Faculdade tem 3 pesquisas aprovadas na área de Linguagem, Comunicação e Artes

Os projetos são de docentes do curso de Letras, um do Departamento de Letras Orientais e dois do Departamento de Letras Modernas

Por
Eliete Viana
Data de Publicação
Editoria

Três projetos de pesquisas de docentes do curso de Letras da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP foram aprovados na Chamada LinCAr – Abordagens inovadoras na pesquisa em Linguagem, Comunicações e/ou Artes – 2022 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). 

Os projetos são de docentes do curso de Letras:
Exílio e tradução no Brasil: os textos russos - pesquisador responsável: Bruno Barretto Gomide, do Departamento de Letras Orientais;
Laboratórios de letramento acadêmico e formação docente: contribuições para o desenvolvimento de professores, tutores e estudantes - pesquisadora responsável: Eliane Gouvêa Lousada, do Departamento de Letras Modernas;
O ato de fala do pedido na perspectiva da Pragmática contrastiva: uma abordagem plurilíngue e multicultural - pesquisadora responsável: Elisabetta Santoro, do Departamento de Letras Modernas.

Nesta chamada foram selecionadas 14 propostas de Auxílio à Pesquisa – Regular e 7 propostas de Auxílio à Pesquisa – Temático. Do total de 21 projetos contemplados, 9 são de Unidades de Ensino e Pesquisa da USP, sendo 3 deles da FFLCH. As inscrições para a chamada puderam ser feitas até 16 de maio de 2022 e o resultado foi anunciado no final de dezembro.

Veja aqui todos os projetos que foram contemplados.

O objetivo da chamada LinCAr é financiar projetos que proponham novas formas de produzir e disseminar conhecimento por meio da pesquisa em Linguagem, Comunicações e/ou Artes.

No edital da chamada está destacado que com os projetos "espera-se a construção de novos arranjos teóricos e procedimentos metodológicos, em sintonia com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU)".

Comentários 

Confira, abaixo, os comentários de duas professoras que tiveram projetos de pesquisa contemplados na chamada, nos quais elas falam sobre o objetivo e a importância das pesquisas. Em seus discursos, há em comum o destaque para um trabalho conjunto e colaborativo para a realização dos projetos.

Laboratórios de letramento acadêmico e formação docente: contribuições para o desenvolvimento de professores, tutores e estudantes - pesquisadora responsável: Eliane Gouvêa Lousada, do Departamento de Letras Modernas


"Este projeto de pesquisa visa a investigar o laboratório de letramento acadêmico como espaço de formação dos estudantes no tocante ao desenvolvimento de competências em letramento acadêmico e como espaço de formação tanto de tutores, para atuarem em laboratórios, como de futuros professores, que poderão ter, assim, mais ferramentas para o trabalho com seus próprios alunos em relação ao letramento acadêmico", comenta Eliane.

A professora Eliane lembra também que "os Laboratórios de Letramento Acadêmico tiveram sua origem há várias décadas, em países anglófonos (conhecidos como Writing Centers), porém, no Brasil, esses laboratórios são mais recentes". 

O Laboratório de Letramento Acadêmico (LLAC) da FFLCH-USP foi fundado em 2012 pelas professoras Eliane e Marília Mendes Ferreira, que também é do Departamento de Letras Modernas, e, desde então, inúmeros outros laboratórios foram criados. No entanto, segundo ela, uma problemática persiste: como formar tutores (ou monitores) para dar atendimento aos graduandos e pós-graduandos em relação aos textos (orais ou escritos) produzidos na esfera acadêmica?

Sobre a importância do projeto, Eliane conta um pouco de sua trajetória docente na USP para explicar o surgimento deste tipo de pesquisa.

