Ex-aluna de doutorado de Sociologia da FFLCH lança a trilogia Imagens da Mulher no Ocidente Moderno

Fruto de pesquisa da socióloga Isabelle Anchieta, a obra revela as ambiguidades e estereótipos da representação feminina. No lançamento, em 5/12, a autora participa de bate-papo com Lilia Schwarcz, Maria Arminda do Nascimento Arruda e Mônica Waldvogel

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Eliete Viana
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No dia 5 de dezembro, além do lançamento da triologia, haverá um bate-papo da autora com as docentes da FFLCH, Lilia Schwarcz e Maria Arminda do Nascimento Arruda, e com a jornalista Mônica Waldvogel - Foto: Divulgação 


Será que a imagem da mulher hoje é a mesma vista desde os séculos XV e XVI? Essa é uma das questões abordadas na trilogia Imagens da Mulher no Ocidente Moderno, de autoria de Isabelle Anchieta, publicada pela Edusp, que remonta os primórdios da individualização e humanização da sociedade no Ocidente Moderno por meio das imagens da mulher. O lançamento acontece no dia 5 de dezembro, das 18h30 às 21h30, na Livraria da Vila da Alameda Lorena. Na ocasião, a autora participa de bate-papo com as docentes da FFLCH Lilia Schwarcz e Maria Arminda do Nascimento Arruda, e também com a jornalista Mônica Waldvogel.

A obra revela as ambiguidades e estereótipos da representação feminina e é fruto de oito anos de pesquisa da socióloga Isabelle, na qual ela realizou uma intensa investigação teórica e de campo, debruçando-se por pinturas, esculturas, panfletos noticiosos e filmes dos arquivos de bibliotecas da Alemanha e Suíça, museus da Europa e até dos estúdios de Hollywood. 

Parte deste trabalho foi realizado durante o período do doutorado da autora junto ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, que resultou na tese Imagens da Mulher no Ocidente Moderno, defendida em setembro de 2014. 

“Elegi as imagens da mulher por serem ambíguas personagens que atraem, em torno de si, os mais contraditórios sentimentos sociais. Mulheres que nem sempre foram vítimas de suas representações. Conformadas em temíveis e atrativas imagens elas também souberam fazer uso e proveito do fascínio que provocaram, invertendo os jogos de poder”, explica a autora. 

De bruxa às estrelas hollywoodianas

Entre as diversas imagens femininas, a socióloga priorizou aquelas que se popularizaram no Ocidente por meio de estereótipos: a bruxa, a índia tupinambá canibal, Maria, Maria Madalena e as estrelas hollywoodianas. Mas, é importante elucidar que a autora não parte da premissa de que as mulheres foram a parte fraca ou oprimida do objeto de estudo.

"A pesquisadora se deslocou rumo às fontes originais e fez uma verdadeira peregrinação em direção às imagens, sem descurar jamais da materialidade das obras analisadas: o tamanho, os locais, o contexto e a autoria. O conjunto é robusto, inesperado e convence", diz Lilia Schwarcz, que assina a contracapa da obra. 

A série abre com Bruxas e Tupinambás Canibais, no qual o leitor pode acompanhar a diabolização da imagem da mulher nos séculos XV e XVI por meio de um diálogo entre as bruxas e as índias tupinambás, figuras que tanto atormentaram e enfeitiçaram os homens na transição da Idade Média para a Idade Moderna.

No segundo livro, a autora traz a idealização e a emergente humanização da imagem feminina por meio de Maria e Maria Madalena, figuras que emprestam o nome à publicação, protagonistas que incorporam os mais diversos conflitos de ordem religiosa, moral e econômica. A socióloga traz, com elas, a ascensão e a crise da moralidade cristã entre a Idade Média e a Moderna. 

O movimento seguinte foi o de individualização, com o desejo de ser única e reconhecível, tal qual estimava as estrelas hollywoodianas que intitulam o terceiro volume - Stars de Hollywood. “Desde então, a mulher tem sido plural: mulheres. Existe apenas na forma particular que a encerra”, afirma Anchieta. A esse duplo movimento, que se entrelaça e se complementa, a autora atribui o termo individumanização. 

"Nos três livros que compõem a série, Isabelle Anchieta inaugura, entre nós, um estilo de reflexão que explora as múltiplas possibilidades de interpretação das imagens na perspectiva sociológica. É uma obra originada no manejo da mais fina artesania", pontua em declaração para contracapa da trilogia Maria Arminda do Nascimento Arruda, que orientou Isabelle durante o doutorado.

Para facilitar a leitura dos três volumes separados ou na ordem que melhor convier ao leitor, a autora oferece uma apresentação geral que se repete nas publicações e uma visão de conjunto das obras que integram a série. Além disso, cada volume contém, ainda, uma introdução e uma conclusão específicas, que conferem a ideia da unidade e do conjunto da obra. 

Sobre a autora

Além da triologia lançada agora pela Edusp, Isabelle tem dois livros publicados: Sete Propostas para o Jornalismo Cultural e Mapeamento do Jornalismo Cultural. Foi a brasileira eleita na competição Mundial Jovens Sociólogos promovida pela ISA, com apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2014, e, em 2008, recebeu o prêmio Rumos Itaú Cultural como professora de jornalismo cultural de universidades privadas em Belo Horizonte e em São Paulo.

Serviço:
Imagens da Mulher no Ocidente Moderno, de Isabelle Anchieta 
Lançamento: 5 de dezembro, quinta-feira, às 18h
Com bate-papo da autora com Lilia Schwarcz, Maria Arminda do Nascimento Arruda e Mônica Waldvogel
Aberto ao público
Local: Livraria da Vila Lorena
Endereço:  Alameda Lorena, 1731 - Jardim Paulista, São Paulo

Mais informações: anetavares@a4eholofote.com.br


Com informações da a4 & holofote Comunicação