Professores e pesquisadores da FFLCH são finalistas do Prêmio Jabuti 2021

12 obras de autores vinculados ou que já tiveram passagem pela Faculdade concorrem em sete categorias

Por
Eliete Viana
Data de Publicação
Editoria

*Matéria atualizada em 17/11/2021, às 16h55
 

livro De bala em prosa
A obra concorre na categoria crônica


No dia 9 de novembro, a Câmara Brasileira do Livro (CBL) divulgou os livros finalistas do 63º Prêmio Jabuti 2021. Foram selecionados os 10 finalistas das 20 categorias, que estão divididas em quatro eixos: Literatura, Não Ficção, Produção Editorial e Inovação.

Membros da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP  docentes, pesquisadores ativos e aqueles que tiveram passagem como alunos de graduação e/ou de pós-graduação ou até mesmo lecionando  concorrem ao prêmio em sete das 20 categorias: Crônica, Romance de Entretenimento; Artes; Biografia, Documentário e Reportagem; Ciências Humanas; Tradução; e Livro Brasileiro Publicado no Exterior. 

No eixo Literatura, na categoria crônica está o livro De bala em prosa: vozes da resistência ao genocídio negro (Editora Elefante) que tem vários autores, entre eles estão Paulo César Ramos, que concluiu o doutorado neste ano, e o doutorando Túlio Custódio, ambos pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da FFLCH. 

O livro reúne textos de autores e autoras negras. São pessoas diretamente impactadas pela escalada da violência fardada no país. A gota d’água que os levou a escrever foi a morte de um músico e um catador de materiais recicláveis no Rio de Janeiro em abril de 2019. 

"Um pequeno esforço de lutar, na contramão das narrativas e percepções desumanizadoras, contra o racismo e o Genocídio do povo negro. Que importante notícia! E que as mortes de Evaldo, Luciano, Agatha, João, Matheus, Kathleen, e tantas e tantas vidas não sejam esquecidas. #vidasnegrasportam e, como falamos na orelha do livro, “o Genocídio precisa acabar”!", escreveu Tulio Custódio, no seu perfil do Instagram, ao comentar a divulgação dos finalistas. 

Lançado em fevereiro de 2020, a edição física do livro está esgotada, mas ao acessar o site da Editora Elefante está disponível gratuitamente o e-book ou pdf. 

livro Senciente nível 5
O título é um dos finalistas da categoria Romance de Entretenimento 


Ainda na mesma categoria está o livro Diário do Bolso 4: 666 dias com a besta (Editora Padaria de Livros), de José Roberto Torero, que é formado em Letras pela FFLCH-USP.

A obra é um falso diário do presidente Jair Bolsonaro, o qual reúne uma seleção dos textos e tiras publicados na página do Facebook Diário do Bolso. Seu livro de estreia, O Chalaça, ganhou o prêmio Jabuti na categoria romance.

Na categoria Romance de Entretenimento, a doutoranda Ana Carolina Lazzari Chiovatto, do Programa de Estudos Linguísticos e Literários em Inglês, é finalista com o livro Senciente nível 5 (Avec Editora), que ela assina com seu nome de autora: Carol Chiovatto.

Na trama é necessário impedir a guerra. LIN, capitã da Universidade da Bílgia, precisa salvar TEO, emissário e irmão gêmeo da Soberana Rea de Lena-Hátia, capturado pela Bílgia há dois anos. Eles contam com a ajuda de NYX, a enigmática inteligência artificial que controla todos os computadores da Bílgia. Juntos, eles têm de descobrir quem quer uma guerra entre a Bílgia e Lena-Hátia. E sobreviver para contar a história.

Este é o segundo livro de Carol, que em 2019, pela mesma editora publicou Porém Bruxa.
 

livro A república das milícias
Concorrente na categoria Biografia, Documentário e Reportagem


Não Ficção

No eixo Não Ficção, na categoria Artes, está o livro Art Déco no Brasil (Editora Olhares), de autoria de Ana Paula Cavalcanti Simioni  graduada em Ciências Sociais, com mestrado e doutorado em Sociologia pela FFLCH e atualmente docente do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB)  e Luciano Migliaccio, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP também.

No livro é analisada obra a obra da coleção Fulvia e Adolpho Leirner, repassando, a partir do que sobressai em cada item, os diversos aspectos artísticos do período. Cada uma vem acompanhada também de seu percurso em exposições e publicações. Além de ser um documento sem precedentes sobre o período, o livro demonstra a relevância da atuação do casal como colecionadores e rememora a formação do mercado de artes no Brasil.

Na categoria Biografia, Documentário e Reportagem está o livro A república das milícias: Dos esquadrões da morte à era Bolsonaro (Editora Todavia), de autoria de Bruno Paes Manso, que é jornalista, economista, com mestrado e doutorado em Ciência Política do Programa de mesmo nome na FFLCH, além de ser pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP. 

Dos esquadrões da morte formados nos anos 1960 ao domínio do tráfico nos anos 1980 e 1990, dos porões da ditadura militar às máfias de caça-níquel, da ascensão do modelo de negócios miliciano ao assassinato de Marielle Franco, este livro joga luz sobre uma face sombria da experiência nacional que passou ao centro do palco com a eleição de Jair Bolsonaro à presidência em 2018.
 

livro A bailarina da morte
O título está entre os finalistas da categoria Ciências Humanas 


Ciências Humanas 

Também no eixo Não Ficção, a categoria Ciências Humanas é a que têm mais autores vinculados ou que já tiveram alguma ligação com a FFLCH.

