Sete pesquisas da FFLCH são agraciadas no Prêmio Tese Destaque USP 2021 

As teses de doutorado lembradas foram nas grandes áreas de Linguística, Letras e Artes; Ciências Humanas; Sustentabilidade Ambiental; e Inclusão Social e Cultural

Por
Eliete Viana
Data de Publicação

 *Matéria atualizada em 11/11/2021, às 17h01
 

 10º Prêmio Tese Destaque USP
A FFLCH é a Unidade de Ensino e Pesquisa da USP que tem o maior número de alunos de pós-graduação e de programas. São mais de 2.900 estudantes no mestrado, doutorado direto e doutorado nos 23 programas. Foto: Marcos Santos / USP Imagens 


A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP teve uma pesquisa vencedora e seis menções honrosas no 10º Prêmio Tese Destaque USP. O anúncio dos vencedores ocorreu no dia 20 de outubro, durante o 2º Encontro da Pós-Graduação da USP. 

Nesta edição do prêmio foram indicadas 216 teses, defendidas entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2020. Os alunos agraciados recebem um prêmio no valor de R$ 10 mil e os seus orientadores, R$ 5 mil em recursos para custeio. Os autores das teses premiadas e das que mereceram menções honrosas ganham também um Diploma de Premiação.

Os trabalhos foram avaliados de acordo com a sua originalidade, relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação, e valor agregado ao sistema educacional.

Além das 12 teses premiadas, 23 teses receberam menções honrosas nas grandes áreas: Ciências Agrárias, Ciências Biológicas; Ciências Exatas e da Terra; Ciências da Saúde; Ciências Humanas; Ciências Sociais  Aplicadas; Engenharias; Linguística, Letras e Artes; Multidisciplinar; Sustentabilidade Ambiental; Sustentabilidade Econômica; e Inclusão Social e Cultural. 

Do total, os programas de pós-graduação da FFLCH foram os mais premiados na universidade, em quatro grandes áreas: Linguística, Letras e Artes, Ciências Humanas, Sustentabilidade Ambiental e Inclusão Social e Cultural.

Conheça, abaixo, as teses da FFLCH contempladas no 10º Prêmio Tese Destaque USP.

Prêmio

A tese da FFLCH premiada foi na grande área Linguística, Letras e Artes, intitulada A Língua Geral de Mina e o Ciclo do Ouro: um capítulo da história dos contatos no Brasil, de autoria de Wellington Santos da Silva, com orientação da professora Esmeralda Vailati Negrão, do Departamento de Linguística e pelo Programa de Pós-Graduação de mesmo nome. 

Este trabalho recebeu menção honrosa na área de avaliação Linguística e Literatura do Prêmio Capes de Tese Edição 2021, cujo resultado foi anunciado no dia 3 de setembro.

O autor contou que a ideia inicial da tese nasceu em um curso de pós-graduação que ele fez na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com o professor Emilio Pagotto, enquanto ainda no mestrado na FFLCH - que resultou na dissertação Linguística histórica no Brasil (1950-1990): estudo historiográfico das continuidades e descontinuidades no tratamento da variação e da mudança linguística do português brasileiro

No trabalho final do curso, Silva escolheu fazer um estudo de um viajante do século XVIII e que havia passado por Minas Gerais, que serviu como uma espécie de pré-projeto para o doutorado na FFLCH depois. Sobre o diferencial da sua tese, ele fez a declaração abaixo:   

