Autor de Terra Sonâmbula, Mia Couto explora a natureza humana e sua relação com a terra, abordando temas espinhosos de modo sensível e poético
Mia Couto, escritor moçambicano mais traduzido e divulgado no exterior, começou sua carreira literária aos 14 anos com poemas no Jornal Notícias da Beira, de Moçambique. Nos anos seguintes, desenvolveu romances, crônicas e contos infantis, com obras adaptadas para o cinema e o teatro.
Em 1992, publicou o livro Terra Sonâmbula, ganhador do Prêmio Nacional de Ficção da Associação de Escritores Moçambicanos (AEMO) e considerado pelo júri um dos maiores livros africanos do século XX.
De acordo com Flávia Renata Machado Paiani, doutora em História Social pela FFLCH USP, é a obra mais importante do autor pelo tema e pelo contexto da publicação (Em 1992, chegava ao fim uma guerra civil de dezesseis anos em Moçambique, um dos temas presentes na obra).
De modo geral, sua escrita explora a relação das naturezas humanas com a terra, escrevendo mundos fantásticos e surreais, criando neologismos que lhe atribuem uma característica própria. “Ele tem modo sensível e poético de abordar temas espinhosos, privilegiando personagens que, de certa maneira, representariam as vozes dos excluídos”, explica a pesquisadora.
Mia Couto foi vencedor dos prêmios Mário António (Ficção) da Fundação Calouste Gulbenkian (2001), pelo O Último Voo do Flamingo; e Passo Fundo Zaffari e Bourbon de Literatura (2007), pelo romance O Outro Pé da Sereia, além de receber o Prêmio Camões (2013).