No dia 4 de agosto, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP realizou o evento “Centenário de Marcos Rey – O legado da Série Vaga-Lume”, em homenagem aos 100 anos de nascimento do autor. Organizado pela área de Literatura Infantil e Juvenil do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, o encontro reuniu professores, pesquisadores, escritores e editores no auditório Nicolau Sevcenko, no prédio de Geografia e História, para celebrar a contribuição de Marcos Rey à formação de leitores e ao desenvolvimento da literatura juvenil no Brasil com destaque para a Série Vaga-Lume, referência para gerações de estudantes desde os anos 1970.
Na abertura, o professor Paulo César Ribeiro Silva destacou a importância do autor: “Que o legado de Marcos Rey, cuja memória se confunde com a coleção Vaga-Lume, sobreviva por intermédio de sua arte e não pouparemos esforços para que isso aconteça”.
O diretor da FFLCH, professor Adrián Fanjul, também participou da cerimônia, destacando a importância da valorização da literatura infantil e juvenil no meio acadêmico e na Universidade.
Além de homenagear Marcos Rey, o evento também prestou tributo à escritora Maria José Dupré. Sandra Trabucco Valenzuela, doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Literaturas Espanhola e Hispano-Americana, destacou a importância de sua obra mais conhecida, Éramos Seis, e refletiu sobre sua contribuição para a consolidação da literatura juvenil no Brasil. Na sequência, a professora Maria Zilda da Cunha, do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, compartilhou uma lembrança significativa: “Foi na casa de Maria José Dupré que Nelly Novaes Coelho teve a grande ideia de criar a disciplina de Literatura Infantil e Juvenil na USP”.
Também foram destacadas as obras de Lúcia Machado de Almeida, autora de títulos como O Escaravelho do Diabo, que se notabilizou por promover a cultura nacional por meio da literatura voltada à infância e juventude.
A segunda parte do evento foi dedicada a uma mesa com os chamados “Vagalumes”: o editor Jiro Takahashi idealizador da coleção e os escritores Luiz Puntel, Marçal Aquino e Sersi Bardari, todos com obras publicadas na Série Vaga-Lume. A conversa foi mediada por Wymar Dantas, jornalista, escritora e doutoranda em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa.
Durante o bate-papo, Jiro Takahashi recordou momentos marcantes da trajetória de Marcos Rey, incluindo seu envolvimento com adaptações televisivas, como A Moreninha, e tentativas de roteirizar O Sítio do Picapau Amarelo. Segundo Jiro, a facilidade de Rey em dialogar com o público jovem foi determinante para o sucesso da coleção: “Ele sabia exatamente como acertar o tom e a linguagem para alcançar os jovens”.
Os autores convidados também compartilharam bastidores das produções, desafios criativos e lembranças afetivas com Marcos Rey. Marçal Aquino, por exemplo, relembrou uma Bienal do Livro em que estudantes formaram longas filas para autógrafos dos escritores da série, evidenciando o alcance duradouro das obras:
“Vi 10 á 15 pessoas esperando por um livro entre eles escritores, editores e jornalistas e de repente, uma fila enorme de estudantes apaixonados pela Série Vaga-Lume”.
O evento reafirmou a relevância de Marcos Rey não apenas como autor, mas como figura de um movimento literário que democratizou o acesso à leitura e despertou o interesse de milhares de jovens pelo universo dos livros.