Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro é homenageado no XIV Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica

Na ocasião, foi destacada a trajetória acadêmica do professor emérito do Departamento de Geografia da FFLCH e a criação de um prêmio que leva seu nome

Por
Eliete Viana
Data de Publicação
Editoria


Durante o XIV Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica, realizado de 10 a 14 de agosto, organizado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro, professor emérito do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, foi homenageado por sua trajetória acadêmica com um vídeo e a criação de um prêmio que leva seu nome.

O Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica (SBCG) é um evento da Associação Brasileira de Climatologia (ABClima), de periodicidade bienal e de natureza rotativa, existente desde o ano de 1992. O SBCG tem por objetivo fomentar o debate, a reflexão, a difusão e a construção do saber em torno da climatologia geográfica e de outras áreas correlatas no âmbito da pesquisa, do ensino e da extensão.

O SBCG reúne centenas de professores do ensino superior e básico, pesquisadores, técnicos e estudantes da graduação e da pós-graduação em suas edições. O tema norteador do XIV SBCG foi: Saberes acadêmicos, populares e institucionais em Climatologia: contextos para uma agenda socioambiental. 


"Com licença minha gente,
que agora eu vou falar
de um homem inteligente,
que marcou com o seu pensar,
falo do mestre Monteiro,
que do clima é o primeiro a surgir em nosso pensar"
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Os versos acima dão início ao vídeo exibido na ocasião, no qual é contada a história do docente, em ritmo de poesia de cordel, desde o nascimento no Piauí, os primeiros passos na Geografia, as universidades pelas quais ele passou como aluno e professor, e as pesquisas que desenvolveu. 

​​​​​​​Na primeira parte é narrada a sua trajetória acadêmica profissional, apresentando datas e dados importantes sobre o docente. Considerado o pai da climatologia, pode-se destacar as publicações do primeiro artigo Notas para o estudo do clima centro-oeste brasileiro, em 1951, e do Atlas climático de SP, em 1973; e o título de Professor Emérito pela FFLCH e os de Doutor Honoris Causa que recebeu.   

A segunda contém fotos e depoimentos de professores e pesquisadores sobre a importância de Monteiro para a Geografia e como inspiração em suas pesquisas. "Professor Monteiro representa, não somente para nós da Geografia e da Climatologia geográfica, mas para a ciência, sobretudo brasileira, uma profunda mostra de nossa capacidade intelectual em todos os sentidos e campos do conhecimento.", ressaltou o professor Fábio Sanches, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

A docente Juliana Maria Oliveira Silva, da Universidade Regional do Cariri (URCA), destacou como Monteiro transformou a história da Climatologia. "A sua obra Teoria e Clima Urbano é aplicada em diversos contextos geoambientais do país, e aqui no Ceará, em meio a um cenário de semiaridez de grande parte do seu território, constitui um referencial para as pesquisas de Climatologia no Cariri cearense!".

O último depoimento foi da também professora do Departamento de Geografia da FFLCH Maria Adélia Aparecida de Souza, que é amiga do professor. "Carlos Augusto dignifica a profissão do professor, do pesquisador e do profissional competente. Carlos Augusto, professor emérito [da FFLCH] da USP é um mestre da Climatologia mundial", disse.
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Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro
Professor Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro em vídeo gravado para a homenagem - Foto: Reprodução


A terceira parte contém a mensagem do professor de 94 anos sobre a homenagem. "Fiquei emocionado ao saber que o XIV Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica criou um prêmio que leva o meu nome. (...) Quero agradecer aos meus colegas esta homenagem, que nesta altura da minha vida muito me comoveu, muito obrigado!". 

Monteiro se refere ao Prêmio Professor Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro, criado neste ano e que premia a melhor dissertação de mestrado e a melhor tese de doutorado em Climatologia Geográfica. Ao todo foram recebidas 12 dissertações e 11 teses para avaliação ao prêmio. Os trabalhos premiados foram anunciados no dia 13 de agosto.
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Análise socioambiental da morbidade da malária em Manaus-AM, de Rayane Brito de Almeida, defendida em 2019 pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), foi a melhor dissertação de mestrado em Climatologia Geográfica do Brasil. E e menção honrosa foi para a dissertação A organização do espaço urbano e a estrutura térmica da cidade de Cuiabá-MT, de Hugo Vilela Lemos Ferreira, defendida na Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).

O prêmio para a melhor tese de doutorado foi para O clima urbano de cidades de pequeno porte do Oeste paulista: análise do perfil térmico de Presidente Venceslau, Santo Anastácio e Álvares Machado, Brasil, de Danielle Cardozo Frasca Teixeira, defendida na Universidade Estadual Paulista (Unesp) campus de Presidente Prudente.

Duas teses também receberam a menção honrosa: Percepção climática e conforto térmico: contribuição ao estudo interdisciplinar dos aspectos objetivos e subjetivos do clima em Palmas, TO, de Liliane Flávia Guimarães Da Silva, da Universidade Federal do Tocantins (UFT); e Ondas de frio em Santa Catarina: impactos no cultivo de maçã no município de São Joaquim, de Maikon Passos Amilton Alves, da Universidade Federal de Santa Catariana (UFSC).

Homenageado

Graduou-se em Geografia e História na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ), em 1950. Em 1953, concluiu especialização em Geografia Física e Geologia Dinâmica na Faculté des Sciences da Université de Paris - Sorbonne (França), em 1953. 

Ingressou como docente na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) em 1954. Tornou-se doutor em Geografia pela mesma FFCL em 1967, com a tese intitulada A frente polar atlântica e as chuvas de inverno na vertente sul oriental do Brasil. Obteve o título de livre-docente em 1975, com a tese Teoria e clima urbano. Tornou-se professor titular do Departamento de Geografia em 1986. Dedicou-se às áreas de geografia física, ecologia, ciências exatas e da terra, geociências e história. Em 26 de junho de 2003, tornou-se o 35º professor emérito da FFLCH.

Assista, a seguir, o vídeo em homenagem ao professor. 
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