"Primeiramente, é um trabalho de caráter interdisciplinar, que buscou unir conhecimentos da História – tanto do Brasil, quanto da África, em alguma medida –, das teorias de contato linguístico e da sintaxe das línguas africanas. Em relação a esse último aspecto, a tese foi um dos únicos trabalhos que analisou a língua geral de Mina (LGM) como uma língua africana propriamente dita, levantando, a partir dos dados difusos hauridos da Obra Nova de Lingoa Geral de Mina, quais fenômenos gramaticais poderiam ser identificados e comparados com as demais variedades Gbe [línguas africanas faladas em países como Gana, Togo e Benim, região da antiga Costa da Mina, de onde vieram grande parte dos africanos escravizados que viveram em Minas Gerais]. Sobre esse ponto, vale destacar que, no Brasil, embora haja um trabalho considerável sobre as línguas Bantu, com exceção dos estudos de Yeda Pessoa de Castro, centrados sobretudo no léxico, não há especialistas na sintaxe das línguas Gbe – o que justificou, por exemplo, o estágio no exterior [um breve estágio de doutorado-sanduíche na Universiteit van Amsterdam (com bolsa CAPES-Print)] –, de modo que a tese também pôde apresentar uma nova bibliografia sobre o tema e um conjunto de fenômenos gramaticais dignos de estudos mais aprofundados. Além disso, outra contribuição importante da investigação foi mostrar a LGM como um exemplo de que as línguas africanas foram faladas no Brasil, contrariando uma hipótese largamente defendida por vários estudiosos, segundo os quais os africanos escravizados rapidamente abandonavam seus vernáculos para utilizar o português, devido à mistura etnolinguística feita propositalmente pelos agentes coloniais. Por fim, a tese também aponta para investigações futuras que considerem o impacto das línguas Gbe na formação do PB [português brasileiro], dado que, até o momento, as pesquisas têm sido centradas no impacto apenas das línguas Bantu".
 

Benjamim Constant
Uma das teses que receberam menções honrosas se debruçou sobre o "problema do arbítrio" na obra de Benjamin Constant (25/10/1767 - 08/12/1830) – Imagem: citacoes.in


Menções Honrosas 

Ainda na grande área Linguística, Letras e Artes, outra pesquisa da FFLCH obteve uma menção honrosa com o título A escrita e os diários: a luta pelo reconhecimento da singularidade de Franz Kafka, feita por Sâmella Michelly Freitas Russo, com orientação do professor Helmut Paul Erich Galle, do Departamento de Letras Modernas, junto ao Programa de Pós-graduação em Língua e Literatura Alemã. 

Em Ciências Humanas, duas teses receberam menções honrosas. Uma delas foi a tese Benjamin Constant e o problema do arbítrio: um decisionismo moderado, de Felipe Freller e orientada pela professora Eunice Ostrensky, do Departamento de Ciência Política e pelo Programa de Pós-Graduação de mesmo nome, coorientada por Frédéric Brahami. 

Esta mesma tese tinha sido premiada na área de avaliação Ciência Política e Relações Internacionais do Prêmio Capes de Tese Edição 2021. Além disso, o trabalho tem previsão de ser publicado pela Editora Appris em novembro deste ano, com o título Quando é preciso decidir: Benjamin Constant e o problema do arbítrio, com prefácio de Pierre Manent.

A outra tese na área de Ciências Humanas foi Encontros Zo’é nas Guianas, realizada por Fábio Augusto Nogueira Ribeiro, com orientação da professora Dominique Tilkin Gallois, do Departamento de Antropologia, pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. 

Na grande área Sustentabilidade Ambiental, a tese intitulada O espaço da agricultura urbana como ativismo: alternativas e contradições em Paris e São Paulo, de autoria de Gustavo Nagib, sob orientação da professora Amalia Inés Geraiges de Lemos, do Departamento de Geografia, pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana. 

As duas últimas menções honrosas foram pela grande área Inclusão Social e Cultural. A primeira foi a tese Criação à deriva: políticas do cuidado em coletivos incomuns, de Isabela Umbuzeiro Valent e orientada por Eliane Dias Castro, realizada pelo Programa de Pós-Graduação em Estética e História da Arte, que é interunidades e formado pelo Museu de Arte Contemporânea (MAC), FFLCH, Escola de Comunicações e Artes (ECA) e Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH).

E a segunda lembrada nesta grande área foi Deficiência na cabeça: percursos entre diferença, síndrome de Down e a perspectiva antropológica, de autoria de Pedro Lopes, com orientação da professora Laura Moutinho da Silva, do Departamento de Antropologia, pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. 


Fonte: consulta ao site Dados FFLCH em 05/10/2021