CNPq concede título de Pesquisador Emérito ao professor Kabengele Munanga

O título é concedido anualmente ao pesquisador brasileiro ou estrangeiro, radicado no Brasil há pelo menos 10 anos, pelo conjunto de sua obra científico-tecnológica e por seu renome junto à comunidade científica. A cerimônia foi realizada em 4 de maio

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Eliete Viana
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professor Kabengele Munanga recebendo título de Pesquisador Emérito
(Da esq. p/ dir.) O professor Kabengele Munanga recebendo o título de Pesquisador Emérito Ano 2022; no meio, o presidente do CNPq, Evaldo Ferreira Vilela; e, à direita, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo Alvim - Fotos: Neila Rocha - Ascom/MCTI


Em cerimônia realizada no dia 4 de maio, no Museu do Amanhã, na cidade do Rio de Janeiro, o professor Kabengele Munanga, do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, recebeu o título de Pesquisador Emérito Ano 2022 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O título é concedido anualmente ao pesquisador brasileiro ou estrangeiro, radicado no Brasil há pelo menos 10 anos, pelo conjunto de sua obra científico-tecnológica e por seu renome junto à comunidade científica.

Ao todo, seis pesquisadores receberam a distinção. Entre eles, dois da USP. Marco Antonio Zago, que é professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), foi reitor da USP (2014-2017), presidente do CNPq (2007-2010) e secretário de Saúde do Estado de São Paulo (2018) e é o atual presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O segundo é Ruy de Araújo Caldas, que foi professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq).

No mesmo evento, o CNPq entregou quatro Menções Honrosas de Agradecimentos, que contempla pessoas físicas ou jurídicas pelos serviços prestados ao crescimento, ao desenvolvimento, ao aprimoramento e à divulgação do CNPq no ano anterior à entrega da Menção.

Também foi concedido o Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia, edição 2022, para o químico Jailson Bittencourt de Andrade, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa do Centro Universitário SENAI-CIMATEC. Na edição de 2021, este prêmio foi concedido à professora Manuela Carneiro da Cunha, do Departamento de Antropologia.

Este prêmio leva o nome do fundador e primeiro presidente do CNPq, físico nuclear que se empenhou para que o país tivesse os meios e os recursos para desenvolver pesquisas nessa área, sendo uma parceria do CNPq com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e com a Marinha do Brasil e é atribuído ao pesquisador que tenha se destacado pela realização de obra científica ou tecnológica de reconhecido valor para o progresso da respectiva área de conhecimento. 
 

contemplados - título de pesquisador emérito
O professor Kabengele Munanga (o segundo da esquerda à direita) entre os contemplados com o título de Pesquisador Emérito Ano 2022 - Fotos: Neila Rocha - Ascom/MCTI


Trajetória

Kabengele Munanga nasceu na República Democrática do Congo (antigo Zaire), mas é brasileiro por naturalização desde 1985. Ele graduou-se em Antropologia Social e Cultural na Universidade Oficial do Congo (1969), na qual iniciou sua carreira acadêmica como professor assistente. Em 1969, iniciou seus estudos de pós-graduação na Universidade Católica de Louvain (Bélgica) e foi pesquisador no Museu Real da África Central, em Tervuren (Bruxelas, também na Bélgica), onde se especializou em estudo das artes africanas tradicionais. Porém, por motivos relacionados à ditadura militar instalada em seu país, o doutorado só foi concluído em 1977, na USP.

Em 1980, ingressou na carreira docente na FFLCH e aposentou-se em 2012, como professor titular do Departamento de Antropologia. No entanto, ele continua atuante como professor sênior na Faculdade, em atividades do Centro de Estudos Africanos (CEA), do qual já foi diretor, e integra o Grupo de Pesquisa Diálogos Interculturais do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. Foi também professor visitante sênior da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

Suas pesquisas são nas áreas de Antropologia da África e da População Afro-Brasileira, com ênfase em temas como o racismo, políticas e discursos antirracistas, negritude, identidade negra versus identidade nacional, multiculturalismo e educação das relações étnico-raciais.

A concessão do título de Pesquisador Emérito Ano 2022 não é o primeiro prêmio ou título que o docente recebeu. Confira, abaixo:
-Em 2002, foi agraciado com a Ordem do Mérito Cultural, pelo Ministério da Cultura;
-No ano de 2008, recebeu homenagem como Decano em Estudos Antropológicos, pelo Departamento de Antropologia da FFLCH;
-Ganhou o Troféu Raça Negra 2011, pela Afrobras e pela Faculdade Zumbi dos Palmares;
-Em 2012, foi agraciado com o Prêmio Benedito Galvão, da Ordem dos Advogados do Estado de São Paulo (OAB-SP) e, no mesmo ano, foi homenageado pela Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp);
-Em 2013, recebeu o Grau de Oficial da Ordem do Rio Branco, outorgada pelo Ministério das Relações Exteriores;
-Em setembro de 2016, foi homenageado com o título de cidadania baiana, pela Assembleia Legislativa do Estado da Bahia;
-No ano de 2018, recebeu o Prêmio USP de Direitos Humanos de 2017;
-Simpósio em Homenagem, pela Faculdade de Direito da USP, 2018;
-Medalha Roquette-Pinto de Contribuição a Antropologia Brasileira, pela Associação Brasileira de Antropologia (ABA), em 2020;
-Título de Doutor Honoris Causa, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2021;
-Prêmio ANPOCS de Excelência Acadêmica Gilberto Velho, pela Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Ciências Sociais, em 2021.

Desde 2005 

Instituído em 2005, o título de Pesquisador Emérito é concedido anualmente ao pesquisador brasileiro ou estrangeiro, radicado no Brasil há pelo menos 10 anos, pelo conjunto de sua obra científico-tecnológica e por seu renome junto à comunidade científica. 

Além do professor Munanga, outros nove docentes da FFLCH receberam a distinção: 
2005: Maria Isaura Pereira de Queiroz e Antônio Cândido de Mello e Souza 
2010: Aziz Ab'Saber
2011: Gabriel Cohn 
2016: Maria Lígia Coelho Prado 
2017: José Arthur Giannotti
2018: Eunice Ribeiro Durham e Leyla Beatriz Perrone Moisés
2019: José de Souza Martins