Narrativas perpetuam o patrimônio cultural de um povo

Com organização e tradução da professora Luciana Raccnello Storto, a obra narra a tradição oral dos Karitiana

Por
Nilda Pais
Data de Publicação
Editoria

O livro Não havia mais homens (Ed. Hedra, 114 pág., R$ 65,90) trabalha na descrição e análise da língua Karitiana (família Arikém, tronco Tupi).  Contém quatro narrativas de tradição oral dos Karitiana, contadas na primeira parte da década de 1990 por três narradores que são reconhecidas lideranças do grupo, conhecedores da mitologia e história do povo. Os mitos do sol e da lua foram contados pelo cacique Garcia, o ritual de iniciação masculino "Osiip" por Cizino, que é o último pajé Karitiana; e a narrativa final, que retrata o reencontro entre as duas últimas aldeias da etnia, de onde foi tirado o título do livro Não havia mais homens, foi contada por Barabadá.

Os Karitiana são um grupo indígena ainda pouco conhecido no Brasil. Vivem no atual estado de Rondônia, considerado o lugar de origem da língua-mãe de todas as línguas Tupi. Falam a língua de mesmo nome, que é a única remanescente da família linguística Arikém, o que lhes confere uma importância central para os estudos comparativos das línguas Tupi e, consequentemente, das línguas indígenas como um todo.

As narrativas foram contadas por Garcia Karitiana à Luciana Storto, que a transcreveu e traduziu com colaboração de Nelson Karitiana e, para sua publicação, o material foi editado por Íris Morais Araújo e Karin Vivanco, falantes da língua. Elas registram mitos e eventos importantes para o povo e devem ser lidos como parte de sua literatura.

A autora possui graduação em História pela Unicamp (1988), mestrado em Linguistica - Pennsylvania State University (1994) e doutorado em Linguistica - Massachusetts Institute of Technology (1999). Em 2001, foi contratada como docente, coordenadora e consultora da área de línguas, artes e literatura do projeto terceiro grau indígena, da Universidade Estadual do Mato Grosso, o primeiro curso universitário do país dirigido aos povos indígenas. É livre docente em regime de tempo integral da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em teoria e análise linguística, atuando principalmente nos seguintes temas: sintaxe, caso, concordância, movimento verbal, ordem de constituintes, estrutura argumental, foco e tópico, subordinação, orações não-finitas e aspecto. E também nas áreas de fonologia, nasalidade, tom e acento tonal.

O livro pode ser adquirido no site da Editora Hedra.

Com informações do CEstA – Centro de Estudo Ameríndios - USP