FFLCH participa de celebrações dos 49 anos da Revolução dos Cravos

A Revolução, que derrubou a ditadura salazarista e instituiu a democracia em Portugal, foi celebrada em eventos na Alesp e na Casa de Portugal

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Alice Elias
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Ato solene da Alesp em homenagem à Revolução dos Cravos Ato solene da Alesp em homenagem à Revolução dos Cravos Ato solene da Alesp em homenagem à Revolução dos Cravos


O dia 25 de abril marca um dos eventos mais importantes da história de Portugal: a Revolução dos Cravos. O movimento derrubou o regime ditatorial de António de Oliveira Salazar, vigente desde 1933, e instituiu a democracia no país. Desde então, a data é celebrada por Portugal e pelas nações africanas que conquistaram sua independência a partir da Revolução, como Angola e Moçambique.

A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP participou de duas homenagens ao 49º aniversário da Revolução, realizadas na última terça-feira (25) pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp); e no dia seguinte pela Casa de Portugal de São Paulo em conjunto com a Cátedra Jaime Cortesão.

Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo

Na Alesp, o evento foi mediado pelo deputado Paulo Fiorilo, do Partido dos Trabalhadores (PT), e contou com a participação de parlamentares, autoridades nacionais e internacionais, membros da comunidade luso-brasileira e ativistas. A professora Ana Paula Megiani, diretora em exercício da FFLCH, representou a faculdade como diretora e membro da Cátedra Jaime Cortesão, responsável pelo convênio firmado entre a USP e o Instituto Camões.

A mesa foi composta por outros grandes nomes como: António Pedro Rodrigues da Silva, cônsul-geral de Portugal em São Paulo; Stela Maria da Graça Santana e Sousa Santiago, cônsul-geral da Angola em São Paulo; Affonso Massot, embaixador e secretário executivo de Relações Internacionais do Estado de São Paulo; Renato Afonso Gonçalves, presidente em exercício da Casa Portugal; José Antônio da Costa Fernandes, diretor do Centro Cultural 25 de Abril; Maria Olívia Pinto Esteves Alves, desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo e secretária da Casa de Portugal; e os parlamentares Donato (PT), Paula da Bancada Feminista (PSOL), Maria Lúcia Amary (PSDB), Simão Pedro (PT), Beth Sahão (PT), Professora Bebel (PT) e Guilherme Cortez (PSOL).

Casa de Portugal

Na Casa de Portugal, o evento “25 de Abril: A Resistência Colonial e o Fim do Salazarismo” foi organizado em conjunto com a Cátedra Jaime Cortesão (FFLCH) e o Consulado Geral de Portugal em São Paulo.

Pertencente a uma série de comemorações que celebram a Revolução dos Cravos e a chegada do acervo do 25 de Abril à Casa de Portugal, o evento contou com a participação dos professores Francisco Carlos Palomanes Martinho, de História Ibérica, e Leila Maria Gonçalves Leite Hernandes, de História da África, ambos do Departamento de História da FFLCH; e Helena Wakim Moreno, doutora em História Social pela FFLCH.

A Cátedra Jaime Cortesão associa os Departamentos de História e de Letras Clássicas e Vernáculas na pesquisa e divulgação da História de Portugal e do Mundo de Colonização e Língua Portuguesa. Instalada no Edifício "Eurípedes Simões de Paula" (Geografia e História), possui áreas de biblioteca, salas de reunião, gabinetes para visitantes, centro de informática e amplo jardim.

Revolução dos cravos

Conhecido como Revolução dos Cravos ou Revolução de 25 de Abril, o movimento eclodiu a partir do profundo descontentamento com o regime ditatorial do Estado Novo de Salazar, vigente há 41 anos.

O Estado Novo português se consolidou em um contexto de ascensão do fascimo e de regimes totalitários, marcados por figuras como Adolf Hitler na Alemanha, Benito Mussolini na Itália e Francisco Franco na Espanha. O fim da Segunda Guerra Mundial promove o fim dos governos de Hitler e Mussolini, mas os de Franco e Salazar não sofreram intervenção externa e se mantiveram até a década de 1970.

A Revolução de 25 de Abril derrubou o salazarismo (ainda vigente mesmo após a morte do ditador, em 1970) e deu início à implantação de um regime democrático no país. Foi liderada por um vasto grupo, composto por civis, exilados, políticos, artistas, intelectuais, profissionais do próprio Estado ditatorial e, diferentemente da maioria das revoluções, militares. Os militares, em sua maioria capitães ligados à esquerda portuguesa, se revoltaram contra as guerras de independência nas colônias portuguesas na África.

Megiani explica que os capitães portugueses constataram que viviam em um regime ditatorial durante as guerras de independência africanas. “Então eles voltam para Portugal e se rebelam contra a ditadura a partir de uma revolução pacífica. Eles saíram em cima dos tanques com os cravos espetados nos fuzis e bocas dos canhões”.

Foi um evento revolucionário que resultou em muitas transformações políticas, econômicas e sociais em Portugal: a censura deu lugar à liberdade de expressão, os presos políticos foram soltos e os direitos humanos foram garantidos. Em âmbito internacional, iniciou-se o processo de independência das colônias portuguesas na África. No Brasil, além de promover uma porta de ação para a militância no exílio, foi um símbolo de esperança em meio à ditadura militar brasileira, vigente desde 1964.