Ex-diretora da FFLCH e atual vice-reitora da USP, professora é homenageada com o prêmio Florestan Fernandes no 22º Congresso Brasileiro de Sociologia

No dia 15 de julho, a Biblioteca Florestan Fernandes da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP deu início a uma exposição em homenagem à professora Maria Arminda do Nascimento Arruda, reconhecida no 22º Congresso Brasileiro de Sociologia, com o prêmio Florestan Fernandes. A exposição explora a trajetória da socióloga, sua produção acadêmica e sua contribuição para a sociologia brasileira. A exposição vai até 30 de julho e é aberta ao público.
Reunindo livros, estudos orientados e obras dialogadas, a exposição busca tornar visível o percurso de uma intelectual que deu novo fôlego à tradição crítica e ampliou as fronteiras do pensamento sociológico brasileiro. Os livros que integram a exposição estão disponíveis para consulta no expositor destinado à produção docente, no térreo da biblioteca. A mostra inclui também uma seleção de vídeos com entrevistas e depoimentos concedidos ao longo de sua trajetória acadêmica, ampliando o acesso à sua produção intelectual por meio de múltiplas linguagens. A seleção apresenta uma amostra representativa da produção de Maria Arminda, com intuito de oferecer ao público um panorama de suas contribuições para a área.

A Vice-reitora diz que se sente honrada em ser reconhecida no meio sociológico pelo prêmio Florestan Fernandes, “Esse prêmio que me foi concedido pela Sociedade Brasileira de Sociologia é uma honraria muito especial, porque é a minha área considerando que sou digna de receber um prêmio como esse, que tem como título um dos maiores sociólogos do mundo, que foi Florestan Fernandes.” Afirma a pesquisadora.
Além disso, Maria Arminda cita a importância do reconhecimento de sua identidade e deseja que a exposição sobre sua trajetória inspire o aumento de mulheres nas áreas de Ciências Sociais: “Eu sou uma socióloga, isso eu faço questão de marcar, sou uma mulher socióloga. Então isso revela que a minha identidade como mulher socióloga está sendo reconhecida (...) Eu batalho pela equidade, não igualdade, mas por condições iguais porque somos diversos”
O 22º Congresso Brasileiro de Sociologia, realizado pela Sociedade Brasileira de Sociologia, procura explorar questões políticas, sociais, econômicas, culturais, ambientais e tecnológicas contemporâneas por meio de diálogos interdisciplinares através de conferências, simpósios, mesas-redondas, reuniões de comitês de pesquisa e grupos de trabalho. O evento reconheceu a socióloga por um prêmio concedido pela Boletim Vida Pública e Social (BVPS), que foi idealizado para reconhecer pessoas com destacada atuação na sociologia brasileira.

Maria Arminda do Nascimento Arruda é graduada em Ciências Sociais pela FFLCH, é mestre, doutora e livre-docente em Sociologia também pela FFLCH. É pesquisadora e membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp). Foi pesquisadora sênior do Instituto de Estudos Sociais e Políticos de São Paulo, no período de 2016 a 2020, foi diretora da FFLCH, e coordenadora do Escritório USP Mulheres, atualmente é vice-reitora da Universidade de São Paulo (2022-2026) e é membro de Conselhos Editoriais de periódicos e assessora de agências de pesquisas nacionais e internacionais.
Durante sua formação acadêmica, a pesquisadora encontrou dificuldades para se situar na área de ciências sociais e ao mesmo tempo lidar com as mudanças impostas pelo regime militar. Nesse contexto Maria Arminda, assim como outros sociólogos da época foram influenciados por uma sociologia da comunicação, inspirada na escola de Frankfurt. Essa teoria acadêmica permeou toda sua trajetória nas ciências sociais e sua produção acadêmica, em 1978 sua tese de mestrado apresentou uma análise crítica do papel da cultura na sociologia, na sua tese de doutorado, apresentada em 1987, Maria Arminda dissertou sobre a importância da história, memória, literatura e discursos políticos na composição da chamada “mitologia da mineiridade”.
Sendo uma figura muito reconhecida na sociologia brasileira, foi agraciada com diversos prêmios acadêmicos como o prêmio Anpocs de Excelência Acadêmica Antônio Flávio Pierucci em Sociologia, Prêmio Amigo do Livro do Núcleo de Estudos do Livro e da Edição, Medalha Cultural Imperatriz Leopoldina do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, além de uma menção honrosa no prêmio Jabuti na categoria Ensaios com o livro Metrópole e Cultura – São Paulo no Meio Século XX. A Vice-reitora da Universidade também publicou quatro livros sobre as pesquisas que fez durante sua carreira, eles são: A Embalagem do Sistema – A Publicidade no Capitalismo Brasileiro (1985), Mitologia da Mineiridade (1990), Metrópole e Cultura – São Paulo no Meio Século XX (2001), Florestan Fernandes, Mestre da Sociologia Moderna (2003).
Além disso, também se consolidou no meio como uma das mais assíduas intérpretes da obra de Florestan Fernandes. Sua área de estudo compreende pesquisas nos campos de sociologia da cultura, da literatura e das artes, sociologia da comunicação de massas, história social dos intelectuais, e teoria sociológica.