"Desde que ingressei na USP, tenho dado continuidade à pesquisa que desenvolvi no doutorado: a formação de professores para o ensino de línguas estrangeiras, especificamente o francês, mas, também, a formação de professores em geral. Ao iniciar minha atuação na USP, percebi também a necessidade de propostas ligadas ao letramento dos alunos de graduação e de pós-graduação, explorando uma vertente de estudos que eu havia desenvolvido paralelamente ao meu doutorado: a da produção textual na universidade. Essa temática tinha sido objeto de publicações e cursos que resultaram em um conhecimento e experiência específicos na área de letramento acadêmico. Com essas temáticas de pesquisa, tenho orientado pós-graduandos e tenho, também, desenvolvido vários projetos e publicações. Uma das temáticas que tenho desenvolvido nessa área é o do letramento acadêmico por meio de gêneros textuais, que deu origem a vários projetos com verbas diversas: Ministério das relações exteriores e francofonia do Québec, Canadá; Agence Universitaire de la Francophonie (AUF) e CAPES-DFATD. Esse projeto reuniu uma equipe brasileira com colegas da USP, da USF [Universidade São Francisco], da Unesp [Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho] e da Universidade de Sherbrooke, Canadá. Para propor nosso projeto à chamada Fapesp LinCAr, associei as duas áreas: por um lado, o letramento acadêmico; por outro, a formação de professores, respondendo, assim a uma grande necessidade do momento, a formação de tutores, já que os Laboratórios de Letramento Acadêmico se multiplicam, sem que haja formação de tutores que possam dar atendimento aos alunos".

Por fim, a professora fez questão de ressaltar que o projeto enviado à chamada da Fapesp é feito em conjunto. "A proposta do projeto só foi possível a partir de uma ação conjunta. Como trabalhamos juntos há alguns anos nos projetos acima, as docentes de três universidades do estado de SP e os dois colegas canadenses, pudemos, ao mesmo tempo: - retomar nossos grandes objetivos nos projetos anteriores; - reunir nossas competências individuais e propor as diferentes partes do projeto que foi apresentado. Tratou-se, realmente, de uma construção conjunta, na qual cada um dos pesquisadores propôs uma parte importante do projeto. Por isso, gostaria de ressaltar o empenho das colegas brasileiras (professoras Adriana Zavaglia, Anise d'Orange Ferreira e Luzia Bueno), bem como a disponibilidade dos colegas canadenses (professores Olivier Dezutter e Frédéric Saussez) em participar de um projeto que nos reúne mais uma vez em torno de um objetivo inovador: a formação de tutores/monitores para o letramento acadêmico".

O ato de fala do pedido na perspectiva da Pragmática contrastiva: uma abordagem plurilíngue e multicultural - pesquisadora responsável: Elisabetta Santoro, do Departamento de Letras Modernas


"Decidimos propor o projeto pensando em como os estudos da linguagem podem contribuir para compreender melhor as dinâmicas da comunicação intercultural, hoje potencializada pelo uso da tecnologia e pelas migrações cada vez mais intensas. De fato, como dizia o antropólogo e linguista Edward Sapir, a linguagem pode ser considerada um “guia simbólico” para a cultura. Como se lê no título, o estudo se insere no campo da Pragmática contrastiva e vai, portanto, contemplar várias línguas e culturas, entre as quais, além do português brasileiro, italiano, algumas variedades de espanhol e mandarim. O estudo partirá da análise do ato de fala do pedido, que escolhemos porque pode ser considerado um “ato social básico” de alta frequência, particularmente sensível às variações culturais. O principal objetivo é identificar analogias e diferenças nos modelos, nos hábitos e nas normas de referência, o que pode levar a uma melhor convivência com o “outro”". 

Elisabetta recorda o histórico que deu origem ao projeto: "O projeto foi elaborado no âmbito do Grupo de Pesquisa Pragmática (inter)linguística, cross-cultural e intercultural, que existe desde 2013 e nasceu da minha colaboração com os colegas Luiz Antônio da Silva, do Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa (vice-líder do grupo de pesquisa), e Maria Zulma Kulikowski, professora aposentada do Programa de Pós-Graduação em Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-Americana. Ao longo dos anos, o grupo cresceu e hoje participam dele pesquisadoras e pesquisadores de diversas instituições do Brasil e do exterior, em alguns casos egressos dos nossos programas de pós-graduação".

E também frisa a relevância do apoio da Fapesp no projeto: "Um projeto dessa envergadura só pode ser levado a cabo a partir de um trabalho colaborativo, que exige diferentes competências e recursos, aos quais até agora tivemos um acesso muito limitado. Com o financiamento da Fapesp, a situação será mais favorável e teremos melhores condições para o avanço da pesquisa".