além disso, também estuda-se os caminhos e meios da recepção dos textos Clássicos desde a Antiguidade, propiciando, assim, as competências para a Poética e a Retórica Antigas, para os métodos exegéticos da Filologia clássica e também para o conhecimento acerca das teorias literárias e linguísticas modernas e a Análise do Discurso.

Abriga nove grupos de pesquisa certificados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq): Estudos do Teatro Antigo, Os diálogos de Platão; Estudos sobre o jambo, a elegia e a poesia mélica na Antiguidade Clássica; Imagens da Antiguidade Clássica; Entre a gramática e a retórica grega e latina; Gêneros de prosa greco-latina; Gêneros poéticos na Grécia antiga: tradição e contexto; Verve: verbum vertere - estudos de poética, tradução e história da tradução de textos latinos e gregos; República das Letras: estudos da literatura renascentista em latim. 

O Programa publica um periódico chamado Letras Clássicas e organiza eventos regularmente, nos quais convidados nacionais e internacionais apresentam trabalhos lado a lado com nossos estudantes.

Fontes: Portal de Dados FFLCH