Autor analisa a dinâmica entre a urbanização, o estado, o dinheiro e o crime em áreas urbanas, especialmente nas fronteiras e áreas marginalizadas
A urbanização em suas margens: Estado, dinheiro e crime no (re)sentimento da fronteira (Editora Annablume, 414 páginas), lançado recentemente, trata-se da tese de livre-docência do professor Cesar Simoni Santos, do Departamento de Geografia Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
Há, ao longo dos capítulos, um fio condutor que entrelaça conceitos, dimensões empíricas oriundas de diferentes momentos de inserção no trabalho de campo, possibilidades explicativas. Trata-se da noção de fronteira que emerge, em um diálogo interdisciplinar, com a ideia plural de margem. A elaboração sobre fronteiras e margens atravessa aqui escalas e disciplinas, desdobrando processos em trânsito que nelas – e nas múltiplas relações que lhes são inerentes – encontram sentidos.
São assim múltiplas margens e múltiplas fronteiras. Os resultados desse procedimento intelectual trazem a marca de uma leitura avessa às apreensões imediatas e rápidas dos achados empíricos que vão ganhando nexos e desdobramentos nada óbvios. Trata-se de uma geografia das margens que se faz nas relações entre fronteiras, processos de expansão, presença/ausência e ação do Estado, presença e ação do dinheiro e do capital, presença e ação do crime.
As fronteiras em seus desdobramentos e articulações conformam fisionomias, ali mesmo onde o urbano avança e ocupa áreas ainda intocadas. Essas fronteiras não são linhas de divisão mas faixas de contato entre territórios e dinâmicas socioespaciais. Conformam indistinção, indefinições, contaminações e transformações já que aglutinam processos vinculados às formas originárias ou primitivas de acumulação. As fronteiras ou a fronteira como fio condutor, na multiplicidade de seus processos espaciais, permitem assim apreender e compreender territórios, tempos, vidas.
É a partir desse fio condutor que César Simoni Santos desenha as relações e mediações entre os processos de constituição, ação e intervenção do Estado sobre um social e sobre uma produção socioespacial em expansão permanente. Nesse novelo de relações nada é fixo, nada permanece como está.
As fronteiras se constituem, assim, em nexos entre mundos em mutação no escopo de uma “acumulação primitiva do espaço”, num esforço teórico e empírico que busca identificar e elucidar as relações no âmbito conceitual acolhendo no bojo da análise e de suas instâncias. Nas palavras de Simoni Santos, é preciso reconhecer como instrumental teórico uma dimensão política que se efetiva “nos confins da positividade normativa do direito e nos limites de operação da lei do valor, encarnados, ambos, na fronteira da urbanização como sua dimensão formal necessária, ainda que não única”.
O autor
Cesar Simoni Santos é professor do Departamento de Geografia da FFLCH e credenciado ao Programa de Pós-graduação em Geografia Humana (PPGH) desde 2014. Em 2024, tornou-se professor livre-docente no Departamento de Geografia. Tem experiência em pesquisa na área de Geografia, com ênfase em Geografia Humana, atuando principalmente nos seguintes temas: produção do espaço urbano e regional, urbanização do território brasileiro e reprodução do espaço urbano-metropolitano contemporâneo.
O Livro poderá ser adquirido no site da Editora Annablume
Com informações da Editora Annablume