Um lírico em contraluz

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Redação
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O professor Caio Gagliardi, do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas (DLCV) da FFLCH, está lançando o livro de poesias Caroço, pela Editora Mondrongo. A obra, dividida em duas partes que apresentam um espelhamento entre si, embora com elocuções distintas, reúne poemas do autor fruto das experiências de anos como professor de Literatura Brasileira na USP. 

De acordo com o escritor Marco Catalão: "O primeiro livro de poemas publicado por Caio Gagliardi não é o livro de um iniciante. Em cada verso se nota a longa maturação, o lento convívio com cada palavra, o processo orgânico que conduz a experiência à sua essência, ao seu centro, ao seu caroço — metáfora que neste livro não designa, como em Rilke, a morte que cada pessoa traz dentro de si, mas, ao contrário, o que permanece de vivo e íntegro depois que a polpa do fruto foi consumida".

O professor Erwin Torralbo Gimenez, colega de DLCV, escreve:  "Este livro de poemas constitui uma estreia. Mas a sua história é já antiga e bem meditada. Experiente leitor de poesia, o professor e ensaísta Caio Gagliardi cultivou discreto, durante anos, os seus próprios versos; e foi certamente a discrição que o fez esperar e corrigir as palavras até lhe parecerem próprios os versos, isto é, não apenas originais como também ajustados aos cortes de um olhar que, mesmo alheio no tempo, o sujeito ainda o sente tão interno.

Deve-se perguntar, então, o que seleciona Caio quando fala de si mesmo enviesadamente, falando das coisas sob um prisma oculto. O poema que abre o livro e ainda lhe define o título – “Caroço” – guarda uma imagem-conceito, tão poderosa a ponto de deslizar por todos os recantos da coletânea e logo correr de volta a seu enigma interior. Resto do perecível e já fruído, o caroço é, em sua aparente inutilidade, o núcleo ambíguo, e sem nada em torno: estéril como pedra, protege em seu recesso a semente fértil, núcleo segundo de potencialidade".

Caio Gagliardi é professor de Literatura Portuguesa na FFLCH USP, onde coordena o grupo de pesquisa Estudos Pessoanos. Suas primeiras incursões poéticas datam de meados dos anos 1990, quando publicou na revista Versal e, já no início dos anos 2000, na série Salamandra, Camaleoa e Lagartixa, da qual foi coeditor, na Unicamp. Preparou edições com aparato crítico dos romances A cidade e as serras (2006), de Eça de Queiroz, e O Ateneu (2020), de Raul Pompeia, dos livros de poesia Mensagem (2007) e Poemas completos de Alberto Caeiro (2011), de Fernando Pessoa, e de parte fundamental de sua obra dramatúrgica, a qual intitulou Teatro do êxtase (2020). É autor de O renascimento do autor – autoria, heteronímia e fake memoirs (2019) e organizador do volume de ensaios críticos Fernando Pessoa & Cia. não heterônima (2019), além de algumas dezenas de artigos e capítulos de livro relacionados à moderna Literatura Portuguesa, à Teoria Literária e ao Ensino da Literatura.

O livro está em fase de pré-venda até o dia 07/07, no site da Editora Mondrongo. Quem adquiri-lo antecipadamente receberá o exemplar em casa com a dedicatória do autor.