Roda de Conversa analisa o corte de investimento na áreas da educação
A FFLCH realizou na última segunda-feira (25), uma roda de conversa sobre “As Humanidades e o financiamento da ciência e da educação”, com a presença de Anselmo Alfredo, docente do Departamento de Geografia, Gabriel Borges, discente de pós-graduação, Mariângela de Araújo, docente do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, Adrián Pablo Fanjul, diretor da FFLCH, e Silvana de Souza Nascimento, vice-diretora da FFLCH.
A atividade fez parte da programação da Jornada pela Ciência e Educação, feita pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), movimento que tem como objetivo evidenciar a importância do investimento financeiro nas áreas da educação e ciência do Brasil. O diretor da Faculdade, Adrian Pablo Fanjul, abriu a roda de conversa manifestando apoio institucional à ação organizada pela SBPC e destacando a importância do ato diante da possibilidade do governo federal de implementar um corte orçamentário que afetaria as áreas mais importantes do desenvolvimento do país.
A professora Mariângela de Araújo relacionou os cortes com outras iniciativas que vêm ganhando força em nível nacional, como a informatização e plataformização dos materiais didáticos, a militarização das escolas públicas, tendo como exemplo o Programa Escola Cívico-Militar, sancionado em maio deste ano, a privatização da gestão escolar e a presença de institutos e fundações constituídos pela iniciativa privada nas universidades, que acabam influenciando as políticas públicas.
Mariângela ainda citou a situação do teto de gastos, implementado pela PEC 241/2016, que congelou os gastos públicos em todas as esferas, e o arcabouço fiscal do atual governo. Situações que limitam as instituições de educação pública e causam instabilidade nas universidades. “Essas políticas de redução do financiamento da educação não ocorrem de maneira isolada, então ao mesmo tempo que nós assistimos a esses cortes, nós observamos também outras iniciativas que, de alguma maneira, por um lado, retiram aquilo que há de financiamento e, por outro, nós vemos uma perda do protagonismos dos professores e dos pesquisadores da educação”.
O professor Anselmo Alfredo situou o processo social do capitalismo desde a década de 1970 até os dias atuais, tentando compreender o cerceamento das conquistas sociais, dentre elas, as conquistas inerentes à educação, pesquisa e ensino. “A precária manutenção da reprodução da forma social capitalista exigirá que o Estado de direito outorgará a si o dever de retirar direitos. Nesse espectro do real, o movimento crítico, que é uma crise do próprio Estado, terá de demonstrar os limites da democracia como forma política de adequação às condições sociais capitalistas”.
Aluno da pós-graduação, Gabriel Borges, ressaltou a importância dos movimentos estudantis na construção da democracia na universidade, que vem enfrentando desafios com a mudança do perfil dos estudantes ingressantes. Estudantes que, em decorrência das reformas no ensino médio, chegam na universidade com baixa ou nenhuma perspectiva, além da entrada precoce e por necessidade no mercado de trabalho e a diminuição no interesse em prestar vestibulares e Enem nos últimos anos. “Quando nós fazemos uma campanha para abrir uma sala de estudo no nosso prédio, por alguma reforma de grade de disciplinas ou por algum problema estrutural nas nossas salas de aula e pró-aluno, isso tem a ver com o financiamento da universidade também, isso tem a ver com o quanto do produto social tem sido investido na educação, na produção de ciência, na qualificação dessa juventude”.
A Roda de Conversa foi finalizada com a análise de acontecimentos atuais que se entrelaçam às medidas de corte orçamentário, como as tentativas de golpe e ações extremistas que ameaçam a democracia e os direitos da sociedade brasileira.
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