FFLCH recebe reitora de universidade japonesa para discutir elementos culturais a partir do romance Genji Monogatari

Promovido pela área de japonês, o encontro começa às 10 horas da próxima quarta-feira, dia 16, e será realizado no auditório 8, no Prédio de Filosofia e Ciências Sociais

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Lívia Lemos
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Imagem: Reprodução/Wikimedia Commons

No dia 16 de agosto, acontecerá a palestra Genji Monogatari (XI) - narrativa ilustrada (emakimono) e os aspectos da cultura japonesa. Organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Língua, Literatura e Cultura Japonesa da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, o encontro tem como objetivo refletir sobre as peculiaridades da cultura japonesa a partir da narrativa ilustrada Genji Monogatari. A palestrante convidada, Rei Kufukihara, é a atual reitora da Universidade da Província de Aichi, do Japão, e especialista em Literatura Japonesa Clássica.

A palestra será em japonês e contará com a intérprete Eunice Suenaga, formada em Letras-Japonês e Português pela FFLCH, e atualmente professora na mesma universidade que Rei.

O encontro será das 10h às 11h40 e contará com certificado de participação, sem necessidade de inscrição prévia.
Apesar da palestra ser voltada para estudantes do curso de japonês, Lica Hashimoto, professora de Literatura Japonesa na FFLCH, ressalta a importância de outros alunos que não estudam o idioma participarem do encontro, uma vez que a obra traz discussões interessantes sobre as relações humanas: “A obra possibilita enxergar o ser humano para além das fronteiras do tempo e do espaço, trazendo discussões muito atuais”.

As narrativas ilustradas Genji Monogatari

Considerado o primeiro romance literário do mundo, Genji Monogatari, ou O Conto de Genji na tradução para o português, é uma obra clássica japonesa que relata a história de Genji, um filho de imperador que, após ter seus status rebaixado a um cidadão comum, se esforça para voltar a fazer parte da alta sociedade. 

Produzida no século 11 pela nobre Murasaki Shikibu, a obra está repleta de detalhes da corte do período da história japonesa Heian (794-1185). Ao longo dos 54 capítulos, o leitor é convidado a refletir sobre questões políticas, sociais e da natureza humana enquanto acompanha a jornada de Genji por diversas regiões do país e suas relações românticas com mulheres. 

Apesar de antiga, a obra se destaca pelo fato de ser um livro completamente ilustrado, em que as histórias são contadas através de desenhos, como explica Lica: “Você tinha um rolo com ilustrações e, conforme o leitor ia desenrolando, ele interpretava as ilustrações e ia contando oralmente”.

A escolha do formato para contar a história não foi por acaso. A professora explica que, na época, o sistema de escrita japonesa não estava completamente formado, o que tornava a obra especial pela possibilidade de abranger mais pessoas. As narrativas também são um exercício da imaginação: “O rolo é apenas um portal, um ponto de partida para você conseguir imaginar muito mais coisas através da pintura e das figuras”.

A obra tem grande importância para a história japonesa não só por ser uma das primeiras produções japonesas, mas também por ser escrita em um contexto em que o Japão buscava sua independência política, econômica e cultural da China. “A narrativa Genji Monogatari marca a tentativa de dar voz ao povo japonês e de diferenciá-lo do chinês. Eles buscam ter um canal de expressão e identidade”, explica a professora.

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Além de professora, a palestrante Rei também é poetisa [Imagem: Currículo Lattes] 
 

Sobre a palestrante, Lica pontua: “Ela é acadêmica, mas tem um olhar sensível para a obra, consegue ver coisas simples do dia a dia e transformá-las em grandes”.