Renascer do idioma hebraico é tema dos Cadernos de Língua e Literatura Hebraica

Edição homenageia os 120 anos da morte de Elizer ben Yehuda, que buscou devolver o idioma hebraico à condição de língua contemporânea

Por
Nilda Pais
Data de Publicação
Editoria

Acaba de ser lançada a nova edição 21 da revista Cadernos de Língua e Literatura Hebraica, disponível no link: https://www.revistas.usp.br/cllh.

No dia 16 de dezembro de 1922 morria em Jerusalém o polêmico linguísta e jornalista Eliezer ben Yehuda, nascido no Império Russo em 1858, como Yitzhak Perlman. Ele dedicou a vida ao seu objetivo mais alto: devolver o idioma hebraico à condição de língua contemporânea, isto é, escrita e falada após quase dois mil anos de quase silêncio.

Nesta edição, organizada em homenagem aos 120 anos da morte de Elizer ben Yehuda, estudiosos, professores, estudantes e interessados em geral encontrarão um pungente esboço biográfico de Ben Yehuda escrito por seu filho Itamar ben Avi (Ben-Zion Ben-Yehuda) e traduzido pelo professor Gabriel Steinberg. Entre seus oponentes, quanto aos seus objetivos, estava o grande poeta hebraico Chaim Nachman Bialik, que escreveu um ensaio no qual confronta o projeto de Ben Yehuda. Essa polêmica é revisitada por Shmuel Avineri, numa reflexão traduzida do hebraico pela professora Nancy Rozenchan.

Como dizer telefone, avião, cinema, táxi e rádio no hebraico do início do século XX? Sobre a ferramenta fundamental para que o idioma dos profetas passasse a circular nas ruas da Terra de Israel, contamos com uma pesquisa de Guilherme Aragão Cardoso, da graduação. Na parte da contribuição dos escritores e das escritoras que se destacaram pelo pioneirismo, apresentamos Micha Berdichevski, um dos principais ficcionistas hebraicos da passagem do século XIX para o XX, com o conto "A vaca vermelha", traduzido do hebraico por Moacir Amâncio, e as narrativas de três ficcionistas: Nechama Pochachevsky, Chava Shapiro e Elisheva, nome literário de Ielizabeta Ivanovna Zhirkova-Bychowski. Elisheva, russa cristã, aprendeu o ídiche e o hebraico no país natal, onde estreou na poesia e na prosa ídiche e hebraica, antes de se transferir para a Palestina. Os três contos foram traduzidos por Flávia Fridman, ex-aluna de literatura e língua hebraica da USP, radicada em Israel.

Da língua midráschica é publicada a tradução de Ele Ezkera, por Marcus Hubner. O professor Reginaldo Gomes de Araújo contribuiu com um estudo sobre fonologia contrastiva entre o hebraico e o português, de interesse para estudantes e estudiosos desse idioma, que hoje é a expressão de escritores traduzidos e estudados nas mais diversas línguas do planeta.

A revista

A revista Cadernos de Língua e Literatura Hebraica, destinada à comunidade científica, tem como objetivo incluir todos os elementos que constituem o vasto arco dos estudos acadêmicos judaicos e hebraicos, desde a sua origem, que passa pela Antiguidade no Oriente Médio, até às mais recônditas diásporas judaicas do mundo contemporâneo. São contempladas as áreas de estudos literários e lingüísticos, história, filosofia, sociologia, antropologia, estudos religiosos, estudos do antissemitismo e crítica de arte. Os artigos são submetidos à avaliação de pareceristas nomeados ad hoc, normalmente membros da Comissão Científica da revista. São aceitos para consideração artigos originais e também resenhas de livros que digam respeito ao escopo da revista.

Os avaliadores que fazem parte da comissão científica da revista são membros da comunidade acadêmica brasileira e internacional, e todas as especialidades dos estudos judaicos são contempladas por esta comissão. Normalmente os textos apresentados para publicação são submetidos à avaliação por dois pareceristas. Os critérios usados para a avaliação são, primeiramente, a originalidade e o valor científico do artigo em questão e, em segundo lugar, sua relevância para o avanço científico na área à qual se referem. O tempo padrão para a conclusão de uma avaliação é de 60 dias, e os princípios para o recrutamento de avaliadores são a sua reputação e as contribuições por eles oferecidas na área em apreço.

A revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento.

Com informações do Centro de Estudos Judaicos