Coletivo Autista da USP promove evento em conjunto com Unesp e Unicamp

2 de abril é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Para falar sobre a questão, os coletivos autistas promovem o evento TEAx - Imersão no Universo Autista, nos dias 31 de março e 1º de abril

Por
Eliete Viana
Data de Publicação
Editoria

 *Matéria atualizada em 28/03/2022, às 16h09
 

evento TEAx - Imersão no Universo Autista
Na imagem, fundadores dos Coletivos Autistas da USP, Unicamp e Unesp - Foto: Divulgação


O dia 2 de abril é definido como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, uma data voltada para a conscientização da sociedade sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para falar sobre a questão, os coletivos autistas das três universidades estaduais paulistas — Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) — promovem em conjunto o evento TEAx - Imersão no Universo Autista, nos dias 31 de março e 1º de abril, quinta e sexta-feira, que será realizado on-line. 

Um objetivo central deste encontro é a defesa de um ponto de vista que não negue à pessoa autista a autonomia que ela é capaz de exercer sobre sua própria vida. Trocar experiências sobre a importância de redes de suporte e aconselhamento — na forma da família biológica, mas também de amizades, colegas de trabalho e profissionais da saúde mental — no desenvolvimento de cada pessoa, mas também refletir sobre a importância de estas redes de suporte não se tornarem redes de controle, minando a capacidade e autonomia da pessoa autista para consigo e a sociedade.

Programação

No dia 31 de março, às 9h, o evento começa com a mensagem de acolhimento e apresentação do Conselho de Representantes Discentes Autistas das Universidades Estaduais Paulistas (CORDIAU/SP): Andressa Samanta da Silva (Unesp), Gia Martinovic (USP) e Guilherme de Almeida (Unicamp), que são fundadores dos Coletivos Autistas das respectivas universidades. 

Em seguida, das 9h30 às 11h, será realizada a mesa-redonda 1: A psicologia fenomenológica a serviço da investigação psicodiagnóstica.

Das 13h às 19h30, vão acontecer seis palestras sobre os temas: Genética e TEAO acesso ao diagnóstico e tratamento do autismo na rede públicaDupla excepcionalidade: Autismo e Altas HablidadesAutismo na mídia e o impacto na vida real; Quando a mãe se torna protagonista na construção de políticas públicas para os filhosReflexões e perspectivas pela abordagem bioecológica do desenvolvimento humano.

No dia seguinte, das 9h às 10h, acontece a mesa-redonda 2: Equoterapia e TEA. E, ainda na parte da manhã, das 10h às 11h, a palestra Jogos no desenvolvimento das altas habilidades. No período da tarde, mais três palestras serão realizadas com os temas: Família e Autismo, Nada sobre nós sem nós; e Cannabis medicinal e TEA. O encontro termina com uma homenagem ao autista de nível 2 e 3.

Durante o evento, será anunciada uma parceria que foi estabelecida entres os três coletivos. 

O encontro é gratuito, aberto a todas as pessoas, da comunidade das três universidades e da sociedade em geral. Para assistir ao evento, é necessário fazer inscrição, o que dará direito a um certificado de participação. Clique aqui para inscrição no evento.
 

logo Coletivo Autista da USP
O Coletivo Autista utiliza em seu logotipo a representação simbólica do movimento da neurodiversidade, que é o símbolo do infinito colorido em arco-íris. O termo “neurodiversidade” foi cunhado pela socióloga autista Judy Singer. O movimento propõe uma leitura do autismo — e também de outras condições, como o TDAH — sobretudo como uma diferença, e não uma patologia, chamando atenção para as barreiras sociais como o principal fator que restringe as pessoas com deficiência. Seguindo essa concepção, o Coletivo Autista se vale da nomenclatura “neurodiverso” ou “neurodivergente” para autistas, enquanto que não autistas são chamados “neurotípicos”.
logo Coletivo Autista da USP 2
Foi escolhida como mascote do Coletivo a raposa chamada Fay. “É um animal sagaz e ágil, o que contradiz o estereótipo de que autistas são lentos e não percebem o mundo ao seu redor. Autistas apenas tem sua própria percepção de tempo e enxergam o mundo por suas próprias lentes, como a nossa raposinha Fay”, disse o Coletivo Autista no Prêmio USP Diversidade. O Coletivo diz que a escolha do nome ressignifica crenças da Idade Média da Irlanda, Inglaterra e Escócia de que bebês autistas eram “changelings”, crianças trocadas pelas fadas. “Esses bebês eram frequentemente abandonados em florestas para morrer ou sofriam rituais para a retirada das fadas de seus corpos.”


 

Coletivo Autista da USP

Criado no dia 12 de maio de 2021, o Coletivo Autista da USP (CAUSP) foi o primeiro coletivo autista de uma universidade e que depois influenciou outras instituições de ensino superior, públicas e privadas, a seguirem o modelo.

No início, era composto de membros que não necessariamente possuíam o transtorno do espectro autista, e contava com mais de 35 voluntários de diversas unidades da USP, em julho passado, que organizam as atividades do grupo.

Atualmente, segundo a fundadora Gia Jardim Martinovic — que na época era aluna do curso de Letras da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e depois se transferiu para o curso de Direito da Faculdade de Direito —, o modelo mudou e só aceitam autistas com vínculos USP, de todas as categorias: estudantes de graduação e pós-graduação; docentes e servidores técnicos-administrativos. 

O Coletivo tem cerca de 60 pessoas, segundo relação de participantes no grupo de WhatsApp, entre elas Gabriel, mestrando em Filosofia na FFLCH (que em matéria do Jornal da USP pediu para ser omitido seu sobrenome e será mantido aqui).

Gia resolveu fundar o Coletivo pensando nessa importância de conscientizar a comunidade acadêmica sobre a neurodiversidade e necessidades de alunos autistas — além da criação de estruturas de apoio a essas necessidades. O maior objetivo da organização é ampliar a permanência estudantil de estudantes com o transtorno. 

"O Coletivo é um espaço de acolhimento, conscientização sobre o autismo na USP toda", destaca Gia.

O intuito das atividades do Coletivo é dar suporte tanto em conteúdos didáticos específicos dos cursos — como biologia, cálculo, escrita acadêmica, latim, etc. — quanto aconselhamentos em relação a planos de estudos, questões burocráticas, carreira e mercado de trabalho. O grupo de apoio psicológico conta com graduandos em Psicologia e uma psicóloga formada. O Coletivo também está produzindo cartilhas e publicando conteúdos sobre autismo em suas redes sociais, como entrevistas com autistas não-binários e artes informativas — para ter acesso aos conteúdos da cartilha, por exemplo, basta enviar mensagem para o Coletivo, através dos contatos abaixo. 

A iniciativa já rendeu premiação no Prêmio Diversidade USP, promovido pelo coletivo PoliPride da Escola Politécnica (Poli) da USP, com um 2º lugar geral e em 1º lugar na categoria Acesso, Inclusão e Permanência de grupos minoritários na USP.

Para fazer parte do coletivo, as pessoas autistas podem preencher o seguinte formulário: forms.gle/ECRFQfP6zeB76NdK8

O coletivo pode ser encontrado nas seguintes redes sociais: Facebook Instagram Discord Spotify | YouTube

Mais informações por e-mail: coletivoautista@gmail.com 


Com informações do Jornal da USP