A herança da violência cotidiana do sistema colonial escravista, a repressão aos movimentos populares e sociais pelas oligarquias do Império e da Primeira República, pela ditadura Vargas, com o apoio do Integralismo, e pela ditadura civil-militar de 1964 a 1985, o genocídio dos povos indígenas e negros no Brasil desde sempre, os impulsos antidemocráticos de governos eleitos recentemente, são exemplos do autoritarismo das elites econômicas do Brasil, em sociedade com o capitalismo internacional, em um continuum que liga o passado ao presente.
Na constituição de símbolos e formulações ideológicas, na representação das relações sociais, nos modos de produção, circulação e recepção dos textos, a literatura e a crítica literária produzidas no Brasil discutem e são atravessadas por uma história que é catástrofe e acumulação de ruínas, como propõe Walter Benjamin, e remorso, como escreve Drummond.
O que dizem os escritores, críticos e historiadores da literatura brasileira sobre as formas de autoritarismo que persistem nos espaços públicos e privados do país? Como procuram trazer à memória coletiva a reflexão sobre a barbárie constitutiva desta dita “civilização”? Como afirmam ou resistem ao esquecimento e à reposição de estruturas violentas em diversas instituições? Como relacionam a história e o momento contemporâneo?
O 9º Seminário do Programa de Pós Graduação em Literatura Brasileira da FFLCH/USP, intitulado “Autoritarismos de ontem e de hoje”, propõe este debate, com conferências, mesas redondas e apresentações que giram em torno do tema.
