Professora de Filosofia integra nova diretoria da Anpof

No biênio de 2023 a 2024, Tessa Moura Lacerda será secretária adjunta da Associação, cargo que exerce na atual gestão de 2021 a 2022 também

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Eliete Viana
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*Matéria atualizada em 20/10/2022, às 16h36

Na mesa de encerramento da 19ª edição do Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (Anpof), realizada no dia 14 de outubro, foi apresentada a nova diretoria da Associação de 2023 a 2024. Entre os 10 integrantes está a professora Tessa Moura Lacerda, do Departamento de Filosofia, que assumirá o cargo de secretária adjunta, o mesmo que ela exerce na atual gestão. 

A nova diretoria, cuja chapa tem o nome de Escuta filosófica: múltiplas vozes da filosofia no Brasil, foi eleita com ampla maioria: com 43 votos de Programas de Pós-Graduação em Filosofia a favor e 4 abstenções. 

O trabalho desta nova diretoria vai começar em 1º de janeiro de 2023. Quatro integrantes da atual diretoria vão continuar na próxima gestão, incluindo a professora Tessa. Confira, abaixo, os nomes da nova gestão:

Presidência: Érico Andrade Marques de Oliveira (UFPE)
Secretaria Geral: Eduardo Vicentini de Medeiros (UFSM)
Secretaria Adjunta: Tessa Moura Lacerda (USP)
Tesouraria Geral: Judikael Castelo Branco (PROF-FILO/UFT)
Tesouraria Adjunta: Francisca Galiléia Pereira da Silva (UFC)
Diretoria de Comunicação: Georgia Cristina Amitrano (UFU)
Diretoria Editorial: Adriana Delbó Lopes (UFG)
Conselho Fiscal 1: Taís Silva Pereira (PPFEN-CEFET/RJ)
Conselho Fiscal 2: Ester Maria Dreher Heuser (Unioeste)
Conselho Fiscal 3: Castor Bartolomé Ruiz (Unisinos)

A nota da diretoria eleita publicada no site da Anpof ressalta a diversidade de seus integrantes e dos assuntos abordados. 

"É apenas a segunda vez que a presidência da ANPOF é ocupada por um programa do nordeste. (..) É a primeira vez que mulheres pardas e negras compõem a diretoria da ANPOF.  É a primeira vez que a diretoria terá 9 estados e as 5 regiões da federação. (...) É preciso mais do que nunca fortalecer as instituições por meio de regras que passem a contemplar estatutariamente a diversidade do Brasil (tanto de região, raça e gênero). (...) O desafio que se apresenta ao Brasil não é apenas de recuperar as instituições, o que se faz, aliás, produzindo a história delas, mas é também de fortalecer a presença da multiplicidade que somos. (...) Nosso caminho é de aprofundamento de questões prementes do mundo contemporâneo como, por exemplo, as questões do antropoceno, gênero e raça, mas sem descuidar da tradição da história da filosofia que também formou a filosofia no Brasil. A nossa escuta é um indicativo de que o pluralismo não deve ser visto numa perspectiva abstrata, mas como uma tarefa que só ganha sentido quando efetivamente contemplamos as diferenças de nosso imenso Brasil."

A professora Tessa também destaca a diversidade da nova diretoria. "Uma coisa que é peculiar nesta chapa é o fato de congregar pessoas de nove estados das cinco regiões do Brasil, pois o sudeste sempre esteve na maioria das ações da Anpof. A  diferença é que com esta chapa a gente incorpora uma pluralidade nos programas de pós-graduação em Filosofia. O fortalecimento das pós-graduações em outras regiões é importante para enriquecer o debate. Vamos evoluir juntos, incorporar o debate com outras regiões", frisa.

Nos últimos anos, de acordo com a professora, a área de Filosofia mudou, aumentou o número de universidades públicas com cursos de graduação e por consequência o número de programas de pós-graduação no Brasil, sendo assim, neste contexto, "é importante que São Paulo não fique isolado, que tenha alguém dialogando com esta pluralidade, para manter a USP numa relação democrática com o resto do país, que a gente tenha este debate democrático, com demandas novas", comenta sobre a importância da FFLCH-USP ter uma integrante na gestão da Associação.

Tessa comenta que a diversidade e a pluralidade na área de Filosofia está expressa não só no na maior participação de mais estados do Brasil na nova diretoria, mas também na área de pesquisa, que estava muito concentrada na história de Filosofia, e que nos últimos anos vem sendo ampliados os estudos sobre questões de raça, gênero, teorias feministas, e teorias decoloniais, por exemplo. 

Além disso, de acordo com Tessa, apesar da Anpof ter como foco a pós-graduação, como o seu nome indica, a Associação também tem a preocupação com a graduação e a valorização do ensino da disciplina no Ensino Médio. "Porque é importante manter a obrigação do curso de Filosofia no Ensino Médio, pois a maior parte da nossa atuação está no ensino, seja no Médio ou Superior. E com essa valorização está se pensando no futuro profissional. Uma coisa alimenta a outra".

19ª edição 

A 19ª edição do Encontro da Anpof foi realizada de 10 a 14 de outubro, nos campi da Universidade Federal de Goiás (UFG) e da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás), ambas na cidade de Goiânia, Goiás.

O evento estava previsto para acontecer na capital goiana em 2020, mas foi adiado por conta da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Foi o primeiro encontro da Anpof no Centro-Oeste. A última edição ocorreu em outubro de 2018.

A programação do encontro teve conferências, mesas-redondas, mesas de comunicações, minicursos, lançamentos e feira de livros de filosofia e outras atividades culturais. E contou com a presença de Filomeno Lopes, filósofo da Guiné-Bissau, e a participação virtual das filósofas Silvia Federici e Françoise Vergès e também de Ailton Krenak.

logo 19 edição Anpof



Quase 40 anos

A Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (Anpof) foi fundada em 1983 durante uma reunião sobre pesquisa em Filosofia promovida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em Brasília.

Segundo o Art. 3º de seu Estatuto, seus objetivos eram "promover maior integração dos cursos de pós-graduação em Filosofia; defender os interesses das pós-graduações [desta área] junto aos órgãos competentes [e] estimular, em todos os níveis, a investigação filosófica no País".

Seu primeiro presidente e secretário-geral foram, respectivamente, o José Arthur Giannotti, professor emérito do Departamento de Filosofia da FFLCH (1930-2021) e Zeljko Loparic, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).