Eunice Durham recebe homenagem póstuma da Anpocs

O tributo foi realizado durante o 46° Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais, cujo evento teve a participação de diversos professores e pesquisadores da Faculdade

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Bruna Correia
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eunice anpocs
Foto: Léo Ramos Chaves / Revista Pesquisa FAPESP

 

A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) realizou seu 46º encontro anual entre os dias 12 e 19 de outubro, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na cidade de Campinas. No último dia do evento, ocorreu uma homenagem à Eunice Durham (1932-2022), professora emérita do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

A homenagem aconteceu durante uma mesa na Anpocs, da qual participaram os professores José Álvaro Moisés, do Departamento de Ciência Política da FFLCH-USP; Simon Schwartzman, da Academia Brasileira de Ciências - ABC; Yvonne Maggie, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Antônio Augusto Arantes, Unicamp e ex-orientando da professora Eunice; com coordenação da professora Helena Sampaio, da Unicamp. 

"A minha admiração pela Eunice data de várias décadas atrás, em realidade dos anos 60 do século passado. Quando ela foi não apenas a professora de Antropologia do curso de graduação de Ciências Sociais da USP da minha geração, mas também uma das principais responsáveis pelo fato de que muitos de nós jovens estudantes temos descoberto a aventura da pesquisa científica e dali por diante temos envolvido pelo resto das nossas vidas profissionais nas atividades de pesquisa empírica da área das ciências humanas”, destaca José Álvaro Moisés.

Falecida em 19 de julho deste ano, a docente teve papel importante na criação de políticas de ensino no Brasil. Foi presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pesquisadora e membro do Conselho do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas (NUPPs) da USP de 2005 até seu falecimento.

Graduou-se em Ciências Sociais na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL), atual FFLCH, em 1954. Ingressou como docente de Antropologia da FFCL em 1960. Obteve o título de mestre em Antropologia em 1964, com a dissertação Mobilidade e assimilação: a história do imigrante italiano num município paulista, e tornou-se doutora em 1967, com a tese intitulada Migração, trabalho e família: aspectos do processo de integração do trabalhador de origem rural à sociedade urbano-industrial

Eunice conquistou o título de livre-docente em 1973, com a tese A reconstrução da realidade: a obra etnográfica de Bronislaw Malinowski, e tornou-se professora titular em 1985. Dedicou-se ao tema imigração italiana, além de pesquisar os temas ensino superior, universidade, avaliação, política educacional e américa latina. Em 18 de abril de 2002, tornou-se a 33ª professora emérita da FFLCH-USP.

Confira a homenagem no vídeo a seguir:


Premiações

Além da homenagem póstuma para a professora Eunice, outros pesquisadores foram premiados no encontro.

Marília Moschkovich, pesquisadora de pós-doutorado em Antropologia, ganhou o Prêmio Direitos Humanos, que em sua segunda edição homenageia a Professora Lia Zanotta Machado, com o artigo: Senso-comum como política de Estado: “mulher” e “família” na política pública anti-gênero e a nova gramática dos direitos humanos no governo de Jair Bolsonaro. 

A premiação incentiva a produção científica no Brasil em temas ligados aos Direitos Humanos, tanto sob perspectivas teóricas quanto empíricas.E também busca incentivar e promover a divulgação de trabalhos 
de excelência acadêmica e intelectual nesta área do conhecimento.

Rodrigo Mahlmeister, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política venceu o prêmio de melhor dissertação com a pesquisa: Quem Paga pelo Estado de Bem-estar? Preferências por Redistribuição e Percepções Subjetivas sobre seus Custos, que teve a orientação da professora Marta Arretche, do Departamento de Ciência Política, defendida em 2021. 

O Concurso Brasileiro Anpocs de Teses e Dissertações Universitárias em Ciências Sociais visa incentivar a produção científica e cultural no país e assegurar a difusão dos trabalhos de excelência acadêmica e intelectual de melhor dissertação do ano em Ciências Sociais.

Nos outros dias do encontro, que aconteceu de forma híbrida, foram realizadas 5 Conferências, 62 Mesas-Redondas presenciais e virtuais, 62 seminários temáticos, 16 exposições especiais, 39 Simpósios de Pesquisas Pós-Graduadas, 3 Fóruns, 4 Colóquios, 21 mostras de filmes e 16 exposições fotográficas.

Mais de 160 professores e pesquisadores ligados à FFLCH apresentaram os resultados de suas pesquisas referentes a diversos temas que vão da teoria social e metodologia, passando por temas clássicos e por questões em destaque no momento. Eles tiveram participação em diversas destas atividades como conferencistas, apresentadores, na coordenação de sessões e expositores.