Três obras brasileiras: ”Baú de ossos”, “Labirinto” e “A menina do sobrado” aderem ao estilo proustiano de romance psicológico
Trois lectures brésiliennes de Proust é a versão em livro da tese de doutorado do professor Fillipe Augusto Galeti Mauro. Produto de uma pesquisa que durou mais de seis anos, fruto de uma parceria entre a USP, a Universidade Paris 3 - Sorbonne Nouvelle e a Escola Normal Superior de Paris. Integra a coleção Bibliothèque Proustienne, da editora Classiques Garnier.
O livro traça os itinerários percorridos pelo romance de Marcel Proust especialmente em três obras brasileiras: Baú de ossos, de Pedro Nava (1972); Labirinto, de Jorge Andrade (1978); e A menina do sobrado, de Cyro dos Anjos (1979). Proust é evocado com grande frequência por esses três escritores e sua estética fertilizou suas noções de memória e de tempo perdido. O crítico Sábato Magaldi sugeriu a Labirinto o subtítulo de “em busca do pai perdido” pela forma como aborda os conflitos familiares de seu herói; Cyro dos Anjos se considera um “devoto” do romance de Proust em carta ao amigo Carlos Drummond de Andrade, cria seus próprios episódios de memória involuntária e inscreve o herói de A menina do sobrado em sucessivos ciclos de sofrimento amoroso e de ciúme; Pedro Nava dedica a Proust todo o capítulo final de Baú de ossos e não hesita em afirmar que “todo mundo tem sua madeleine” e que “cada um foi um pouco furtado pelo petit Marcel”.
Também são evocadas outras obras da moderna literatura brasileira onde o estilo proustiano se faz presente: de A mulher obscura, de Jorge de Lima, aos Segredos da infância, de Augusto Meyer; do hoje desconhecido Sob o olhar malicioso dos trópicos, de Barreto Filho, ao igualmente obscuro Província submersa, de Octacílio Alecrim.
O autor
Fillipe Augusto Galeti Mauro é professor de literatura e civilização brasileira no Departamento de Letras da Universidade Rennes 2. Graduado em Jornalismo (2014) pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. É mestre e doutor em Literatura Francesa pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo.
