Exposição na FFLCH aproxima Brasil e México

Por
Eliete Viana
Data de Publicação

 

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Está em cartaz, até o dia 30 de julho, a exposição Códices mexicanos: imagens, escritura e debate na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. A mostra é gratuita e traz 12 reproduções dos famosos livros confeccionados pelos povos indígenas da Mesoamérica (que vai desde o centro de Honduras e noroeste de Costa Rica até o México) nos períodos pré-hispânico e colonial, os quais mesclam imagens e escrita e estão sendo exibidos publicamente pela primeira vez no Brasil.

Atualmente, os códices mesoamericanos originais se encontram em bibliotecas e arquivos de países europeus, dos Estados Unidos e, principalmente, do México, onde também alguns códices pertencem a comunidades indígenas atuais e se constituem como objetos de conformação de suas identidades comunitárias. As reproduções expostas são emprestadas dos acervos da titular da Cátedra José Bonifácio da USP, Beatriz Paredes, que foi embaixadora do México no Brasil, de janeiro de 2013 a janeiro de 2017; da coleção de obras raras da Biblioteca Florestan Fernandes e do Centro de Estudos Mesoamericanos e Andinos (CEMA), ambos da FFLCH; com apoio do Consulado Geral do México em São Paulo.

Abertura

A cerimônia de abertura da exposição foi realizada no dia 23 de maio. A diretora da FFLCH, Maria Arminda do Nascimento Arruda, iniciou a saudação ao público agradecendo o empenho dos funcionários que trabalharam para a realização e a divulgação do evento, e dos coordenadores do CEMA, que são os curadores da exposição. A dirigente falou das relações cultivadas há décadas com o Consulado Geral do México em São Paulo e da relevância desta mostra que vai além dos documentos expostos. “Esta exposição tem o condão de aproximar e reforçar as relações entre a Faculdade de Filosofia e a Universidade de São Paulo das instituições mexicanas. Vivemos um mundo tão desconcertante e desnorteador, que nos obriga, até mais do que no passado, a reviver as raízes comuns das sociedades ibero-americanas”, destacou.

O diretor do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, Pedro Dallari, ressaltou estar muito satisfeito em ver concretizada a parceria entre a FFLCH e Beatriz Paredes, a titular da Cátedra José Bonifácio – que é uma iniciativa do Centro Ibero-Americano (Ciba), núcleo ligado à Pró-Reitoria de Pesquisa e ao Instituto. “É importante esta transversalidade entre as áreas e, a FFLCH, com esta exposição, consegue integrar a Universidade e suas pesquisas”. Dallari aproveitou para fazer uma explicação sobre a Cátedra, que convida uma personalidade do mundo ibero-americano para ministrar atividades acadêmicas na Universidade durante um ano letivo – Beatriz é a quinta pessoa a ocupar o cargo.

“É um orgulho fazer parte e colaborar nesta exposição”, afirmou a cônsul-geral do México em São Paulo, Margarita Pérez Villaseñor. Beatriz Paredes, que propôs a exposição, contou ter nascido e vivido durante a infância no México em dois povos de origem pré-colombiana, de onde são dois códices expostos, o que para ela torna mais especial o evento. “Para mim, esta inauguração representa e concretiza um sonho. Os códices são importantes por ser um pedaço de nossa pele, da pele do povo da América Latina”.

Beatriz afirmou que um dos motivos de ter aceitado participar das atividades na USP foi para ajudar a aprofundar e estreitar os vínculos na América Latina através do meio acadêmico. “Quero ser uma ponte entre a Universidad Nacional Autónoma de México (Unam) [ela é socióloga formada por esta instituição] e essa grande Universidade, a USP”. Em concordância com a ideia de aumentar os vínculos, o vice-reitor da USP, Vahan Agopyan, afirmou que o Brasil demorou muito para fazer intercâmbio com a América Latina. “Nós desconhecemos o continente e uma forma de conhecê-lo é através da iniciativa desta exposição”, ressaltou.

Além dos dirigentes à mesa, também estiveram presentes os diretores das seguintes Unidades da USP: Maria Amélia de Campos Oliveira (EE), Primavera Borelli Garcia (FCF); Belmira Amélia de Barros Oliveira Bueno (FE); José Antonio Visintin (FMVZ); Waldyr Antônio Jorge (FO); Gilberto Fernando Xavier (IB); Jackson Cioni Bittencourt (ICB); Sandra Margarida Nitrini; Marcos Nogueira Martins (IF). E, também, os vice-diretores: Andrés Eduardo Aguirre Antúnez (IP) e Vânia Carneiro de Carvalho (Museu Paulista).

Códices  

Logo depois, com a mediação do professor do Departamento de Antropologia da FFLCH, Márcio Silva, os coordenadores do CEMA e curadores desta exposição, Eduardo Natalino dos Santos e Pedro Paulo Salles, respectivamente, professores da FFLCH e da ECA, fizeram uma apresentação sobre os Códices Mesoamericanos: composição, temas e seu estudo no Brasil. Natalino, que estuda o assunto há quase 20 anos – o Centro foi fundado em meados de 2000 – falou sobre a região geográfica que corresponde hoje à Mesoamérica e explicou os cinco tipos principais de códices. “Os códices eram muito comuns no período pré-hispânico, pois cada povo produzia o seu, e também tiveram importância no período colonial, com uma espécie de atuação política”.

Salles, o outro coordenador do CEMA, mostrou alguns códices enquanto explicava as representações visuais da fala e dos sons neles, já é músico e seu interesse é mais focado nesta questão. Nas imagens, apareciam pessoas cantando, bebendo e se divertindo. E destacou a relevância do códice Dresden, que está na exposição, do século XII-XVI, de origem maia.

Pesquisas

Para finalizar, alguns dos pesquisadores do CEMA falaram dos estudos sobre códices mesoamericanos que vêm sendo realizados nos últimos anos. Ana Cristina de V. Lima comentou sobre os códices mixtecos, que se utilizam de escritos formados por glifos, com conteúdo fortemente narrativo e relacionado a uma elite. Charles Bosworth estudou o códice Zouche-Nutall, presente na mostra, e falou dos rituais de sacerdote destes documentos. A pesquisadorea Tawnne de Andrade analisou os códices tributários (Tequiamatl). E, para terminar, Eduardo Martins apresentou o seu trabalho em andamento sobre os códices mexicas e também a dissertação de mestrado da colega Carla Carbone, intitulada “Chicomoztoc, o Lugar das Sete Cavernas, nas histórias nahuas do início do período colonial (1540-1630)”.

Tanto a abertura dos dirigentes, quanto à apresentação dos curadores e dos pesquisadores do CEMA foram transmitidas ao vivo no dia 23 de maio e podem ser assistidas pelo canal da FFLCH no YouTube.

A mostra Códices mexicanos: imagens, escritura e debate é gratuita e poderá ser vista até o dia 30 de julho, de segunda-feira a sábado, das 10h às 21h, no saguão dos novos auditórios do prédio de Geografia e História da Faculdade. Toda terça-feira, às 18h, acontecerão as visitas guiadas. Para grupos ou escolas, o agendamento deve ser feito pelo e-mailcema@usp.br.

O saguão dos novos auditórios do prédio de Geografia e História da Faculdade está localizado na Av. Professor Lineu Prestes, 338 – Cidade Universitária, São Paulo.

Mais informações pelo telefone: (11)3091-4938.

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