Seminário on-line debate os impactos da Covid-19 na cultura e nas artes

O evento é co-organizado pelo SESC, Unesco e Núcleo de Sociologia da Cultura da USP, ligado à FFLCH. As discussões serão transmitidas pelo canal da Faculdade no Youtube

Por
Eliete Viana
Data de Publicação
Editoria


Começa nesta quarta-feira, dia 16, às 17h, e vai até a sexta-feira, dia 18, o seminário Cultura e Impactos da Covid-19. O evento on-line é co-organizado pelo SESC, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e o Núcleo de Sociologia da Cultura da USP, vinculado à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). 

O seminário, que será transmitido ao vivo pelo canal da FFLCH no YouTube, tem como objetivo contribuir com o debate sobre os efeitos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) junto aos diferentes segmentos da cultura e das artes no Brasil, que tem muita importância para as humanidades. 

Para isto, partirá da apresentação e discussão dos resultados da pesquisa Percepção dos impactos da Covid-19 nos setores cultural e criativo do Brasil, da qual a FFLCH-USP é apoiadora, seguida de um debate ampliado sobre a situação dos diferentes circuitos artístico-culturais no período anterior à pandemia e durante o isolamento social adotado em março de 2020.

Essa pesquisa resulta de um esforço comum entre pesquisadores, sociedade civil, iniciativa privada e poder público. ​​​​​​​O levantamento foi realizado entre 10 de junho e 30 de setembro deste ano, em 472 municípios, e contou com a participação de 2.667 respondentes.​​​​​​​


​​​​​​​"A pesquisa que coordenei junto com outros dois pesquisadores, Pedro Affonso Ivo Franco e André Lira, e que reuniu parceiros como o Sesc (Departamento Nacional), o Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura, a Representação da Unesco no Brasil e a direção da FFLCH-USP, buscou dimensionar de forma objetiva se durante a pandemia os trabalhadores e as organizações culturais perceberam aumento ou redução nas suas receitas, na contratação de serviços de terceiros, na compra dos insumos que utilizam nas suas atividades e na quantidade de funcionários. Os resultados, como previsto, revelaram que quase a metade dos participantes (48%) perdeu a totalidade da receita entre os meses de maio a julho. Reduções semelhantes foram observadas nos outros fatores observados. Para o segundo semestre deste ano e início de 2021, a perspectiva da maioria dos participantes também é negativa. 30% acreditam que sofrerão redução de 100% nas suas receitas", explica o pesquisador Rodrigo Correa do Amaral.

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​​​​​​​Na tese de doutorado Sob o jugo da musa: profissionalização e distinção entre os produtores e gestores culturais no Brasilque Amaral defendeu em 2019, pelo programa de Pós-Graduação em Sociologia da FFLCH, ele já tinha identificado características dos trabalhadores do setor da cultura e das artes, assim como levantar quantos são. 

"Não raro, são mestres e doutores com títulos obtidos em universidades públicas que vão trabalhar em ONGs culturais, órgãos da administração pública, em produtoras culturais, ou empreendem projetos pessoais nessa área. Segundo o Sistema de Informações e Indicadores Culturais do IBGE, em 2018 eram 5,1 milhões de trabalhadores no meio cultural. Portanto, o isolamento social adotado em março deste ano impactou diretamente as oportunidades de trabalho, ou de empreendimento, de milhares desses agentes", pontua Amaral. 

Ao tentar dimensionar os efeitos da pandemia, um dos assuntos que não será deixado de lado é a questão das políticas públicas de financiamento, que de acordo com os profissionais e os estudiosos da área precisa ser repensada, como a Lei de Emergência Cultural Lei Aldir Blanc Lei nº 14.017/2020 - em homenagem ao compositor que faleceu em maio deste ano por causa da Covid-19. Esta Lei pode servir como uma solução de socorro neste momento e também um ponto de partida para ser criado um sistema federativo de repasse de recursos da União para estados e municípios, como ocorre na área da saúde.

"Desde os anos 1980 discute-se isso no Brasil, mas como a partilha de responsabilidades entre o que compete ao governo federal, aos estados e aos municípios não é tão fácil de definir na cultura, como já é pactuado na educação, na saúde, na segurança pública e em outras áreas sociais, opta-se por concentrar o recurso no governo central, que não aplica. Então, a Lei Aldir Blanc serve como um experimento importante do que pode vir a ser um futuro Sistema Único da Cultura e das Artes", reflete Amaral. ​​​ 

​​​​​​​Confira, abaixo, a programação e os convidados de cada mesa do seminário Cultura e Impactos da Covid-19, que será transmitido ao vivo pelo canal da FFLCH no YouTube.​​​​​​​​​​​​​

programação seminário​​​​​​​​​​​​​​