Livro retrata a importância do teatro como arte denúncia

Através da dramaturgia, os abolicionistas denunciaram as atrocidades da escravidão

Por
Nilda Pais
Data de Publicação
Editoria

capa do livro
Arte : Pedro Fuini

Dia 25 de novembro, ocorreu o lançamento do livro Teatro e escravidão no Brasil (Editora Perspectiva, 416 páginas, R$ 104,90), do professor João Roberto Faria da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. 

O movimento abolicionista brasileiro também contou com as artes em seu esforço de denunciar a desumanidade da escravidão no Brasil. Este é um dos valores inquestionáveis desta obra do pesquisador João Roberto Faria, ao trazer a público uma extensa dramaturgia do século 19 em que a violência e os horrores do escravismo foram expostos ao grande público nos grandes teatros brasileiros e em grande número. 

Antes da internet, da TV, do cinema e do rádio havia apenas o teatro como caixa coletiva de ressonância social. No Brasil da segunda metade do século 19, era por meio dele que a sociedade era refletida e refletia, ou não, sobre si mesma, seus deleites e suas mazelas, e não havia então mazela maior, nem que causasse mais polarização, do que o escravismo. 

Enquanto sucessivos governos evitavam a todo custo pôr um fim definitivo à chaga aprovando leis anódinas que pretendiam fazer uma libertação "lenta, gradual e segura", para não prejudicar os fazendeiros e a economia nacional, a ideia abolicionista ganhava cada vez mais força e adeptos, principalmente nas cidades e entre os artistas e intelectuais. 

Resultado de extensa e profunda pesquisa, Teatro e Escravidão no Brasil, de João Roberto Faria, traz à luz eventos de norte a sul do país, resenhas de jornais, pareceres do Conservatório Dramático (responsável por autorizar ou não as encenações no Rio de Janeiro) e originais há muito esquecidos, resgatando o papel do teatro nesse embate que rachou a sociedade brasileira de alto a baixo, literalmente do trono à rua, e cujas consequências perduram até hoje. Um panorama não só das artes, como da luta pelo futuro do país. 

Teatro São João
Teatro São João, c. 1820. Gravura. Lerrouge e Bernard a partir de Jacques Etienne Arago. Mostra o principal teatro brasileiro do século 19 e o movimento de pessoas no largo, com escravizados em maior número. Foto: Brasiliana Iconográfica/Jornal da USP

O livro poderá ser adquirido no site da Editora Perspectiva

Com informações no site da Editora Perspectiva