Com o título A bailarina da morte: a gripe espanhola no Brasil (Editora Companhia das Letras), Lilia Moritz Schwarcz, professora do Departamento de Antropologia, e Heloisa Murgel Starling, professora do Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) concorrem ao prêmio. 

A obra, lançada em outubro de 2020, investiga a doença mortal que há um século assombrou a humanidade e revela trágicas semelhanças com a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). A partir de um vasto acervo de fontes e imagens da época, as autoras recriam o cotidiano da vida e da morte durante o reinado de terror da "gripe bailarina", uma das maiores pandemias da história.

Lava jato: aprendizado institucional e ação estratégica na Justiça (Editora WMF Martins Fontes), de Fabiana Alves Rodrigues, é um outro finalista nesta categoria. O livro é fruto da dissertação de mestrado em Ciência Política da autora, que atualmente é doutoranda na mesma área.

Este livro busca contribuir para o debate sobre a Operação Lava Jato através do olhar da Ciência Política para compreender como foi possível o amplo alcance de seus resultados. O argumento central é que a Lava Jato decorre da conjugação de dois fatores: de um lado, um processo incremental de aprimoramento institucional do sistema de justiça criminal, e de outro o voluntarismo e a ação estratégica dos atores envolvidos com o combate à corrupção política.

livro lava jato
Também está entre os 10 finalistas da categoria Ciências Humanas, o livro é fruto da dissertação de mestrado em Ciência Política da autora


Sobreviventes e Guerreiras (Editora Planeta do Brasil), de Mary Del Priore – historiadora, com doutorado pela FFLCH, onde também lecionou – conta uma breve história da mulher no brasil de 1500 a 2000.

Outra obra é Intolerância religiosa (Editora Pólen Livros), de Sidnei Barreto Nogueira – babalorixá, mestre e doutor em Linguística pela FFLCH-USP – apresenta um histórico da intolerância religiosa no Brasil, lembrando também de momentos importantes da história da humanidade marcados pela dominação religiosa, como o Império Romano, Idade Média e Nazismo. 

O último nesta categoria é Povo de Deus: Quem são os evangélicos e por que eles importam (Editora Geração Editorial), de Juliano Spyer – formado em História pela FFLCH-USP, com mestrado e doutorado em Antropologia pela University College London, Reino Unido. 

Neste título, o autor pretende partilhar com os leitores um fato que já é conhecido por sociólogos e antropólogos que estudam religião: entrar para a igreja evangélica melhora as condições de vida dos brasileiros mais pobres. Escrito em linguagem direta e clara, o livro dá ao leitor acesso aos principais estudos sobre o cristianismo evangélico no Brasil.

No eixo Produção Editorial, na categoria Tradução, o livro Quéreas e Calírroe (Editora 34) foi traduzido por Adriane da Silva Duarte, professora do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas. 

A história foi concebida no século I d.C. por um autor grego de quem se sabe pouquíssima coisa – Cáriton de Afrodísias – e convida seus leitores a uma verdadeira viagem, tanto literal pelo Mediterrâneo e pela Ásia Menor, quanto literária rumo às origens de um gênero destinado a longa carreira, o romance.

A docente da área de Língua e Literatura Grega escreveu outros livros e traduções, sendo os mais recentes O nascimento de Zeus e outros mitos gregos (Editora Senac) e Romance de Esopo (Editora 34), respectivamente como autora e tradutora.
 

livro Quéreas e Calírroe
A obra compete na categoria Tradução 

 

No eixo Inovação, na categoria Livro Brasileiro Publicado no Exterior, o professor Luis Antonio Bittar Venturi, do Departamento de Geografia, é um dos 10 finalistas com o livro Água no Oriente Médio: o fluxo da paz (Editora Sarandi e Cambridge Scholars Publishing).

O título é f​​​​ruto de pesquisa na Síria e em outros países do Oriente Médio, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A publicação apresenta os resultados da cooperação entre os Departamentos de Geografia da FFLCH-USP, a Universidade de Damasco, Síria, e a Universidade de Cambridge, Reino Unido. Estas cooperações deram-se na forma de pós-doutoramento, quando Venturi utilizou a Bolsa de Pesquisa no Exterior da Fapesp.

“O livro questiona a ideia fatalista e de que a água vai acabar e o mundo vai guerrear por ela, mostrando que tal perspectiva malthusiana não se sustenta nem conceitualmente, nem empiricamente”, comentou o autor e professor Venturi em entrevista em abril de 2020 sobre a publicação.
 

livro Water’s Flow of Peace
Capa da publicação do livro em inglês Water’s Flow of Peace


Prêmio Jabuti  

Neste ano, o prêmio recebeu 3,4 mil inscrições, 31% a mais do que no ano passado. 

No próximo dia 16 serão revelados os cinco finalistas e então no dia 25 acontece a cerimônia virtual de premiação, com transmissão pelo canal da Câmara Brasileira do Livro no YouTube.

Os primeiros colocados em cada categoria receberão o troféu Jabuti e R$ 5 mil. Neste dia também será revelado o vencedor do Livro do Ano, que ganha R$ 100 mil. Este prêmio maior é dado à obra com a maior nota atribuída pelo júri entre os vencedores das categorias dos eixos Literatura e Não Ficção. Se houver empate, este prêmio é dividido.



*A matéria foi atualizada para incluir três autores vinculados à FFLCH que também são finalistas: Na categoria Romance de EntretenimentoTradução e Livro Brasileiro Publicado no ExteriorAgora, ao todo, são 12 obras de autores vinculados ou que já tiveram passagem pela Faculdade em sete categorias.